Na hora do almoço, em pleno centro comercial de uma grande cidade, ouvi um homem gritar: “Jesus é meu único amigo.” Finalmente consegui ver o homem, que parecia ser um indigente. Apesar de estar gritando sua mensagem, ninguém sequer olhava para ele. Era como se ele simplesmente não estivesse ali. No entanto lá estava, gritando continuamente: “Jesus é meu único amigo.” Sim, pensei, Jesus é provavelmente o seu único amigo.
Esse incidente me fez pensar. Lembrei-me do relato bíblico em que perguntaram a Jesus: “Quem é, porventura, o maior no reino dos céus?” Chamando uma criancinha para junto dele, Jesus declarou: “Se não vos converterdes e não vos tornardes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus.” Mateus 18: 1, 3. Ao meditar sobre isso, pensei: Jesus não estava simplesmente exaltando uma criança mortal. Estava reconhecendo o filho de Deus, o representante puro de Deus, o que sabia ser a verdadeira identidade de todos — até mesmo de cada indivíduo naquela multidão. Jesus estava, basicamente, corrigindo o pensamento mortal, ou o conceito de que o homem seja material. O pensamento mortal precisa ser convertido antes de poder perceber o filho de Deus, o homem à Sua pura semelhança.
Perguntei-me, então, o que eu estaria divisando naquele homem mal vestido, a gritar sua mensagem. Não estaria vendo o homem como um mortal — decaído da graça e do cuidado de Deus? Precisava parar e pensar, a fim de perceber o recém-nascido, para trazer ao meu pensamento a verdadeira natureza do homem como a expressão de Deus. A Ciência Cristã nos ensina como fazê-lo. Exatamente onde o sentido físico indica haver um homem que é menos que perfeito, o pensamento humano pode ser iluminado e divisar o ideal-Cristo, a imagem espiritual ou o homem imortal, na eterna semelhança de seu Criador, Deus.
Se de fato desejamos praticar o cristianismo como Jesus o praticou, temos de perceber o infante, este ideal puro. Todos nós temos a oportunidade de seguir os passos dos magos de outrora e sair em busca do menino. Fazemo-lo quando discernimos a natureza crística do homem. Pode ser que não vejamos imediatamente o Cristo manifestar-se em nossa experiência. Ao invés, porém, de ficar desanimados por uma visão do homem como material, inaceitável e menos que perfeito, precisamos entreter no pensamento a verdadeira imagem.
O Cristo se manifesta, é discernido humanamente, por meio da atividade divinal — a santidade — em nossos pensamentos. O Cristo na consciência é a mensagem de Deus, diretamente para nós, que revela ser o homem não um mortal enterrado na materialidade, mas a emanação espiritual de Deus. Ao divisarmos esse ideal da criação perfeita de Deus, despertamos para reconhecer que o percebido com os olhos mortais nunca representa Deus verdadeiramente. A percepção espiritual nos revela a natureza verdadeira do homem.
A ação de procurar o ideal-Cristo e de rejeitar o quadro material de mortalidade, com suas várias gradações de erro, é nossa missão cristã. Essa busca abençoa-nos individualmente e abençoa a humanidade de forma universal. Procurar, de maneira ativa, o Cristo, o verdadeiro modelo do homem à semelhança de Deus, é oração. Dessa maneira, trazemos à tona, com constância, o homem de Deus e o percebemos. Identificando com Deus a nós e a toda a humanidade, e aceitando apenas a identidade imortal do homem, seguimos a orientação de nossa Líder, a Sra. Eddy, que escreveu: “Todos terão, mais cedo ou mais tarde, de alicerçar-se em Cristo, a verdadeira idéia de Deus.” Ciência e Saúde, p. 54.
Responder ao Cristo em nosso pensamento resulta em abundância espiritual, expressada em saúde, relacionamentos harmoniosos e libertação de limitação. Vidas levadas de acordo com o Cristo demonstram a eterna presença de Deus. Ao reconhecermos que o Cristo está sempre presente, começamos a compreender nosso verdadeiro ser. Cristo é força ativa, que nos revela ser a natureza eterna do homem a expressão infinita de Deus.
Mesmo que nós falhemos em ver a evidência do ideal-Cristo, este ideal não está perdido. Como Deus está sempre presente, o Cristo, a manifestação de Deus, nunca está perdido, desaparecido ou esperando para nascer. Está, aqui e agora, à nossa disposição para que o venhamos a refletir e a expressar. Respondemos ao ideal-Cristo, quando volvemos nosso pensamento do que é material para o que é espiritual. Então, vemos, em grau cada vez maior, o homem puro e imortal.
A habilidade de Jesus em discernir a natureza imortal, essencial, do homem resultava em curas eficazes e instantâneas. Jesus não se deixava enredar pelas condições físicas ou humanas. Olhava para além da cena mortal e compreendia serem Deus e Sua idéia inseparáveis. As curas de Jesus eram realizadas por sua total compreensão de ser o Cristo sua identidade espiritual, proveniente de Deus. Jesus nunca ignorou o erro nem fez de conta que o erro não existia. Desafiava a falsidade de imediato. Reconhecia que o verdadeiro estado do homem consiste em expressar a plenitude do ser de Deus. Cristo Jesus trazia à tona o verdadeiro conceito do homem, espiritual e perfeito, e disso resultavam curas. Quando seguimos o Mestre, também nós percebemos o recém-nascido, a identidade pura, e a cura tem lugar.
Quando contemplo os teus céus,
obra dos teus dedos, e a lua e as estrelas
que estabeleceste,
que é o homem, que dele te lembres?
e o filho do homem, que o visites?
Fizeste-o, no entanto, por um pouco,
menor do que Deus,
e de glória e de honra o coroaste.
Deste-lhe demínio
sobre as obras da tua mão,
e sob seus pés tudo lhe puseste.
Salmos 8:3–6
