Por todo o mundo há pessoas que se fazem essa pergunta. “Que fiz eu para que me sobreviesse esta doença ou este problema? Sou boa pessoa. Por que essa separação foi acontecer comigo? Por que essa perda nos negócios? Por que perdi este emprego ou esse empregado? Por que meu cônjuge teve de morrer? Por que, Senhor?”
Desde uma perspectiva baseada na matéria, a pergunta é compreensível, mas revela uma falta de compreensão sobre Deus. Origina-se na velha teologia tradicional que ensina que Deus envia o mal e o bem ao Seu povo.
A Ciência Cristã ressalta que a Bíblia nos ensina a conhecer um Deus bom, que é “tão puro de olhos, que não [pode] ver o mal” Habac. 1:13., Deus que é Amor Ver 1 João 4:8.. Aprendemos que a Divindade nada tem a ver com o mal de qualquer espécie, e que, se acreditamos que tem, cometemos tremendo engano com relação à natureza de Deus. A pergunta indica dúvida a respeito de nossa perfeição como Sua imagem e semelhança, e visão obscura de nosso relacionamento com Deus, como filhos Seus.
Paulo diz: “Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus.” Filip. 2:5. Jesus reconhecia que Deus é a Mente verdadeira de cada um de nós, que realmente somos idéias de Deus, e que precisamos deixar que essa Mente se manifeste em nós, agora. Isto significa que precisamos seguir a instrução dada pela Sra. Eddy em Ciência e Saúde: “Monta guarda à porta do pensamento” Ciência e Saúde, p. 392., e aprender a deixar entrar nele apenas as verdades espirituais.
Existe resposta bem definida à pergunta: Por que eu, Senhor? — e a quaisquer outras perguntas que façamos a Deus. A resposta virá do nosso maravilhoso Deus que é a Mente, a fonte de nossa inteligência, de nosso amor, de nossa coragem, de nosso verdadeiro ser. Quando estivermos atentos, a resposta virá, e em maneira que estaremos preparados a receber. “E será que antes que clamem, eu responderei” Isaías 65:24., diz a Bíblia.
Quando meu marido faleceu, voltei após o funeral para casa e para meus quatro filhos. Meu mundo havia sido destroçado. Sentei-me numa banqueta, na sala de estar, e chorei desconsoladamente. Então me lembrei de uma citação que eu havia recortado das páginas do jornal The Christian Science Monitor, umas poucas semanas antes. Encontrei-a e li-a diversas vezes em meio às lágrimas, buscando entender sua mensagem. Reconheci que esse era o modo pelo qual o meu Pai me havia respondido e, por isso, procurei ouvi-Lo para que me desse também a interpretação. O trecho mencionado é o seguinte: “... quando uma porta se fecha, outra já está aberta. Mas o problema que se apresenta à maioria de nós é que estamos olhando com tanta ansiedade para a porta que foi fechada, que deixamos de ver a porta que já se abriu.”
Ao ponderar esse trecho, a mensagem da Mente veio-me como a impressão avassaladora da solicitude e do amor contínuos do Pai. Pude ver que em meus dias de criança recém-nascida nada me faltara, nem durante minha infância, na juventude e na minha experiência familiar com meu marido e filhos. Deus nunca me havia deixado ficar sem Sua orientação; e Deus ainda estava presente.
Recordo haver considerado as cataratas do Niágara apenas como o lugar em que o lago Erié lança suas águas em abundância. O mesmo se dá conosco. Cada um de nós é, em realidade e de maneira individual, o jorrar das maravilhosas qualidades e dos pensamentos de Deus. Percebi que o terno cuidado de Deus e Sua abundância nunca podem cessar, seja o que for que o quadro material diga.
Eu sabia, porém, que não podia permitir-me ficar remoendo saudades, senão eu deixaria de reconhecer o jorro contínuo do bem. Eu precisava manter os olhos fitos no amor de Deus, estar atenta a quaisquer bênçãos que meu Pai tivesse reservadas para mim e para os meus. Assim, durante os três ou quatro dias que se seguiram, sempre que eu percebia o afloramento do sentimento de saudade pelo toque de uma mão ou pelo som de uma voz, substituía essa pensamento pela promessa de Deus de que Ele nunca me deixaria nem me esqueceria.
Toda vez que eu sentia falta de uma qualidade peculiar que meu marido havia expressado ao realizar alguma tarefa de amor, reconhecia que pelo fato de essa habilidade provir de Deus, ela também me pertencia. Isso fortaleceu-me na verdade e tornou-me uma pessoa melhor, mantendo-me fora do poço da autopiedade. Mas a pergunta, velha como o tempo, ainda permanecia comigo: “Por que, Pai?” Estava convencida de que Deus me mandaria uma resposta que eu pudesse compreender e com a qual eu pudesse conviver.
