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Cristianismo heróico

Da edição de dezembro de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


Diz-se que não há heróis de verdade, no mundo de hoje. E que, por haver tão poucos exemplos contemporâneos de grande coragem, as pessoas têm pouca inspiração para realizações nobres. A apatia coletiva e, até mesmo, a perda da integridade individual estão, às vezes, ligadas à crença de que o heroísmo está escasso.

No entanto, parte do problema pode, na verdade, estar no fato de que procuramos heróis de modo errado e não que não haja homens e mulheres de coragem notável. Parece que as pessoas, com freqüência, esperam que um super-homem fictício venha resgatá-las, talvez contando com a força bruta ou com o prestígio e a influência humanos. Porém mais à mão pode, de fato, já haver exemplos extraordinários de serena dignidade ou de vitórias destacadas sobre árduos conflitos.

Por exemplo, o homem que perdeu o emprego, mas que continua a fazer todo o possível para conseguir trabalho, ostenta um heroísmo especial para a família que ele ama. Assim também, mostra-o a mulher corajosa que está sozinha, talvez abandonada, cujos filhos dependem de seus cuidados mais do que nunca. E uma pessoa idosa pode estar enfrentando seus últimos anos sozinha, sendo considerada de pouco valor ou potencial de acordo com os padrões da sociedade. Quando, porém, tal pessoa segue adiante apesar de tudo, para provar seu valor intato por meio de serviços à família, aos vizinhos e à comunidade, sua vida se torna um modelo de coragem substancial. Heroísmo também pode ser encontrado no exemplo de uma pessoa que tenha enfrentado grave moléstia, mas que, por meio da oração, recusou-se a ceder às suas pretensões. Talvez tenha lutado perseverantemente com a verdade espiritual, expressando especial paz e alegria em meio ao desafio até que a cura finalmente aconteceu.

Todos esses são heróis de vários tipos. E vivem em nossas comunidades, em nossa vizinhança, até mesmo em nosso próprio lar. De fato, coragem verdadeira é algo que todos podemos possuir, pois dá testemunho da certeza perfeita e da integridade espiritual que o homem reflete como semelhança de Deus. E, ao invés de ansiarmos por um herói pessoal que nos liberte, podemos volver-nos a Deus, a Mente divina, a fim de encontrar o sustento, a inspiração e a força inexaurível pelos quais almejamos.

A humanidade precisa aprender qual é a base e a substância reais da coragem e começar a demonstrá-la cientificamente. Podemos volvernos à Bíblia para encontrar maravilhosos exemplos de heroísmo impelido por Deus: os antigos profetas, patriarcas e líderes, como Abraão, Moisés, Elias, Davi; as notáveis mulheres como a sunamita e Rute no Antigo Testamento e Maria Madalena no Novo. Mais importante ainda: descobrimos a coragem máxima do Salvador, Cristo Jesus, que não apenas enfrentou a morte por crucificação, mas também a superou; e, após sua ascensão, vemos a força de caráter manifestada pelos discípulos de Jesus que, em muitos casos, foram martirizados por recusarem-se, valentemente, a transigir em suas convicções religiosas.

Como Guia, Jesus suportou tudo o que tinha de suportar para revelar os meios divinos de salvação à humanidade. E obteve vitórias. O apelo máximo de Jesus a seus seguidores, para que expressassem coragem perseverante, foi atendido primeiro em sua própria experiência. Declarara: “Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” João 15:13.

A exigência de hoje é de renovado heroísmo cristão. De certa maneira, a sociedade moderna está colhendo o fruto amargo de uma era em que o anti-herói parecia reinar: em que a ambivalência moral, escarnecendo da lei, e até mesmo a criminalidade ocuparam o primeiro plano. Ora, a sociedade precisa de heróis e não apenas por suas façanhas, mas pelo encorajamento e força moral que trazem à vida humana. Temos de demonstrar essa coragem inerente ao esforço de seguir os mandamentos de Cristo Jesus: amar a Deus supremamente, amar uns aos outros de forma incondicional, servir a Deus e ao próximo, perdoar e abençoar os inimigos, pregar o reino de Deus, curar pela oração.

De todos os personagens do Novo Testamento, excetuando-se o próprio Mestre, provavelmente ninguém teve um impacto maior sobre a história do mundo cristão do que o teve S. Paulo. O ministério de Paulo, um dos mais ardorosos seguidores de Jesus, provê uma ilustração esclarecedora do cristianismo heróico. Paulo foi preso, apedrejado, açoitado, sofreu críticas e repreensões públicas, arriscou a vida para difundir o cristianismo. Pregou a Palavra de Deus; curou outros; ressuscitou mortos.

