“Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” Atos 3:6.
Essa ordem foi dada a um homem coxo de nascença, que nunca havia andado e que era colocado à porta do templo para pedir esmolas aos que entravam. No entanto, o homem foi completamente curado quando Pedro pronunciou tais palavras. Não houve necessidade de um período de convalescença, nem de tonificação dos músculos ou de terapia física. “Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” E o homem andou.
Ora, esse não foi um caso isolado. Nos primeiros séculos, após a ascensão de nosso Senhor e Mestre, os cristãos curavam doenças e problemas exclusivamente por meios espirituais. O que Jesus lhes havia transmitido por preceito e exemplo estava tão vivo, era tão vibrante, que os tornava capazes de curar em seu nome.
Sem dúvida, nisso havia mais do que repetir uma ladainha, uma mera fórmula, mais do que fazer algum tipo de mágica que realizasse misticamente o trabalho.
O nome de Cristo Jesus representa sua natureza divina, sua identidade imaculada. “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” João 1:14.
Adular a personalidade não é a resposta. Houve muitos que se juntaram às multidões que seguiam o Mestre e o lisonjeavam clamando: “Senhor, Senhor.” Mas onde ficaram esses falsos amigos durante o sofrimento no Getsêmani ou a provação do Calvário?
O Mestre nunca perdeu de vista o fato de que o poder de seu ministério era Deus. A perspectiva do Salvador não era egocêntrica, mas concentrada em Deus. Curar em seu nome é, então, cada qual esforçar-se incessantemente por adotar essa atitude em sua própria experiência; é elevar constantemente seu conceito acerca de Deus, do homem e do Cristo. “Quando levantardes o Filho do homem,” Jesus ensinou, “então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou.” João 8:28.
Mas, como é que se levanta o Filho do homem? Jesus indicou a solução ao referir-se a si mesmo como o “Filho de Deus” e o “Filho do homem”.
Filho de Deus
Deus é, neste momento e para sempre, Espírito infinito e irrestrito. O que se origina do Espírito nunca está sujeito às pretensões e imposições da matéria. O Filho de Deus, do Espírito, não pode incluir nada dessemelhante de seu Criador. Deus expressa eternamente Sua totalidade e bondade por meio do homem. Esse expressar nunca falha nem termina. Elimina até mesmo a mais leve sugestão de pecado, doença ou incapacidade.
Num momento de grande provação, o Mestre valeu-se de seus recursos como Filho de Deus, ao orar: “E agora, glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo.” João 17:5.
A glória eterna, o homem ideal, a expressão ativa da natureza e do ser de Deus, não é isto o Cristo? O Cristo tem se revelado ao pensamento receptivo em todas as épocas. Guiou e alimentou os filhos de Israel em seus quarenta anos de peregrinação no deserto (Ver 1 Cor. 10:1–4), e pode e vai ajudar-nos, hoje.
Em conformidade com o ensinamento bíblico, o livro-texto da Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss), Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras de autoria de Mary Baker Eddy, que descobriu e fundou a Ciência Cristã, dá a seguinte definição: “Cristo. A divina manifestação de Deus, que vem à carne para destruir o erro encarnado.” Ciência e Saúde, p. 583.
O Mestre cristão corporificou de tal modo o Cristo que sua vida demonstrou irrefutavelmente constituir o Cristo a verdadeira identidade e o ser real do homem. Ora, ficarmos satisfeitos em meramente admirar a demonstração de filiação divina, feita por Jesus, não é suficiente. Ele ensinou seus seguidores a orar: “Pai nosso. ...” E, ao atingir seu triunfo final, falou em subir “para meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso Deus” João 20:17..
Ao reconhecer e valorizar o poder divino do Mestre, encontramos nosso caminho rumo a um amor e apreço sempre crescentes por aquilo que ele fez por nós. Negligenciar ou ser menos do que calorosamente reverentes com relação a Jesus é, de fato, negar o Cristo, que constituía sua identidade espiritual.
Filho do homem
A consciência de sua filiação com Deus nunca tornou o Mestre insensível aos desafios que afrontavam os que o cercavam. Embora Deus, o Espírito, fosse o único Pai de Jesus, ele teve mãe humana. Esse elo com a humanidade capacitou-o a perceber que a natureza espiritual da individualidade e do poder atendia à necessidade humana, não importando qual esta fosse. A bondade de Deus, que tudo inclui, governava literalmente a vida do Mestre.
Como Deus é o Verdade infinita, a fonte da realidade, da integridade, da justiça, Deus é o fundamento da honestidade, da segurança, do afeto. Compreender que Deus é o Amor que se expressa a si mesmo, dá-nos novo sentido de propósito.
Compreendendo tais verdades, resplandecemos com o calor de sentir-nos acalentados, necessários e queridos. Uma das grandes dádivas de Jesus à humanidade foi sua percepção de que a realidade divina sempre governa o humano, não o contrário. O Mestre falava com autoridade às pretensões do mal, porque não apenas percebia a onipotência de Deus, mas também sentia e vivia essa onipotência, individualizada em sua própria vida. Esperava que seus seguidores fizessem a mesma coisa. Curar em nome de Cristo não é suplicar a Deus que torne o homem espiritual e perfeito. É crescer na compreensão da coincidência vital e já existente do divino com o humano.
Às vezes, nossos melhores esforços parecem bloqueados por uma postura mental imprópria. Suplicar que Deus nos ajude e deter-nos nos sintomas de sofrimento, talvez indiquem a crença de que nossa humanidade pode erguer-se na ponta dos pés, numa tentativa de abraçar a divindade. Tal tentativa, porém, não tem êxito. Nem pode ter êxito. O livro-texto determina a ordem correta: “João viu na coincidência do humano com o divino, mostrada no homem Jesus, a divindade abraçando a humanidade na Vida e sua demonstração — tornando perceptível e compreensível aos homens a Vida que Deus.” Ciência e Saúde, p. 561.
Obtermos melhor compreensão dessa coincidência ao colocá-la em prática em nossa própria vida, não é exaltar a nossa pessoa, não é usurpar a missão única e maravilhosa de Jesus Cristo. Pelo contrário, tal prática obedece a seus mandamentos. Ficar indefeso frente à investida do sensualismo e da materialidade, tornando-se vítima das sugestões de doença ou sentindo-se incapaz de vencer o pecado, não será isso a exteriorização de um falso sentido do eu, do eu mortal que Jesus venceu?
Quando as multidões começaram a cercar Pedro e João, admirando-se deles pelo que havia sucedido ao homem coxo, os apóstolos imediatamente volveram a atenção das pessoas para os preceitos e realizações de seu querido Mestre. Disseram: “Pela fé em o nome de Jesus, esse mesmo nome fortaleceu a este homem que agora vedes e reconheceis; sim, a fé que vem por meio de Jesus, deu a este saúde perfeita na presença de todos vós.” Atos 3:16.
A fé que é dom de Deus provê o elo entre a aceitação dos ensinamentos do cristianismo e a compreensão e demonstração desses ensinamentos. Deus, o Princípio divino, nunca duvida de Seu próprio controle, autoridade e causalidade. A Mente divina está sempre certa de sua inteligência ilimitada, de sua percepção do bem. A Alma infinita está sempre segura de sua consciência de beleza, pureza, expressividade. O homem reflete a certeza da Mente divina e isso se vê, à medida que o compreendemos, em uma fé destemida nos fatos espirituais do ser. Por meio desta fé, começamos a entender melhor os termos “Filho de Deus” e “Filho do homem”, desfrutamos de cura perfeita em nossa própria vida e ajudamos a outros, de modo inteligente. Isso é curar em nome de Cristo.
