O pedido parecia bastante simples. O homem pedia que o deixassem morrer, pois estava profundamente deprimido. E quem podia censurá-lo? Parecia não haver esperança alguma de que sobrevivesse.
Um número cada vez maior de pessoas, hoje em dia, está outra vez fazendo a velha pergunta: Será o suicídio ou a eutanásia — no fundo, será a morte em qualquer situação — alternativa legítima para o que alguns consideram como problemas insolúveis da existência mortal? De fato, as pessoas se perguntam, em certas circunstâncias, se a morte poderia ser considerada como amiga. Evidentemente, o homem acima descrito fora tentado a pensar assim, ao menos por um instante.
Seu nome era Elias. Ameaçado de morte “amanhã a estas horas”, deve ele ter-se sentido como a pessoa que, hoje em dia, ouve um diagnóstico médico definir certa doença como incurável. A Bíblia nos relata a fuga de Elias diante da ameaça de Jezabel, de destruí-lo: “Ele mesmo, porém, se foi ao deserto, caminho de um dia, e veio e se assentou debaixo de um zimbro; e pediu para si a morte, e disse: Basta; toma agora, ó Senhor, a minha alma, pois não sou melhor do que meus pais.” 1 Reis 19:2–4.
Podemos ser gratos por haver Elias procurado Deus e não o conselho humano. É claro que seu pedido não foi atendido. Elias viveu. E continuou a dar provas inspiradoras de que Deus era seu amigo e que a morte não era sua amiga. Por volver-se a Deus, elevou-se acima do desespero e conscientizou-se da presença de Deus. Por fim, obteve visão tão clara da unidade existente entre o homem e Deus que superou completamente o sentido mortal da existência, sem ter de passar pela morte. Que distância espiritual percorreu ele desde aquele dia no qual, em desespero, parecia-lhe ser a morte a única resposta! Elias dá à humanidade uma das primeiras lições bíblicas de que Deus não apenas sustenta a vida do homem, mas que Deus é a Vida do homem. A Vida é sempre nossa amiga. O oposto da Vida, declara o Apóstolo Paulo, é um inimigo. (Ver 1 Cor. 15:26.)
Parece mesmo que, de várias maneiras, a mente mortal continua insistindo na validade, na utilidade e nas vantagens da morte. A Sra. Eddy desmascara e rejeita um ponto da teologia errônea que tende a animar esse erro: “A crença incutida pelo ensino de estar a Alma no corpo, faz com que os mortais considerem a morte uma amiga, um meio de passar da mortalidade para a imortalidade e para a felicidade. A Bíblia chama a morte de inimiga, e Jesus venceu a morte e a sepultura, em vez de ceder a elas. Ele era ‘o caminho’. Para ele, portanto, a morte não era o limiar que lhe era preciso atravessar para entrar na glória viva.” Ciência e Saúde, p. 39.
A Ciência Cristã revela qual é o verdadeiro limiar pelo qual todos temos de passar. Ajuda-nos a ver a contradição que há na crença de que a vida seja encontrada na morte. Encontra-se a vida em Deus. A morte é apenas outra faceta da crença de haver vida na matéria. Aqui ou além (para a maioria das pessoas, aqui e além) cada um de nós tem de descobrir que o ser real é preservado pelo Espírito e não pode verdadeiramente ser mantido por órgãos ou pelos aparelhos e drogas da tecnologia médica. Nem por aspecto algum da matéria.
Esta descoberta, este nosso despertar espiritual para o fato de que só Deus nos sustenta, é o fundamento verídico para a cura dos males mentais e físicos que alegam estar aniquilando o homem. E, na medida em que aumentar nossa compreensão da natureza imortal de Deus, perceberemos que o homem, também, é imortal.
A morte é, às vezes, representada como atraente, até mesmo como glamourosa. Diversos livros que relatam experiências descritas como “perto da morte”, muitas vezes enfatizam que aqueles que viajaram até as fronteiras da existência material presente, tiveram uma sensação de amor, luz e alegria. Mas, crer que desse inimigo provenha algo de bom, é um engano. O bem vem de se vislumbrar e demonstrar mais da Vida ilimitada. “Se a morte restitui ao homem a vista, o ouvido e a força,” escreve a Sra. Eddy, “então a morte não é um inimigo, mas um amigo melhor do que a Vida. Ai da crença cega, que faz a harmonia depender da morte e da matéria e, não obstante, supõe que a Mente seja incapaz de produzir a harmonia!” Ibid., p. 486.
Ainda que não encaremos a morte como o portal do céu, certamente nunca nos será preciso temer esse inimigo. Nosso crescente amor a Deus como Vida fortalece nossa capacidade de mentalmente recusar alguma vez curvar-nos perante a mortalidade. E continuamos nosso crescimento espiritual até mesmo para além do acontecimento a que os que continuam aqui chamam de morte. Continuamos a descobrir que o ser do homem expressa ininterruptamente a Vida divina, até que esse fato eterno venha a ser plenamente demonstrado.
O que quer que, na existência material, pretenda tentar-nos a ver na morte uma amiga, será vencido pela nossa crescente proximidade a Deus. Não é natural procurar a ajuda de um inimigo. Por meio de Seu Cristo, Deus nos dá apenas aquilo que participa de Sua própria natureza. Cristo Jesus, o grande demonstrador da Vida imortal, deixou esta tranqüilizadora descrição do propósito do Cristo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.” João 10:10.
Que promessa alentadora! O Cristo ainda vem a nós, afastando-nos das crenças de vida na matéria e atraindo-nos à compreensão de que, por ser o homem idéia espiritual de Deus, a Vida do homem nunca lhe pode ser tirada.
À medida que o Cristo, a idéia verdadeira de Deus, desponta progressivamente em nossa consciência, vemos com mais clareza que não há alternativa viável à Vida onipresente, infinita.