Paulo estava disposto a dar tudo para levar os ensinamentos de nosso Mestre à humanidade. Em conformidade com os preceitos divinos apresentados por Jesus, Paulo comprometeu-se a fazer a vontade do Pai em vez de a sua própria. Toda vez que alinhamos nossos próprios interesses e desejos pessoais com o propósito de Deus para o homem, também nós começamos a personificar o heroísmo cristão de amor altruísta e humildade autêntica.

Ao fazê-lo, reconhecemos o relacionamento científico e correto existente entre o homem e Deus e concordamos em realizar Sua obra, independentemente do custo ou sacrifício. A lei do Amor divino, porém, provê a força necessária para se fazer a vontade de Deus, e essa lei também promete uma bênção. O Salmista declara: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; de quem terei medo? O Senhor é a fortaleza da minha vida; a quem temerei? ... Espera pelo Senhor, tem bom ânimo, e fortifique-se o teu coração.” Salmos 27:1, 14. E no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve: “ ‘Desenvolvei a vossa salvação’, é o mandado da Vida e do Amor, pois para esse fim Deus opera convosco. ‘Negociai até que eu volte!’ Esperai a vossa recompensa e ‘não vos canseis de fazer o bem’. Se vossos esforços estão cercados por obstáculos terríveis e não recebeis recompensa imediata, não volteis ao erro, nem vos torneis retardatários na corrida.

“Quando a fumaça da batalha se tiver dissipado, discernireis o bem que tiverdes feito, e recebereis segundo o vosso merecimento.” Ciência e Saúde, p. 22. A Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã falou de cadeira.

Obtemos muita inspiração através dos exemplos dos grandes homens e mulheres da Bíblia e de seus seguidores e podemos começar a demonstrar um pouco da mesma coragem vital em nossa própria vida. Todos temos a capacidade, conferida por Deus, de dominar os temores, o pecado, a dor, a carência — cada uma das mentiras de limitação que a mentalidade material parece promover. Nosso objetivo em tais esforços deve incluir a disposição de sermos regenerados e o desejo sincero de abençoar outros. Uma declaração da Sra. Eddy aos primeiros conferencistas da Ciência Cristã diz em parte: “Vós não estais aqui para auto-engrandecimento; estais aqui com o propósito de apreender e definir o demonstrável, o eterno. Heróis e profetas espirituais são aqueles cujo direito inato, novo e velho, é pôr um fim às falsidades de maneira sábia e proclamar a Verdade de forma tão cativante que um afeto honesto e fervoroso pela raça se torne adequado para a emancipação da raça.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 248.

A Ciência Cristã ensina-nos a dominar o erro, o pecado e a doença, com o poder liberador da Verdade divina. Aprendemos que Deus é Tudo-em-tudo, que Sua criação é perfeita e boa e que o mal não tem substância, poder ou lugar reais. Mas temos de comprová-lo. E verdadeiramente não há heroísmo maior e mais significativo que o do trabalho altruísta da demonstração cristã e científica — curando a doença, subjugando o pecado, emancipando a raça.

É claro que nenhum de nós precisará fazer de novo o trabalho de S. Paulo. Cada um tem suas próprias tarefas e deveres, seu próprio campo de luta e de responsabilidades orientado por Deus. E em nossa experiência individual, o trabalho de redenção e de cura espiritual sempre é nobre. Como o teólogo do século XIX, Phillips Brooks, escreveu: “Grandeza, afinal, apesar do nome, parece não ser tanto uma questão de determinado tamanho, mas de uma certa qualidade na vida humana. Pode estar presente em vidas muito restritas.” “Purpose and Use of Comfort”, Sermons (Nova Iorque: E.P. Dutton and Company, 1878), p. 14.

Não temos de nos sentir restringidos ou confinados, qualquer que seja nossa posição social. Não importa onde estejamos, há abundantes oportunidades de expressarmos humildade, amor altruísta, honestidade, fidelidade, uma compreensão científica do poder do Amor divino. Esses são elementos essenciais do cristianismo heróico. Cada um de nós pode ser valente trabalhador para o Cristo, a Verdade, curando a doença e o pecado — e o mundo terá os heróis de que precisa.

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