Cristo Jesus, cuja própria vida exemplificou a Verdade, não prometeu que a vida do cristão estaria livre de inquietações. Disse, sim: “Vinde a mim todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” Mateus 11:28–30.
Quando vemos numa tarefa a oportunidade de praticar o discipulado cristão, a tarefa deixa de provocar autocompaixão e lamentação. Mas, como transformar aquilo que consideramos obrigação cansativa, em revigorante oportunidade de ser melhores cristãos?
Cada um de nós pode consultar-se: Quem é, ou o que é, que me faz as exigências às quais atendo? Fico obrigado a cumpri-las porque é isso o que se espera de mim? Ou será que encaro as responsabilidades como oportunidades que Deus me dá, para pôr em prática o Sermão do Monte e assim progredir na graça cristã?
Quando achamos que as responsabilidades nos estão sendo impostas humanamente, ficamos propensos a encontrar a injustiça e o ressentimento acrescentando seu peso à carga. Quando, porém, encaramos como um estímulo ao crescimento as responsabilidades que acompanham nossa disposição de conseguir maiores realizações, teremos alegria e progresso ao nos desincumbirmos delas.
O desafio de crescer espiritualmente por certo deve se originar em Deus. A Sra. Eddy escreve: “A exigência espiritual, que silencia a material, proporciona energia e resistência que superam todos os outros auxílios e obstam a penalidade que nossas crenças procuram aplicar às nossas melhores ações.” Ciência e Saúde, p. 385.
Saber que toda exigência válida com que nos defrontamos é oriunda de Deus, livra-nos proporcionalmente de imposições. Nas exigências espirituais podem certamente estar incluídas responsabilidades legítimas que dão a impressão de ter sido humanamente impostas, como mais uma tarefa no escritório, ou um novo cargo na igreja, ou o cuidado de um familiar doente. Disse Paulo: “Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.” Gálatas 6:2.
Ajudar a outros, a nosso empregador e aos colegas de trabalho, a nossos companheiros na igreja, a nossos familiares, vizinhos e amigos, é elaborar a nossa salvação por meio do discipulado cristão. Nossa missão espiritual amplia seu serviço enquanto progredimos em comprovar a suprema mensagem cristã: a de que o homem, criado à semelhança de Deus, está completo e não é um fardo, nem suporta um fardo. Como reflexo espiritual de Deus, o homem depende diretamente do Amor inesgotável para obter orientação, propósito e ação, e, bem assim, o próprio ser.
Jesus disse: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” Mateus 5:48. Ao compreendermos e comprovarmos que a perfeição é o nosso verdadeiro status, as nossas realizações aumentarão e a nossa sensação de estar sobrecarregados diminuirá.
Podemos descobrir em nosso íntimo as qualidades cristãs que nos fortalecem e nos permitem trabalhar pacientemente pelo resultado inevitável do verdadeiro discipulado, isto é, o progresso espiritual e a cura. A Sra. Eddy estende este convite a todos os seus seguidores: “Levai comigo o fardo da minha descoberta, e participai comigo da felicidade de ver o Cristo ressuscitado, a idéia espiritual de Deus, que remove todo pecado, doença e morte, e confere à alma sua liberdade inata.” The First Church of Christ, Scientist, and Miscellany, p. 120.
Se examinarmos por que nosso fardo nos parece injusto e inútil, descobriremos que a tendência a isso provém da crença errônea de que tradição é lei. Inadvertidamente escoramos esse peso morto da vontade humana, a tradição, ao aceitarmos, com relutância, novas responsabilidades que não são apenas as nossas. O medo de perturbar a rotina tradicional e desagradar ao chefe, ou desapontar a diretoria da igreja, ou desiludir nossa família, não é motivação suficiente para expandir nossas energias e realizar as tarefas. Por outro lado, com a insubordinação, o desrespeito, ou a recusa talvez o fardo venha a tornar-se ainda mais pesado do que a própria tarefa! Neste ponto, necessário será lembrar que Jesus resumiu assim os mandamentos de Deus: amar a Deus acima de tudo e ao nosso próximo como a nós mesmos.
Quando compreendemos que só Deus nos faz exigências, porque Ele é verdadeiramente a Mente única, podemos também provar que Deus fornece tudo aquilo que Ele exige. Então, ainda que tenhamos concordado, por meio da oração, com assumir responsabilidades aparentemente enormes, podemos dar provas de estar à altura de todas elas. A Sra. Eddy explica como conseguia fazê-lo: “Em meio de cuidados e trabalhos deprimentes dirijo-me sempre ao Amor divino para orientação, e encontro descanso. Dá-me grande alegria poder atestar a verdade das palavras de Jesus. O Amor divino alivia todos os fardos, dá uma paz que excede todo entendimento, e com ‘sinais, que se [seguem]’. Quanto à paz, é inexprimível; quanto a ‘sinais’, vejam os doentes que são curados, os tristes que se tornam esperançosos, e os pecadores e ignorantes que se tornaram ‘[sábios] para a salvação’!” Miscellaneous Writings, pp. 133–134.
A realização, plena de alegria, de qualquer tarefa que nos conduz a Deus, pode melhorar nossa maneira de ser. Se nosso fardo ainda for demasiado pesado para a nossa capacidade, podemos responder ao chamado do Cristo — “Vinde a mim”. Com mansidão e obediência podemos encontrar, como a Sra. Eddy, orientação, descanso, alegria, paz, cura, esperança, sabedoria e salvação. Podemo-nos perguntar então: Porventura poderá aquilo que nos põe em harmonia com a bondade de Deus, constituir um fardo? Acaso não será realmente cada oportunidade de servir, uma bênção?
 
    
