No calor de uma tarde de maio, ao entrar em casa pela lavanderia (que faz parte da garagem), senti uma dor aguda no pé direito. Ao olhar para baixo vi o que parecia ser uma cascavel desaparecer sob a máquina de lavar roupas. (Mais tarde, descrevi a picada a especialistas do museu de história natural de nossa cidade. Confirmaram que se tratava da picada de cascavel.) Como vivemos no Deserto de Mojave, na Califórnia, estávamos cientes da presença de serpentes na região. Contudo, nunca tivéramos qualquer problema com elas.
Entrei em casa e comecei a orar imediatamente, reconhecendo que nenhuma das idéias divinas pode causar dano a outra. Contei a meu esposo sobre a picada, para que ele pudesse apoiar meu trabalho. Como ambos sempre fomos Cientistas Cristãos e tivemos muitas provas do cuidado de Deus, a Ciência foi o único remédio que levei em consideração. Uma onda de amor invadiu minha consciência — amor por tudo o que Deus cria, inclusive aquilo que a humanidade chama de serpente venenosa.
Comecei a tratar de meus afazeres, apegando-me ainda a essas verdades. Mais tarde, ao apanhar o carrinho da roupa que se encontrava entre a lavadora e a secadora, vi uma cobra — aparentemente a que me havia picado — estirada atrás das máquinas. Observei-a o suficiente para verificar se tinha as marcas e o formato da cabeça da cascavel. Foi então, enquanto estava ali parada, que o medo invadiu meu pensamento. E, apesar de que o dedo do pé não havia causado nenhum problema até então, logo eu podia senti-lo pulsar e inchar. Mary Baker Eddy afirma no livro-texto da Ciência Cristã
Christian Science (kris’tiann sai’ennss), Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras (p. 415): “A inflamação, como crença dos mortais, acelera ou impede a ação do organismo, porque o pensamento se move depressa ou devagar, salta ou se detém, quando contempla coisas desagradáveis ou quando o indivíduo olha para algum objeto do qual tem medo.”
Apesar de ter sido óbvio, até mesmo sob o ponto de vista humano, que a reação fora totalmente mental, à noite, como eu não conseguia acalmar completamente o temor, meu marido e eu achamos que era sábio telefonar a uma praticista da Ciência Cristã. Foi o que fiz, e a praticista pediu-me que trabalhasse com a idéia de verdadeira substância e que refutasse a crença universal em picadas de serpentes. Também assegurou-me que começaria a orar por mim imediatamente. Ponderei a idéia de que na realidade há apenas uma lei — a lei de Deus, a qual está sempre em efeito. A lei de Deus nunca inclui uma criatura que possa infligir dor ou sofrimento a outrem.
“Atenha-se aos fatos”, uma amiga constantemente me repetia. “Atenha-se aos fatos. Os fatos estão em vigor agora”, pensei. Um fato espiritual é que sou a imagem e semelhança de Deus. Estudei a frase da Sra. Eddy na página 468 do livro-texto: “Substância é aquilo que é eterno e incapaz de manifestar discórdia e sofrer decomposição.” Eu sabia que minha substância é eterna porque a verdadeira substância é a Verdade. A Verdade é eterna, “incapaz de manifestar discórdia e sofrer decomposição”. A Verdade não seria Verdade se fosse discordante. A Verdade é substância harmoniosa.
Permaneci acordada na maior parte da noite, refletindo na natureza da verdadeira substância, trabalhando com as verdades da lei de Deus e lendo trechos na Bíblia e em Ciência e Saúde. Com o apoio da praticista, pela manhã o medo havia se desfeito e fui à escola para estar em meu posto de professora como de costume. Não senti nenhuma fadiga.
O dia, porém, foi desarmonioso. Uma situação muito desagradável que ocorrera na semana anterior, envolvendo a conduta de alunos, permanecia sem solução e, ao chegar em casa, meu dedo estava inchado, amortecido e descolorido. Compreendi que a situação na escola exigia cura. Ao falar com a praticista sobre aquele fato, alegramo-nos porque ele havia sido trazido à luz para ser curado. Ela pediu-me para trabalahar com a idéia de que o reino de Deus está dentro em nós e para anular qualquer ressentimento e autocondenação que persistissem, pois isso parecia fazer parte do problema na escola. Também solicitou-me escolher um hino no Hinário da Ciência Cristã e ater-me a ele.
