Será que são casados ou não? indagava uma senhora a respeito de um casal das redondezas. Não havia sentido de crítica nessa pergunta. A mulher queria apenas saber como dirigir-se à outra. Seria Sra.? ou Srta.? ou qual seria o nome? Desejava mostrar-se amiga, mas não tinha certeza de qual seria a maneira correta de dirigir-lhe a palavra.
Um incidente de somenos importância, talvez. Indica, porém, a necessidade que se tem na atualidade de uma sociedade mais estável, mais íntegra, em que se possa viver feliz e em segurança, livre da confusão da assim chamada “nova moralidade” que, nas décadas mais recentes, passou a aprovar uniões que não estão legalizadas.
Há quem argumente que o status moral e o estilo de vida pessoal não são da conta de ninguém mais além da própria pessoa e dos que neles estão imediatamente envolvidos. Ora, a moral do indivíduo e seu estilo de vida indicam até certo ponto a força de seu caráter e quanto pode ser digno de confiança. Quer saiba, quer não, o indivíduo será assim julgado. Quem deixa de assumir compromissos guiado pela instabilidade moral e a inconstância que o leva a se envolver em relacionamentos temporários, em geral não atrai o mesmo respeito e a confiança que alguém que expresse maior grau de qualidades morais derivadas de Deus, o criador divino de todo ser real.
Além disso, a fraqueza no manter os compromissos assumidos e a falta de fidelidade entre as pessoas debilitam a sociedade como um todo. Há muito a ser dito em favor da prática da monogamia e de uma vida em família estreitamente ligada sob as antigas leis de conduta moral ditada pelos Dez Mandamentos. A experiência demonstra que essas ajudam indubitavelmente a promover o bem-estar de toda a raça, bem como o do indivíduo.
A “velha moralidade”, como algumas pessoas hoje se referem ao código judeu-cristão de responsabilidade fraternal — como se estivesse superado e tivesse perdido o valor — surgiu da necessidade. Tem suas raízes nos Mandamentos dados a Moisés. Ao deixarem o Egito, os israelitas necessitavam seriamente de disciplina espiritual. Entre eles o moral e a fidelidade eram igualmente instáveis e estavam ameaçados de cair presa fácil dos elementos estranhos que os cercavam. Moisés, porém, que os havia tirado da escravidão por escutar continuamente a Deus, a Mente divina, foi guiado a registrar os Dez Mandamentos, com sua aplicação da lei divina à conduta pessoal. Se essas normas fossem obedecidas, prometeu ele mais tarde, conduziriam toda essa nação a um modo de viver mais estável e, como conseqüência, a ser grande força nacional. E foi o que aconteceu.
E ainda hoje ajudam a toda a humanidade, desde que sejam praticadas.
Essa “velha moralidade” com sua atitude categórica contra o assassinato, o roubo, o falso testemunho, a cobiça da propriedade alheia e o adultério, pode parecer autoritária. Ampliada em seu sentido espiritual por Cristo Jesus séculos mais tarde, a “velha moralidade” faz às pessoas exigências ainda mais estritas do que a “nova”, que é mais permissiva, embora com o correr do tempo esta seja mais perigosa. A antiga moralidade é, porém, infinitamente mais eficaz em estabelecer uma sociedade estável e forte. A seriedade do compromisso assumido pelo voto de fidelidade “até que a morte nos separe” requer ponderação antes de se fazer a promessa, e responsabilidade e firmeza após se tê-la feito. O caráter é fortalecido no cumprimento dessas exigências. A nação que como um todo adotar tal modo de viver pode esperar tornar-se um corpo de pessoas ponderadas, responsáveis e firmes, capazes de exercer forte influência para o bem no mundo.
Um meio de contribuir para o estabelecimento de um mundo de paz e estabilidade é edificar nossa própria vida sobre o fundamento da obediência a todos os Mandamentos, inclusive o sétimo e o décimo — honrando a Deus, o divino Princípio, e sendo fiel ao voto matrimonial, eliminando do pensamento o adultério e a cobiça.
Cristo Jesus apoiou a instituição do casamento em sua época, embora tenha dito: “Na ressurreição nem casam nem se dão em casamento; são, porém, como os anjos no céu.” Mateus 22:30. Ele libertou a mulher que fora condenada por adultério, mas disse-lhe que abandonasse o pecado. No Sermão do Monte deixou claro que não pretendia negar o valor dos Mandamentos dados por Moisés, mas que tencionava cumpri-los na sua finalidade mais elevada — cumprindo todos eles, e não um mais do que o outro.
“O mandamento: ‘Não adulterarás’, não é menos imperativo que este: ‘Não matarás’ ”, escreve a Sra. Eddy. E acrescenta: “A castidade é o cimento da civilização e do progresso. Sem ela não há estabilidade na sociedade humana, e sem ela não se pode alcançar a Ciência da Vida.”Ciência e Saúde, pp. 56–57.
A antiga moralidade não se acha morta; está bem viva. O cristianismo lhe dá apoio, e ela não pode ser posta de lado, mas precisa ser no final obedecida por todos. O universo e o homem são a criação espiritual de Deus e estão governados por Sua eterna lei de harmonia. Essa lei inviolável sustenta a identidade de todas as idéias individuais de Deus e assegura-lhes os benefícios de Sua lei de amor.
Cristo Jesus disse: “Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim para cumprir.” Mateus 5:17. Só na medida em que seguimos o seu exemplo e cumprimos as exigências da lei de Deus, como estão delineadas nos Dez Mandamentos, é que podemos colaborar também para o estabelecimento de um mundo estável e conseguir para nós mesmos a duradoura paz e harmonia da Vida divina.
