Ao visitarmos, certo dia, uma reserva de animais na África do Sul, ali chegamos no momento em que iriam alimentar sete guepardos, animal também conhecido como leopardo caçador, recentemente capturados. O guarda do parque trancou-se, desarmado, no cercado dos guepardos. Imediatamente eles pularam para fora dos arbustos e investiram contra ele, rosnando e mostrando os dentes. O guarda permaneceu parado e encarou firmemente cada um dos animais. À medida que se aproximavam dele, paravam, ainda rosnando, e retrocediam. Quando cessaram de rosnar, ele lhes deu de comer.
O controle do guarda sobre aqueles animais ficou demonstrado em sua destemida capacidade de contê-los com um olhar e de manter firme sua posição. Enquanto admirava essa atuação, lembrei-me do relato da Sra. Eddy no livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde: “Ao olhar destemidamente um tigre nos olhos, Sir Charles Napier fê-lo retroceder amedrontado para a selva.” Mais adiante, no mesmo parágrafo, afirma: “O olhar de um homem, cravado sem medo num animal feroz, muitas vezes faz com que o animal recue aterrorizado. Essa última ocorrência representa o poder da Verdade sobre o erro — o poder da inteligência exercido sobre as crenças mortais, para destruí-las....” Ciência e Saúde, p. 378.
Isso ilustra a oportunidade que temos, através da Ciência Cristã, de exercer o poder da Verdade para vencer erros e crenças mortais que queiram nos atacar. Ainda que fiquemos face a face com esses erros, sob qualquer forma que assumam, podemos guardar firme nossa posição na verdade. Com a Ciência Cristã estamos equipados para encarar os erros, penetrá-los com o olhar e ver o que realmente são: meros conceitos materiais falsos. O livro Ciência e Saúde afirma: “O único fato concernente a qualquer conceito material é que ele não é nem científico nem eterno, mas está sujeito à mudança e à dissolução.” Ibid., p. 297.
Não precisamos nos tornar presas do erro que surge na forma de medo, pecado, doença, tempo, ou o que quer que esta falsa crença pretenda ser. Podemos guardar firme e corajosamente nossa posição naquilo que é, espiritual e cientificamente, verdadeiro. Paulo escreveu aos romanos: “Em todas estas cousas, porém, somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou.” Romanos 8:37. Deus não precisa ser lembrado de que nos ame; Deus é Amor. Por ser Deus o Amor, e sermos nós, em verdade, Seu reflexo espiritual, podemos vencer o medo, o ódio, o pecado e a moléstia. Contudo, é importante que mantenhamos nossa posição. Precisamos reivindicar persistentemente a verdade de que o amor de Deus destrói a crença de haver vida na matéria, reivindicar que Seu amor expulsa todos os males.
Acaso não é o medo uma das maiores e mais sutis falsidades que temos de enfrentar hoje em dia? Às vezes, até parece dominar-nos. A Sra. Eddy escreve: “A Ciência diz ao medo: ‘És a causa de toda doença; porém, és uma falsidade constituída por si mesma — és escuridão, o nada. Estás sem ‘esperança, e sem Deus no mundo’. Não existes, e não tens direito de existir, porque ‘o perfeito Amor lança fora o medo’.” Retrospecção e Instrospecção, p. 61.
O medo é uma falsidade, porque não contém nenhuma verdade. O Amor é o antídoto para o medo. O Amor divino não conhece o medo e começa a erradicá-lo de nossa consciência e experiência quando percebemos o quanto é infundado, e o substituímos por qualidades derivadas do Amor, tais como paciência, amabilidade, humildade, ternura. O Amor habilita-nos a exercer autocontrole e auto-renúncia a qualquer momento. Podemos recusar-nos a ser amedrontados, assim como podemos recusar-nos a roubar. Temos o poder de pensar e agir correta e honestamente, e está em nós exercer esse poder. Podemos fazer o que Deus nos habilitou a fazer. Vencemos o medo à medida que confiamos no poder de Deus e no Seu terno cuidado por nós.
O medo provém da crença numa identidade material, falsa, e duma aparente falta de amor em nossa consciência. A falsidade de que há vida na matéria é exposta pela Verdade que proclama serem nossa saúde, nossa perfeição e nossa integridade espirituais e estarem intatas. O Amor divino, o Espírito infinito, nos mantém como sua idéia perfeita, abrigada no seio do Amor. Em nosso ser espiritual real somos o objeto do Amor, onde o medo não pode entrar. No coração do Amor, onde nosso verdadeiro ser existe, estamos isentos de medo. A Bíblia nos assegura: “No amor não existe medo; antes, o perfeito amor lança fora o medo.” 1 João 4:18.
Pensemos nisso! Como verdadeiros representantes do Amor, não podemos ser amedrontados. A ignorância, não sendo entidade alguma, não pode sobrepujar a inteligência do homem e a consciência da presença do Amor. Apreendendo esta grande verdade, podemos comprová-la. A Sra. Eddy nos diz: “Por compreender o domínio que o Amor tinha sobre todas as coisas, Daniel sentiu-se em segurança na cova dos leões, e Paulo provou que a víbora era inofensiva.” Ciência e Saúde, p. 514.
Entender nossa relação científica com o Amor divino leva-nos para fora da influência do medo e vemo-nos na atmosfera serena do todo-poder do Amor divino.
