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O pastor e as ovelhas

Da edição de março de 1983 dO Arauto da Ciência Cristã


Você preferiria ser pastor a ser ovelha?

A Bíblia dá a entender que somos ovelhas. Nosso sentido espiritual (se a ele atentamos cuidadosamente) diz-nos que somos ovelhas — que somos amados, guiados, alimentados e protegidos por Deus, o Ser Supremo. Confiando nEle, vemos que nossos problemas se desfazem e nos encontramos “em pastos verdejantes” Salmos 23:2.. O sentido material, no entanto, diz-nos que é muito mais glamouroso ser pastor. As ovelhas se limitam a vagar ao longo dos caminhos e pelas pastagens que foram escolhidas para elas, atravessando porteiras que tiveram de lhes ser abertas, passando perigos que elas sequer viram. Os pastores precisam conhecer o território, manter as ovelhas em movimento de acordo com o horário, e expulsar predadores. Obviamente, o papel do pastor é de maior responsabilidade e traz maior satisfação.

Mas a escolha do papel de Pastor não é nossa; ele pertence unicamente a Deus e ao Seu Cristo. O sentido material procura nos convencer de que podemos ser nosso próprio pastor, mas será que realmente não está dizendo: “Deixe que eu seja o seu pastor, e eu lhe guiarei”? Seguindo o sentido material, tornamo-nos como que ovelha desgarrada.

Quando diante de um problema difícil — problema que parece impedir em nós e em outros a harmonia, o suprimento, o progresso, a saúde ou a segurança — será que nos deixamos levar pela tentação de ser nosso próprio pastor? Se nos sentimos compelidos a rebuscar em meio às limitações que nos afrontam — avaliando mentalidades humanas, finalidades e mal-entendidos, que moldam o problema — a fim de chegar à solução, e se então oramos a Deus por ajuda para a consecução da solução, estamos consentindo que o sentido material nos incite a usurpar o papel de Pastor. Por favor, não o deixe agir assim. O sentido material é um “mercenário”, como Cristo Jesus disse, que “vê vir o lobo, abandona as ovelhas e foge; então o lobo as arrebata e dispersa” João 10:12..

O único meio de resolver um problema, seja qual for a sua magnitude, acha-se em afastarmo-nos dos quadros projetados pelo sentido material e elevar — exalçar na consciência — as qualidades derivadas de Deus: obediência, inocência, fé, pureza. Isto significa aprender a conhecer — e a elas corresponder — as leis espirituais de Deus, as leis divinas pelas quais Deus nos guia e nos cura: a Ciência do cristianismo. A remoção, mediante a cura, dos erros limitadores percebidos pelo sentido material resulta da ação pastoral de Sua lei e é um dos meios pelos quais despertamos para a verdadeira natureza do homem na semelhança de Deus. Sem cura, a regeneração e a salvação seriam impossíveis.

As “soluções” aventadas pelo sentido material são meros remanejos das limitações que ele mesmo vê, isto é, não são soluções. Em vez de trazerem cura, essas diretrizes do sentido material servem para reforçar a ilusão da realidade do erro e para fazer-nos continuar perdidos em meio a sua floresta. As soluções que resultam de um apelo à lei espiritual, por outro lado, desfazem o erro, tiram-nos para fora de sua ramalhada de limitações e revelam uma feição mais exata da bondade infinita de Deus. “A Ciência Cristã”, escreve a Sra. Eddy, “explica que toda causa e todo efeito são mentais, não físicos. Levanta o véu do mistério que envolve a Alma e o corpo. Mostra a relação científica do homem para com Deus, deslinda as ambigüidades entrelaçadas do ser, e liberta o pensamento aprisionado.” Ciência e Saúde, p. 114.