Senti grande alegria quando obedeci a essas solicitações. Um trecho de grande significado para mim, no estudo que fiz do que a Sra. Eddy fala sobre o reino de Deus, foi este (Ciência e Saúde, p. 476): “Referindo-se aos filhos de Deus, não aos filhos dos homens, Jesus disse: ‘O reino de Deus está dentro em vós’; isto é, a Verdade e o Amor reinam no homem real, mostrando que o homem segundo a imagem de Deus nunca decaiu e é eterno.”
O reino de Deus é o reino em que Deus é supremo. Nesse reino, a única lei é a lei de Deus, o Princípio. E, se a lei de Deus fez com que a víbora venenosa se tornasse inofensiva para Paulo (ver Atos 28:3–6), raciocinei, então essa serpente de agora também tem de ser inofensiva. Compreendi que, na verdade, os estudantes que se haviam portado tão mal não podiam deixar de obedecer à lei de Deus, sob a qual todos alcançam justiça. No reino de Deus, tudo é harmonioso; tudo é puro. Aí não há batalhas, porque tudo o que existe é nosso Pai-Mãe Deus, o Amor, e Seu amado filho, o homem. Os únicos habitantes, os únicos cidadãos, em Seu reino, são as idéias de Deus. Apliquei estas verdades não apenas à picada da cobra, mas também ao tratar da situação na escola.
O hino que me veio à lembrança foi o de n° 5. Senti-me muito grata por todo o hino. As palavras pareciam ter sido escritas com minha situação em mente. Convenceram-me de que não havia em absoluto nenhum obstáculo que não pudesse ser vencido.
O dia seguinte foi de tão grande inspiração, que me senti como se estivesse andando nas nuvens. A situação na escola foi totalmente resolvida. Encontrei-me com a pessoa com quem havia me desentendido e uma bela solução foi encontrada. Todos concordaram que os problemas surgidos na semana anterior não eram tão graves quanto pareciam na ocasião e que muita coisa boa havia resultado da solução do problema. Apesar de haver sentido ressentimento contra certa pessoa e ter-me condenado por minha falta de sabedoria, agora eu sentia grande amor e compreensão.
Durante o dia, consegui movimentar livremente o pé dentro do sapato (havia estado tão inchado que ficara imóvel) e toda dormência havia desaparecido. Eu sabia que a cura havia ocorrido. Senti, contudo, que mais trabalho precisava ser feito. À certa altura, chamei a polícia e vieram os homens para capturar a serpente e levá-la de volta aos rochedos. Quando chegaram, porém, não foi possível encontrar a cobra. Um deles alertou que ela ainda poderia estar em qualquer lugar da garagem, até mesmo por entre as vigas do telhado. Eu sabia que até conseguir tratar de meus afazeres sem nenhum resquício de medo, a cura não estaria completa.
Tive de continuar orando até compreender a realidade espiritual das criaturas de Deus. Após uma visita ao museu de história natural de nossa cidade, onde sempre estão expostas serpentes vivas, constatei que já não sentia pavor ou medo. A lição-sermão (delineada no Livrete trimestral da Ciência Cristã) daquela semana era: “Adão e o homem decaído.” Um trecho dela ocorreu-me quando estava contemplando as cobras no museu (Gênesis 2:19): “O nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles.” Compreendi, então, que Deus não havia denominado nenhuma serpente de mortífera — a mente mortal (Adão) é que o havia feito.
Minha gratidão por essa cura é imensa, tanto pela solução do problema na escola, como pela cura da picada de serpente. Mas, sou ainda mais grata pela crescente compreensão acerca de Deus e pela absoluta confiança nEle que essa experiência me exigiu.
Sou muito grata à dedicação da Sra. Eddy em trazer à luz a Ciência Cristã, a lei de Deus, que está sempre disponível e sempre ativa. Quando confiamos em Deus sem reservas, não importa quão sérias ou perigosas as circunstâncias pareçam ser, sempre somos curados. Sou também muito grata aos dedicados praticistas da Ciência Cristã que estão sempre prontos para auxiliar, que têm suas "lâmpadas" cheias de “óleo” — o óleo da inspiração, que proporciona a cura.
Yucca Valley, Califórnia, E.U.A.
 
    
