Perdão e regeneração, conforto que vem do amor, cura — tudo isso foi experimentado por pessoas que obtiveram ainda que mero vislumbre da realidade divina. A percepção da Verdade infinita, percepção que se manifesta por meio da oração como esta é ensinada na Ciência Cristã, pode ter notável efeito transformador na vida das pessoas.
A Verdade divina é Deus, e compreender mesmo que um pouco do que a Verdade realmente é, também revela mais do que o homem — a expressão de Deus — realmente é. Nosso conceito de quem somos vai sendo, desta forma, readquirido passo a passo. E, ao invés de nos vermos como meros mortais indefesos, doentes, infelizes ou pecadores, antevemos e podemos demonstrar algo de nossa verdadeira identidade na semelhança do Espírito. Chegamos a compreender que o homem é a manifestação da Mente onipotente; que é o amado daquele Amor que a tudo inclui.
Uma avaliação modesta de nosso progresso espiritual, neste momento, reconheceria certamente que todos ainda temos boa distância a percorrer no caminho que leva à ascensão! Contudo, sempre podemos adquirir nova percepção dos fatos espirituais do ser, “as verdades eternas” a respeito de Deus e do homem, e fundamentar nossa vida no que estamos vendo — naquilo que estamos compreendendo por meio do sentido espiritual — até que a realidade divina seja o que mais solidariamente percebemos na existência. Referindo-se ao Criador do homem, a Sra. Eddy escreve: “Suas formas declaram a beleza da santidade e Sua sabedoria multiforme brilha através do mundo visível em vislumbres de verdades eternas.” Miscellaneous Writings, p. 363.
Como obtemos tais vislumbres luminosos da verdade? Profunda oração científica é essencial: oração que escuta, que afirma e que é capaz de assimilar a totalidade de Deus e a plenitude de Seu reflexo espiritual, o homem. O universo criado pela Mente divina é totalmente espiritual, puro, bom, ilimitado. Toda ação, toda função, toda operação no reino de Deus é determinada pela Mente infinita, é governada e mantida por Sua lei de harmonia.
Porém, alguns leitores deste editorial talvez digam: “Tudo isso me soa muito bem, mas atente para o que eu vejo acontecer no mundo ao meu redor — doença, pobreza, guerras, fome, imoralidade, degradação. Onde está aquilo a que você se refere, o vislumbre da realidade que revela a bela santidade da vida?”
A resposta deve, por fim, ser encontrada no próprio coração de cada um, à medida que Cristo, a mensagem salvadora vinda de Deus, manifesta-se a nós individualmente. É por isso que nossa oração tem de conter mais do que afirmações da verdade espiritual. A oração precisa incluir amor, humildade e também gratidão.
Quando oramos, o Cristo nos revela o que é real e o que é falso. Com esse conhecimento confortador da realidade estamos melhor capacitados para rejeitar, através do raciocínio científico e cristão, a mortalidade, com seu mal, sua fragilidade e feiúra, que se disfarça como verdade. E podemos encontrar cada vez maiores evidências da bondade de Deus perto de nós. Precisamos acalentar os sentimentos mais elevados que colhemos, de beleza e nobreza na vida humana, de ações beneficentes realizadas e comentários generosos que faz o nosso próximo. Pois eles aludem às qualidades espirituais que constituem a natureza real do homem. Quando vemos a base divina de toda a verdadeira bondade, ampliamos nossos horizontes. Enxergaremos o amanhecer da realidade e aprenderemos que tudo o que é realmente bom, puro e sagrado em nossa experiência mantém-se permanente e incorruptível.
No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde, a Sra. Eddy escreve sobre a necessidade de rompermos o nevoeiro das crenças mortais, a fim de vermos a realidade divina. Declara: “Envoltos nas brumas do erro (o erro de crermos que a matéria possa ser inteligente para o bem ou para o mal), só podemos conseguir claros vislumbres de Deus quando a neblina se dispersa, ou se torna tão tênue que percebemos a imagem divina em alguma palavra ou ato que indique a verdadeira idéia — a supremacia e a realidade do bem, a nulidade e a irrealidade do mal.” Ciência e Saúde, p. 205.
Já que vislumbramos “a supremacia e a realidade do bem”, é necessário que nos esforcemos para que nossa vida corresponda àquilo que vemos. Precisamos viver a divina Palavra de Deus: torná-la vital em nossa experiência humana, deixá-la brilhar em nossas próprias Palavras e ações. Precisamos ser testemunhas da graça salvadora do poder espiritual da Palavra e estar sempre prontos para ouvir e fazer a vontade de Deus.
Cristo Jesus alertou seus discípulos para a insensibilidade obstinada do pensamento mortal. Disse: “Porque o coração deste povo está endurecido, de mau grado ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos; para não suceder que vejam com os olhos, ouçam com os ouvidos, entendam com o coração, se convertam e sejam por mim curados.” Mateus 13:15.
Se orarmos com consagração humilde e vivermos de modo tal que a verdade do ser transpareça vívida em nossas conversas e atos, nosso coração não estará “endurecido” nem fechado ao Cristo, à Verdade. Começaremos a vislumbrar com alegria a realidade da criação espiritual de Deus. Seremos convertidos, transformados, curados. E receberemos a bênção do Mestre, que foi primeiramente conferida a seus próprios e amados discípulos: “Bem-aventurados, porém, os vossos olhos, porque vêem; e os vossos ouvidos, porque ouvem.” Mateus 13:16.