Se, em verdadeira obediência, coadunarmos nossa vida com a do modelo, Cristo, exemplificado por Jesus, e elevarmos o coração na expectativa da mensagem curativa do Cristo, nós a receberemos e seremos curados — progrediremos espiritualmente. A mensagem irá pôr abaixo e destroçará as limitações que parecem se interpor ao nosso progresso rumo ao Espírito. Nossa verdadeira identidade à semelhança do Cristo virá a aparecer em foco mais correto.

No entanto, se formos ovelhas desgarradas, ignorantes das leis espirituais ou a elas desobedientes, e respondermos à sugestão enganosa de que podemos ser o nosso próprio pastor, haveremos de sofrer. O advento do Cristo na consciência humana — o impacto da Verdade que repele o que de pretensões a realidade pode ter o erro — talvez não se pareça com uma mensagem do Amor divino. Por quê? Porque o sentido material procuraria nos manter presos — por vezes quase implacavelmente — àquilo que está sendo destruído. Se a materialidade nos parece mais real do que a espiritualidade, os suportes materiais em que erroneamente aprendemos a nos apoiar para usufruir de paz, segurança, saúde, prazer, podem, a qualquer momento, ruir debaixo de nós, e nos sentiremos dispersos e desolados.

Quando, porém, a natureza ilusória daquilo que parece tão real e impressionante ao sentido material tornar-se aparente, e chamarmos pelo verdadeiro Pastor, verificaremos que o Amor divino, com sua mensagem cristã, estará nos conduzindo ternamente à vereda certa. “Na desolação da compreensão humana”, diz a Sra. Eddy, “o Amor divino ouve o pedido humano de ajuda e o atende; e a voz da Verdade enuncia as verdades divinas do ser que aos mortais salvam das profundezas da ignorância e do vício.” Miscellaneous Writings, p. 81.

Como foi que Moisés encarou “as ambigüidades entrelaçadas do ser” junto ao Vermelho? Será que ele, tal como o pastor, tomou a questão em suas próprias mãos, procurando por possíveis meios de fuga? Será que ele tentou aprontar seus próprios recursos, a fim de preparar uma defesa? Será que ele formou um conceito mental do que era necessário e procurou a ajuda divina para realizá-lo? Não. Moisés elevou seu humilde coração ao Eu Sou e disse à multidão aterrorizada: “Não temais: aquietai-vos e vede o livramento do Senhor que hoje vos fará.” Êxodo 14: 13. Então, a mensagem do Cristo, falando a linguagem do poder infinito, enunciando “as verdades divinas do ser”, abriu um caminho que nenhum ser humano teria podido imaginar. Será que seu problema é maior que o de Moisés? Será que você pode se dar ao luxo de desperdiçar o tempo imaginando qual seria a solução?

O bem, a própria substância de Deus, é infinito e está sempre presente: é todo o poder, todo o conhecimento, toda a ação, toda a realidade. O sentido material é um sonho de que Deus, o bem, não seja infinito nem esteja eternamente presente. Por sua própria natureza, sua própria cegueira à realidade, o sentido material carece de poder, conhecimento, ação e substância que ele não pode reconhecer. Intocado pelos sonhos instáveis e faltos de poder do sentido material, o homem espiritual que Deus criou é para sempre harmonioso, completo, satisfeito — está para sempre em casa, nas pastagens. O Pastor, mediante Seu Cristo, penetra nos sonhos do sentido material e nos desperta para a conscientização progressiva de nossa verdadeira identidade. “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais”, escreve a Sra. Eddy. “Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.” Ciência e Saúde, pp. 476–477.

O modo de ver correto, que nos advém de Deus em Sua mensagem-Cristo, é sempre a ação curativa de que necessitamos para nós mesmos ou para outros, neste momento. Quando não ficamos com medo e permanecemos serenos (tal qual Moisés), esse ponto de vista mais elevado desfaz o sentido material, destrói os obstáculos, abre as porteiras e conduz às pastagens. Torna progressivamente mais radical o nosso conceito da existência e nos alça acima dos limites estreitos sugeridos pelo sentido material, conduzindo-nos no rumo da salvação.

Não há nada de insosso em ser ovelha!

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