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Que é a Bíblia?

6a. parte: Jonas, o profeta relutante

Da edição de abril de 1982 dO Arauto da Ciência Cristã


Os israelitas nem sempre aceitaram a mensagem que os profetas tinham para eles. Muitas vezes resistiam teimosamente ao chamado para que mudassem seu modo de viver. Por vezes os próprios profetas se recusavam a ouvir o chamado de Deus. Há vários casos na Bíblia em que pessoas tentaram evitar a missão de proclamar a mensagem divina.

Moisés, por exemplo, disse a Deus: “Ah! Senhor! eu nunca fui eloqüente, nem outrora, nem depois que falaste a teu servo; pois sou pesado de boca e pesado de língua.” Êxodo 4:10.

Jeremias não se sentia capaz de desincumbir-se do encargo que lhe foi dado. Quando lhe veio o chamado de proclamar a palavra de Deus, Jeremias implorou, dizendo: “Ah! Senhor Deus! Eis que não sei falar; porque não passo de uma criança.” Jeremias 1:6.

Esses profetas, no entanto, foram animados quando passaram a usar o sentido espiritual. Então começaram a ver que por seu próprio poder nada podiam fazer. Deus estava Se expressando por intermédio deles, e essa compreensão lhes deu a capacidade, o ânimo e a paz.

Moisés e Jeremias acharam que não tinham capacidade suficiente para serem mensageiros de Deus, mas houve um profeta — Jonas — que se recusou, por algum tempo, a fazer a vontade de Deus porque não concordava com a mensagem divina.

Jonas era natural do Reino do Norte, o Reino de Israel. Embora não se saiba muito a respeito de sua vida, ou exatamente quando esteve ativo como profeta, sabe-se que nos últimos anos lhe foi atribuída uma missão na grande cidade de Nínive. Assim o profeta se tornou o personagem principal da obra literária que recebeu o seu nome, o livro de Jonas. Embora esse livro fale de suas experiências de uma maneira real, não é provável que a narrativa conte uma história verdadeira. Trata-se mais de uma alegoria, ou parábola, escrita para ensinar uma lição ao povo de Judá, uma lição de compaixão e humildade.

Quando a história foi escrita, Judá estava passando por uma época difícil. Algumas pessoas pregavam o nacionalismo e a intolerância religiosa, e isso deu início à separação entre os judeus e os povos não-judeus, seus vizinhos.

O livro de Jonas tenta mostrar quão errada essa atitude é. Tenta mostrar que os não-judeus são tão dignos de respeito, amor e consideração como os próprios judeus. O autor do livro de Malaquias havia proclamado quase na mesma época: “Não temos nós todos o mesmo Pai? Não nos criou o mesmo Deus?” Malaq. 2:10.

De acordo com a narrativa, Jonas foi enviado por Deus à cidade de Nínive para conclamar o povo ao arrependimento. O profeta, porém, não estava disposto a ir. Temia que, por fim, Deus não iria destruir os odiados gentios, os quais se arrependeriam e assim seriam salvos. [Ver (1) na seção Leitura adicional no final deste artigo.]

Ao invés de ir para Nínive, Jonas foi para Jopa e embarcou num navio rumo a Társis, região que ficava exatamente na direção oposta. Jonas queria escapar de Deus. Não tinha intenção de prestar-Lhe ouvidos. Pouco entendia ele o que o Salmista havia captado: “Para onde me ausentarei do teu Espírito? para onde fugirei da tua face?” Salmos 139:7. Jonas não podia escapar de Deus. Seria sempre confrontado com os pensamentos de Deus. E esses haveriam de lembrá-lo continuamente de que não podia fugir para sempre ao seu dever.

Enquanto Jonas estava no navio, levantou-se uma tempestade que ameaçava destruir o barco. Enquanto os marinheiros oravam aos seus deuses, Jonas foi para o seu beliche e dormiu. Nessa altura o autor do livro indica a primeira diferença entre Jonas e os marinheiros, que eram pagãos, ou gentios. Jonas não se importava com a tempestade e seus perigos, mas os pagãos oravam aos seus deuses. Não resta dúvida de que temiam por sua própria vida, mas presume-se que também se preocupassem com a vida das demais pessoas a bordo. Quando o capitão descobriu que Jonas estava dormindo, surpreendeu-se. Ordenou a Jonas que orasse ao seu Deus.

