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A questão do sofrimento

Da edição de março de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


De há muito o sofrimento humano vem aturdindo a humanidade. Por que sofrem as pessoas? Com que finalidade? Pode o sofrimento ser superado?

A teologia da Ciênica Cristã desafia os conceitos tradicionais, religiosos e filosóficos, sobre o sofrimento. Claro está que a Ciência Cristã não prega reverência à dor e ao sofrimento. Também não considera o sofrimento como o supremo resultado da fé religiosa e de sua prática, mas cura o sofrimento. E essa cura é libertação.

Ainda assim, os ensinamentos morais da Ciência Cristã mostram que em nosso mundo o sofrimento e a discórdia podem resultar de falharmos em compreender não só o verdadeiro relacionamento entre o homem e Deus mas também a obediência à lei divina que nosso Pai exige de nós. A Sra. Eddy escreveu extensamente sobre esse assunto. Em Ciência e Saúde há mais de cento e cinqüenta referências à palavra “sofrimento” e seus derivados. Tema central em muitas dessas referências é o conceito de que o pecado resulta inevitavelmente em sofrimento. Ao escrever sobre o progresso espiritual e a necessidade imperativa de que a humanidade cresça para fora das limitações e fraquezas do modo de pensar material, a Sra. Eddy afirma: “De algum modo, mais cedo ou mais tarde, todos terão de elevar-se acima da materialidade, e o sofrimento é com freqüência o agente divino nessa elevação.” Ciência e Saúde, p. 444.

Embora nem sempre possa fazer-se distinção clara, poderíamos dizer que geralmente há três tipos de sofrimento, quer este se faça sentir de forma física que mental. Há a discórdia que resulta de se ignorar a infinita bondade de Deus, das crenças gerais dos mortais acerca de doenças e do medo à enfermidade ou a ferimentos, e assim por diante. Podemos encontrar a cura por meio da oração na medida em que passamos a compreender a natureza espiritual da realidade e percebemos que crenças mortais não têm autoridade real para controlar o homem ou para ditar os termos de sua experiência. Deus, o Amor divino, governa toda atividade; e a influência desse Amor, quando compreendido e sentido, anula os efeitos do medo e da ignorância.

Outro tipo de sofrimento é o que ocorre quando o mal resiste à sua própria destruição. Cristo Jesus e os primeiros mártires cristãos estavam bem cientes desse tipo de sofrimento. Quando o mal tenta matar o Cristo, a Verdade, aquele que está do lado da Verdade talvez se defronte com os esforços agressivos da serpente, que procura fazer cair o emissário do Cristo. A Sra. Eddy descobriu-o em sua própria vivência quando se empenhava em tornar conhecido da humanidade o precioso Consolador divino. Escreve: “Desde o começo até o fim, a serpente persegue com ódio a idéia espiritual.” Ibid., p. 564.

As vitórias alcançadas por Cristo Jesus e seus discípulos no decurso da história provam que, em última análise, o mal é destituído de poder — carece de substância ou de alicerce que sustente suas pretensões. O dever de todo Cientista Cristão está em demonstrar a onipotência de Deus e a impotência do mal. Não precisamos temer a luta que eleva a humanidade.

Terceiro tipo de sofrimento é o causado por determinado pecado — pensamento, ou ato, iníquo que separaria o homem de Deus porque faria o homem contrariar a vontade de Deus. É inevitável que à qualquer violação ou negação consciente do propósito divino siga-se o sofrimento. Esse tipo de sofrimento expõe claramente como o pecado se pune tanto pelo que pretende ser como pelo que tenta fazer. Mas a Ciência Cristã também nos desperta para a misericórdia sempre disponível de Deus e para a grande alegria e liberdade que sobrevêm quando, aos poucos, vencemos o pecado a cada passo do caminho. E, quando se vence o pecado, a bênção que se segue inclui todos os aspectos de nossa vida. Sentimos, então, a paz insuperável de conhecer intimamente que o Cristo, a Verdade, é o nosso Salvador.

É natural que a humanidade anseie por livrar-se do sofrimento. No entanto, algumas pessoas desejam exigir uma isenção de todo o sofrimento sem o correspondente desejo de desarraigar todo o pecado, de apagar todo e qualquer vestígio de quanto for, em pensamento ou ação, dessemelhante de Deus e de Sua bondade absoluta. Há, às vezes, a tendência de se indignar com o pensamento de sofrimento, ao passo que se negligencia o fato de haver real necessidade de cuidadoso autoexame. E, outras vezes, em vez de considerar que o sofrimento é imerecido, poderíamos voltar-nos humildemente a Deus e indagar o que é que necessitamos aprender.

O caminho, então, para afastar o sofrimento que nos impomos com o pecado é o de cessar de pecar. Isso inclui destruir o pensamento pecaminoso, o desejo de pecar, a crença em que há prazer ou benefício no pecado, e toda crença numa predisposição de pecar. Em alguns casos, o esforço para cessar a ação pecaminosa é apenas o passo inicial, embora seja este absolutamente necessário em nossa batalha para ganhar a vitória sobre o mal e a materialidade. Algumas pessoas verificam que após esse primeiro passo, na proporção em que chegam a um grau de arrependimento sincero, a luta se intensifica antes que o mal venha a ceder inteiramente à Verdade. Contudo, Deus, o Princípio divino, revela sempre ao coração o que esta necessita para se sentir satisfeito e em paz.

Nosso anseio por deixar de pecar deveria ter mais substância que a do mero desejo de fugir à punição. Queremos eliminar o pecado porque amamos a Deus, porque a humanidade necessita desesperadamente de uma espiritualidade mais elevada, e porque a bondade natural do homem, como expressão de Deus, está sempre desejosa de continuar luzindo. O motivo e a disposição humilde de fazer o bem e de ser bom são invariavelmente recompensados no terno cuidado do Cristo que cura, eleva e purifica.

O ministério de Jesus — desde a primeira cura que fez até à sua crucificação, ressurreição e ascensão — tinha por objetivo mostrar à humanidade o caminho que conduz para fora da escuridão mental da mortalidade e da materialidade, do pecado e do sofrimento. De fato, Jesus submeteu-se de boa vontade ao sofrimento na cruz, não pelo seu próprio pecado, mas para mostrar o oneroso preço dos pecados do mundo e, após, reivindicar a grande vitória e bênção que nos aguardam quando as crenças de vida na matéria são, por fim, destruídas pela atividade do Cristo, a manifestar o amor de Deus. A ressurreição e a ascensão de Jesus mostraram a mentira de qualquer suposição farisaica de que Deus ordena o sofrimento. Deus não criou o sofrimento nem a aflição, e Ele não se serve deles contra o homem para apaziguar a Si Próprio. O reino de Deus está incontaminado por qualquer tipo de mal.

Com a promessa de um novo céu e de uma nova terra no livro do Apocalipse, lemos: “E [Deus] lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram.” Apoc. 21:4.

Continua, porém, recaindo diretamente sobre cada um de nós a exigência de tomar a cruz e demonstrar diariamente essa renovação da Vida em palavra, em pensamento e em ação. Os cristãos primitivos não ignoravam o sofrimento. Sua fidelidade a Deus e à grande missão salvadora de Seu Cristo dava-lhes a força e a capacidade para enfrentar cada desafio e para se elevar mais alto. Os efeitos e a inspiração de seus triunfos individuais ainda se fazem sentir séculos mais tarde. Quais poderão ser os efeitos de longo alcance de nossas próprias vitórias atuais?!

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