Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Velando “sem se queixar”

Da edição de outubro de 1984 dO Arauto da Ciência Cristã


Orar para o mundo pode parecer, às vezes, um mandado assaz difícil. Sem dúvida, a maioria de nós lembra-se de que, pelo menos uma vez, a perspectiva de orar a respeito de surtos de fome no mundo ou de um holocausto nuclear assumiu aspecto tão deprimente que nos fez ficar tentados a esquivar-nos dos assuntos de interesse global e atacar os desafios “mais fáceis” que se apresentam em nosso próprio campo de atividades.

Por certo temos o direito de testemunhar o efeito harmonizador do Cristo, a Verdade, em nossa vida diária. Mas os Cientistas Cristãos têm também o dever de orar especificamente para o mundo e para toda a humanidade. Mary Baker Eddy, quem descobriu e fundou a Ciência CristãChristian Science (kris’tiann sai’ennss), instrui: “Será dever de todo membro desta Igreja defender-se diariamente contra sugestão mental agressiva, e não se deixar induzir ao esquecimento ou à negligência quanto ao seu dever para com Deus, para com sua Líder e para com a humanidade.” Manual de A Igreja Mãe, § 6° do art. 8°.

A perspectiva espiritual — perspectiva que reconhece humildemente a bondade e a perfeição de Deus e Sua criação — traz estabilidade e confiança às nossas orações pelo mundo. Sustenta com coragem nossa fé e amplia nosso amor para nele incluir toda a família do homem.

No final de uma tarde de inverno, certa estudante de Ciência Cristã achava-se sozinha, lutando contra escura nuvem de confusão mental. Incapaz de superar o desafio mediante suas próprias orações, entrou em contato com um experiente praticista da Ciência Cristã que, imediata e calmamente, lhe reafirmou a perpétua segurança dela como filha de Deus, que habita em Sua luz. Conquanto pensasse ela estar lidando com um caos que brotava do íntimo, o praticista disselhe que se defendesse contra a noção de que podia ser levada a entrar na bruma e no turbilhão de crer que haja muitas mentes mortais lutando para sobreviver, num mundo material dividido por lutas. E, então, ele a surpreendeu com uma advertência final: como Cientista Cristã ativa era preciso a ela estar disposta, disse, a velar “sem se queixar” sobre o mundo.

Velar sem se queixar! Compreendeu que ele se referia à descrição que a Sra. Eddy faz de Cristo Jesus no Jardim de Getsêmani como sendo “aquele que, esperando e lutando em muda agonia, velava sobre todo um mundo, sem se queixar” Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 48.. O turbilhão mental que havia perturbado a estudante fora rapidamente silenciado, enquanto ela refutava a falsa pretensão de que existe uma mente separada da Mente divina, Deus. Ela não podia, porém, concordar com a idéia de esforçar-se para emular Jesus, velando “sem se queixar” sobre o mundo. Fazê-lo, reclamava ela, seria mais do que se prontificara a fazer quando se dispusera a estudar e praticar Ciência Cristã. A idéia a apavorava, principalmente se significasse renovada peleja contra a escuridão mental que momentos antes lhe parecera tão ameaçadora.

Contudo, ansiava por ser obediente. E sabia que Cientistas Cristãos não se oferecem em meia dedicação ao Cristo, à Verdade — dispondo-se a elaborar sua própria salvação, mas relutando em participar da salvação universal ensinada e demonstrada por Cristo Jesus.

Durante muitos dias orou, procurando a coragem espiritual que sentia lhe faltar. Certo dia, num despertar muito suave, percebeu que seu conceito de velar “sem se queixar” estava errado. Mentalmente, ela havia elaborado o quadro de uma missão solitária, semelhante à de um soldado destacado para um posto remoto, esquecido e escuro, onde teria de afastar, sozinho, forças agourentas e malignas. Quanto mais reconfortante era o novo conceito que se lhe ia revelando, o da vigília como a que uma mãe mantém sobre seu filho adormecido, pronta para despertá-lo de um sonho que o perturba!

Que perspectiva enaltecedora! Por fim o medo a abandonou, enquanto ela percebia esta nova dimensão na prática da Ciência Cristã — orar pelo mundo não era algo a ser feito mediante confrontação solitária com o mal, porém mediante a conscientização da unidade inviolável existente entre o homem e o Pai. Tal oração incorpora ativamente o espírito do Cristo, que suavemente desperta a humanidade, sacudindo-a do sonho da mortalidade, de haver vida na matéria.

O ponto de vista da realidade — da onipotência de Deus, o bem, e da irrealidade do mal — é a base de cada tratamento pela Ciência Cristã. O pensamento espiritualmente esclarecido, imbuído, mediante oração, da percepção da totalidade de Deus, o bem, e da perfeição do homem à Sua imagem e semelhança espiritual, desperta naturalmente o pensamento do sonho de Adão com sua discórdia, carência e dor. A Sra. Eddy escreve: “De uma coisa podemos estar seguros: de que os pensamentos alados de paz e amor exalam uma bênção silenciosa sobre toda a terra, cooperam com o poder divino e velam inconscientemente sobre a obra de Sua mão.” Miscellaneous Writings, p. 152.

O que nos impediria, então, de velar sem nos queixarmos sobre nosso mundo? Seríamos tentados a crer que nossos desafios “aqui” perto são mais prementes do que as necessidades de “lá longe”? Será que aceitamos a sugestão sutil de que é a salvação individual tudo o de que se ocupa o cristianismo? ou que, de qualquer maneira, a experiência mortal desaparecerá mais cedo ou mais tarde, pouco importando se puséssemos as mãos à obra ou não?

Sejam quais forem as desculpas absurdas que a mente carnal ofereça para resistir à demonstração plena do Cristo, podemos provar que as limitações auto-impostas dessa mente não estão impostas sobre nossa vida e nossa prática devota da verdade. Podemos orar para deixar que nossa vida ateste mais plenamente a terna compreensão de que Deus é Amor imparcial, universal. E podemos refutar cientificamente, com confiança cada vez maior, as pretensões da mortalidade, quanto a indiferença e insensibilidade. Se abrirmos o coração ao efeito transformador do Cristo, demonstraremos paulatinamente o reino do céu, aqui e agora, como lar para todas as queridas idéias do Amor.

Cristo Jesus disse a seus seguidores: “Vós sois a luz do mundo.” Mateus 5:14. Ele não lhes dissera que tinham de ligar a luz do mundo, ou apagar a escuridão do mundo (nem lhes permitira que fossem apenas a luz de suas vizinhanças). Suas palavras foram simples e diretas, apontando para o efeito inspirador do Cristo e sua perspectiva sanadora no pensamento humano.

Como modernos discípulos de Jesus, os cristãos de hoje ainda são a luz do mundo. E ainda têm o mesmo padrão do Cristo a ser obedecido: “Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:16.

Por certo este brilhar faz parte de um velar sem se queixar. E sem dúvida seu efeito sanador se fará sentir por todo o mundo, na medida em que nossas boas obras passarem a englobar a humanidade toda.

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / outubro de 1984

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.