Então os marinheiros “diziam uns aos outros: Vinde, e lancemos sortes, para que saibamos por causa de quem nos sobreveio este mal. E lançaram sortes, e a sorte caiu sobre Jonas” Jonas 1:7.. O profeta então lhes disse quem era e a quem adorava: ao Senhor, o Criador do mar e da terra. Disse aos marinheiros que deviam jogá-lo ao mar pois a tempestade se levantara porque ele, Jonas, havia tentado escapar ao seu dever. Mas os marinheiros, homens pagãos, não queriam sacrificá-lo, pois respeitavam a vida de uma pessoa. Jonas, por outro lado, não se havia preocupado com todos os habitantes de Nínive. Não se dispusera a levar-lhes a mensagem divina, que os haveria de salvar.

Por fim os marinheiros lançaram Jonas ao mar porque a tempestade não amainava. Mas um grande peixe o enguliu, e ele passou três dias e três noites no ventre do peixe antes de ser vomitado em terra seca. Enquanto estava dentro do peixe, Jonas ofereceu uma oração de ações de graça. Louvou a Deus por livramento. Não resta dúvida que isso o ajudou a livrar-se do desânimo, da dúvida e do desespero.

Quando Jonas saiu do peixe e se encontrou em terra firme outra vez, Deus o mandou segunda vez ir a Nínive. Desta vez Jonas obedeceu. Chegando à grande cidade, disse aos moradores dela que mudassem sua maneira de viver. Obedeceram prontamente e se volveram para Deus. A Bíblia diz: “Os ninivitas creram em deus; e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor.” 3:5. Como resultado, a cidade foi salva.

A mensagem que o escritor deseja transmitir aos judeus é: Entre vós houve grandes profetas como Amós, Isaías e Jeremias, e não obedecestes às mensagens deles. Mas esses pagãos de Nínive obedeceram imediatamente à mensagem de Jonas. Provaram que obediência a Deus é a porta da felicidade, da saúde e da vida.

Continua a história bíblica, dizendo-nos que Jonas ficou furioso com a salvação de Nínive. Não queria que os pagãos fossem perdoados. Desde começo ele temera que Deus, em Sua graça, misericórdia e gentileza, os pouparia. Jonas sabia que o amor de Deus se estende a todos, quer pagão quer judeu, homem ou mulher, pobre ou rico.

Jonas queria morrer em vez de ver os pagãos receberem o favor divino. Deixou a cidade e sentou-se raivosamente sob algo que o abrigasse. Deus fez uma planta crescer, que deu a Jonas proteção contra o calor do sol. Mas no dia seguinte a planta havia murchado. Como a planta não mais o protegesse do sol, Jonas quase sucumbiu ao calor e queria morrer. Nesse momento Deus falou a Jonas. Mostrou a este que Jonas se entristecera com a morte da planta, para cujo crescimento em nada contribuíra. Não devia Deus, portanto, ter pena daquela cidade em que havia milhares de pessoas indefesas?

Aqui termina a história. As lições de Jonas aplicam-se a todas as épocas e a todos os tempos. O livro dirige-se ao pensador exclusivista — à pessoa que pensa que só ela é filha de Deus. Jonas teve de aprender, como nós também, que todos somos filhos de Deus e que Deus cuida de todos nós. O profeta Oséias descreveu em termos profundos, embora simples, o que Deus sente por nós: “Não executarei o furor da minha ira; não tornarei para destruir a Efraim, porque eu sou Deus e não homem, o Santo no meio de ti.” Oséias 11:9.

Essa mensagem destina-se aos que opõem resistência à fraternidade humana. Mostra que todos somes irmãos e irmãs, quer sejamos pretos ou brancos, amarelos ou vermelhos. O Salmista expressou essa verdade escrevendo: “Celebrai com júbilo ao Senhor, todas as terras.... Sabei que o Senhor é Deus: foi ele quem nos fez e dele somos; somos o seu povo, e rebanho do seu pastoreio.” Salmos 100:1, 3.

Pensemos em nosso vizinho e amigo — pensemos em todos — não importando sua origem ou raça, como em membros da mesma família, a família dos filhos e filhas de Deus.

O livro de Jonas também visa ao isolacionista, à pessoa que quer viver só para si mesma, despreocupada com os outros. Respeitamos a individualidade de cada um, mas não somos indiferentes para com o nosso próximo. Mostramos interesse por ele e lhe fazemos o bem sempre que surge ocasião.

O livro de Jonas descreve Deus como amável e gracioso. Deus cuida de toda a Sua criação e não tem favoritos. A narrativa apresenta-nos uma visão de Deus muito similar à que se encontra no Novo Testamento — não um Deus que deve ser temido, mas um Deus que deve ser amado e honrado por todos.

[No próximo mês: 7a. parte: O Cristo]

Leitura adicional

(1) Jonas 1-4.

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