Cerca de uma semana mais tarde, fui guiada a pegar um antigo exemplar do Christian Science Sentinel, e li o primeiro artigo. Falava em Daniel, que tanto amava a Deus que orava três vezes ao dia, apesar da ordem do rei de que devia adorar apenas a imagem de ouro por este erigida. Mas, acaso a lealdade de Daniel, sua espiritualidade e bondade, impediram de ser ele lançado na cova dos leões? Não! Contudo essas qualidades o mantiveram ileso apesar dessa experiência.
Havia ainda o caso dos três homens lançados na fornalha sobremaneira acesa. Eles, também, eram pessoas profundamente religiosas. Levavam uma vida dedicada ao bem. Obedeciam a Deus. Acaso isso impediu que fossem lançados na fornalha? De jeito nenhum. Contudo, impediu que fossem afetados pelas chamas. A Bíblia diz que “nem cheiro de fogo passara sobre eles” Daniel 3:27.. Nem mesmo a lembrança do mal ou do medo permanecia na consciência deles.
O máximo para mim foi Cristo Jesus — o praticista incomparável que curou todos os tipos de pecado e de enfermidade, e, até mesmo, ressuscitou mortos; o profeta espiritual de todos os tempos, que passou a vida elevando pessoas acima da crença no mal, por utilizar o Princípio divino da cura. Até mesmo ele não ficou isento das experiências no Getsêmani nem da crucificação. Minha resposta veio como pergunta: Quem sou eu, para achar que sou melhor do que ele ou para pensar que eu não devia ter nenhum problema? Também eu tenho de enfrentar a crença na morte. Também eu preciso encarar a morte como ela é: uma crença mentirosa de que há vida na matéria. Em Deuteronômio lemos: “Escolhe ... a vida, para que vivas, tu e a tua descendência, amando ao Senhor teu Deus, dando ouvidos à sua voz, e apegando-te a ele; pois disto depende a tua vida.” Deuter. 30:19, 20.
A despeito de sua espiritualidade, pureza e bondade, Jesus não foi poupado a essas provações; mas o espírito do Cristo nele impediu que fosse atingido por elas. Essa era a minha mensagem! Eu podia me levantar e não deixar-me atingir pelas crenças de perda e luto. Estas não representavam a verdade com relação a Deus e ao homem, e essa era a minha oportunidade de provar o poder e a onipresença do Pai.
Talvez o próprio Jesus tivesse sido tentado a ter piedade de si mesmo, quando disse: “Pai ... passa de mim este cálice.” Se assim foi, rapidamente anulou tal pensamento, dizendo: “Contudo, não se faça a minha vontade, e, sim a tua.” Lucas 22:42.
Essa revelação deu-me a paz que eu procurava. Deu-me algo com que trabalhar e algo para comprovar. Senti-me livre para voltar à igreja e bastante forte para não me deixar abater pela compaixão humana. Coloquei esta existência atual em termos de experiência, e, na medida em que eu assimilava a verdadeira base espiritual das coisas, os acontecimentos do viver diário foram se ajustando devidamente.
Cerca de dois meses antes do falecimento de meu marido, minha tia que morava na Califórnia havia respondido a nosso pedido anterior para que nos desse informações quanto a uma visita àquele estado. Agora, eu não desejava fazer a visita sozinha, por isso abandonei os planos. Mas, depois de haver encontrado minha paz, surgiu, de repente, o pensamento: “Ora viva! Eis a porta aberta! E era isto o que me dizias, Pai, quando mostraste que eu precisava olhar para a porta aberta.”
Esse despertar anulou o medo, e minha família e eu logo encontramos na Califórnia. Gostamos tanto que aí permanecemos em caráter permanente. Encontrei um modo de ganhar a vida, enquanto ficava em casa com meus filhos. No devido tempo, todos eles se formaram na universidade, encontraram seus cônjuges, estabeleceram suas profissões e seus próprios lares.
Quando falecem pessoas queridas, não é tanto por elas que choramos. Pensamos ser por elas, mas não choramos antes por nós mesmos? Estamos tão tristes por causa da vida boa e do amor que julgamos ter perdido. E, geralmente, culpamos Deus por tudo isso. Despertemos dessa crença universal e desse hábito de pensamento, que apenas nos conduzem para o poço da autopiedade. Atenhamo-nos à verdade de que há uma única Vida eterna, na qual todos vivemos e nos movemos. Nesta não há separação!
Portanto, toda vez que você se sentir tentado a perguntar: “Por que eu, Senhor?” lembre-se de que existe uma resposta bem especial para você. A fonte de toda a sabedoria irá revelá-la. Talvez você seja guiado a orar mais ou menos assim: “Pai, abre-me os olhos para a verdade. Ajuda-me a fixar o olhar no que realmente está acontecendo aqui na Tua presença. Ajuda-me a atravessar a aparência material e então encontrar o Teu contínuo amor. Ajuda-me a ver-me ‘no esconderijo do Altíssimo’ Salmos 91:1., onde as crenças da mortalidade não me podem encontrar.” Se você mantiver em pensamento essa atitude esperançosa, a resposta lhe virá na maneira de Deus, e você encontrará a paz.
