A Bíblia provê no caráter do jovem profeta Jeremias um esplêndido exemplo de como o testemunho impelido por Deus, dado com o desejo de ajudar o próximo, proteje o testificador e contribui para o seu crescimento espiritual. Deus disse a Jeremias que profetizasse para o seu povo, mas ele resistiu. Jeremias estava com medo. Não obstante, persistia a necessidade de dar testemunho da presença e da realidade de Deus.
Nesse ponto, Jeremias aprendeu quão palpavelmente Deus estava com ele, inspirando e guiando este aspecto vital da vida do profeta: dar testemunho das verdades espirituais salvadoras. Lemos: “Estendeu o Senhor a mão, tocou-me na boca, e me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras.” Jeremias 1:9. Eram palavras de Deus, não de Jeremias. Assim ficou definida a responsabilidade pela mensagem.
Jeremias discerniu, então, os resultados práticos da presença eterna e da onipotência de Deus. Tornou-se consciente de que à medida que com compreensão testemunhasse para seu povo acerca de Deus, sua própria capacidade de demonstrar a realidade do poder e da existência de Deus seria liberada. Jeremias estaria fora do alcance do assalto material ou mental; sua integridade não poderia ser penetrada nem aniquilada pelo mal. Nas palavras da promessa do Senhor: “Eis que hoje te ponho por cidade fortificada, por coluna de ferro, e por muros de bronze, contra todo o país. ... Pelejarão contra ti, mas não prevalecerão; porque eu sou contigo, diz o Senhor, para te livrar.” Vv. 18, 19.
Assim armado, Jeremias começou sua poderosa carreira de testemunho profético para o seu povo diante de amarga oposição. Mas a oposição não pôs um termo a sua carreira. Pelo contrário, suas palavras e ações — então, e através dos séculos — têm abençoado incontáveis multidões. E Jeremias cresceu, tornando-se uma influência capital em Jerusalém durante quarenta anos, numa época de grande importância política e religiosa. Foi figura significativa. Seu crescimento espiritual progrediu muito, graças a sua obediência ativa a Deus como porta-voz da verdade.
Deus pode tocar todas as bocas; mas precisamos desejar que o faça, orar para isso e agir com fé. Além disso, todos somos realmente “cidades fortificadas”, idéias protegidas de Deus. Esses fatos podem ser demonstrados de muitas maneiras, e especialmente quando consciente e humildemente damos testemunho da infinita perfeição de Deus. O mundo precisa de tal testemunho.
Fazer um relato de cura pela Ciência Cristã é um evento profundo. Não é um exercício em oratória pública, nem uma espécie de “pós-escrito” verbal de uma experiência prévia. Visto corretamente, um testemunho glorifica Deus em benefício da humanidade. Reconhecer e aceitar isso é promover o crescimento espiritual — e abençoar os outros.
Nosso motivo em dar testemunho é de fundamental importância. Precisamos de um desejo sincero de partilhar com os outros uma ilustração da ação de Deus, a Verdade, na vida humana. A Verdade nos ajudou e esperamos que alguém mais possa se beneficiar, também. Esse anseio por ajudar os outros é essencial para o crescimento espiritual, conforme a Sra. Eddy indica quando escreve: “Não se interessar pelo bem-estar dos outros é contrário à lei de Deus, e, portanto, diminui nossa aptidão de fazer o bem, de beneficiar a nós e à humanidade.” Retrospecção e Introspecção, p. 72.
Mesmo aqueles que se sentem sem ânimo para falar em público podem ajudar os outros ao relatarem seus testemunhos. Deus nunca nos deixa em apuros, pois está presente não apenas quando a cura ocorre, mas sempre — inclusive quando sentimos o amoroso desejo de dar testemunho. Em realidade, esse desejo provém de Deus e pode ser realizado. A verdade do ser que prevalece aqui, agora, é que o homem espiritual é o único homem, o rebento ou efeito do Princípio divino, Deus. Como idéia espiritual, o homem expressa a atividade da Mente. Cristo Jesus enriquece nossa compreensão dessa verdade acerca do homem quando diz: “O Filho nada pode fazer de si mesmo, senão somente aquilo que vir fazer o Pai; porque tudo o que este fizer, o Filho também semelhantemente o faz.” João 5:19.
Quando, motivada pelo que é sanador, uma pessoa se levanta para testificar numa reunião de testemunhos de quarta-feira, a ação da Mente infinita vem à luz naquele exato lugar. A pessoa que está fazendo o relato pode saber que, como imagem de Deus, ela é a expressão individualizada da Mente. Está manifestando gratidão por realidades espirituais, uma criação perfeita sem desvios. A congregação — e precisamos compreendê-lo — também reflete, em verdade, a ação da Mente divina. As pessoas não estão lá para impressionarem-se com um orador, mas para aprender o que Deus está expressando de Si mesmo. Todos os presentes a uma reunião de testemunhos da Ciência Cristã compreendem que as verdades com as quais se regozijam estão dentro da Mente como conhecimento da própria perfeição infinita dessa Mente. Esta compreensão une a congregação a Deus.
A Sra. Eddy descreve Deus como que a dizer: “Morando na luz, posso ver apenas o esplendor de Minha própria glória.” Unity of Good, p. 18. Se mantemos uma perspectiva espiritual enquanto damos ou ouvimos um testemunho, estamos de fato vindo a expressar o esplendor da glória de Deus.
Como pode uma variada gama de falsas concepções ter vida e expressão onde vemos que Deus é Tudo? Sugestões de incapacidade, medo ou esquecimento serão destruídas. E assim, também, serão eliminadas as sugestões de que os outros possam ter ressentimentos, sentir ciúmes, ou estarem cépticos sobre nosso testemunho. Para a congregação também haverá cura — clarificação da visão espiritual, úteis perspectivas da realidade e o desaparecimento de problemas físicos mediante os fatos espirituais.
A humanidade, que enfrenta hoje ataques agressivos contra a espiritualidade, está desenvolvendo uma fome cada vez maior desse conforto espiritual científico. A Sra. Eddy diz: “O Cientista Cristão alistou-se para minorar o mal, a moléstia e a morte; e os vencerá por compreender que nada são, e que Deus, o bem, é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 450.
Um testemunho de cura pela Ciência Cristã oferece a valiosa oportunidade de ajudar àqueles que procuram o que a Ciência Cristã oferece. Teremos que desprezar esse chamado? Sigamos adiante e para cima, amorosamente, para ajudar os outros, confiantes de que, tal como Jeremias, seremos inspirados, sustentados e protegidos por Deus.
