À luz da Ciência Cristã, a compaixão passa a ter novo significado. No sentido mais puro, a compaixão caracteriza-se pela disposição de deixar Deus realizar o trabalho de cura e pela certeza absoluta de que Deus de fato o realiza. Nesse meio-tempo, porém, não ficamos inertes: nosso papel é dar testemunho ativo do Seu amor sanador.
O modo humano mais eficaz de dar testemunho da onipresença e onipotência de Deus encontra-se na oração. Esta não é um simples traduzir de pensamentos e desejos em palavras. É o volver-se a Deus de todo o coração e alma e reconhecer Seu controle supremo e onisciente. Nossa vida diária pode verdadeiramente ser oração individual posta em prática.
Ser realmente compassivo é sentir o amor de Deus e dar um passo a mais no expressar esse amor abnegado em gentileza, ternura, compreensão, altruísmo. Essa aplicação prática da compaixão preparanos para dar testemunho ativo da presença sanadora do Amor. Quando amamos nosso próximo como a nós mesmos, estamos de fato amando a verdadeira identidade de cada um de nós: nossa identidade como imagem e semelhança de Deus. Quando acalentamos no pensamento esse conceito correto acerca do homem, a harmonia passa a predominar mais intensamente em nossa vida.
Tiago declara: “Chegai-vos a Deus e ele se chegará a vós outros.” Tiago 4:8. Aproximamo-nos de Deus na proporção de nosso reconhecimento e demonstração da Verdade. Por meio da oração, a compreensão espiritual transforma um sentido pessoal e limitado de existência em uma visão mais clara e infinita. À medida que nos aproximamos de Deus, em oração, o conceito humano do ser cede naturalmente à realidade espiritual. Nossa atividade expressa em maior medida aquilo que é divino.
Como Deus é Espírito e o único criador, toda a Sua criação tem de ser espiritual e perfeita, não lhe faltando nada. Deus é o único Ego. Não conhece nada estranho à Sua natureza. Deus nunca conhece tristeza ou lástima, portanto, o homem, a manifestação completa de Deus, também nunca está sujeito a elas. Ser compassivo não é abrigar tristeza ou reagir com comiseração, mas é compreender a verdade do ser espiritual e ater-se a ela de modo resoluto.
Entreter no pensamento a perfeição de Deus e de Sua criação, independente da evidência material, é, sem dúvida, a forma mais elevada de oração compassiva. É a ação do Amor todo-poderoso, removendo o medo pela revelação da Verdade. Tal oração dá testemunho da ternura do Amor divino e não de emoções humanas. A compaixão recebe poder de Deus, não do sentido pessoal.
Nas Escrituras vêem-se evidências claras de compaixão, atos compassivos e conseqüentes curas. Pensemos no encontro de Cristo Jesus com a mulher que lavou os pés dele com lágrimas. Ver Lucas 7:36–50. Devido à vida imoral dela, era considerada uma proscrita. Não é de admirar que as pessoas se surpreendessem com o afeto que ela demonstrou para com aquele que melhor viveu o ideal-Cristo. Jesus, porém, não reagiu com condenação ou mera piedade, nem adotou as atitudes dos demais para com ela. Pelo contrário, olhou-a com a compaixão permeada da compreensão espiritual da natureza real da mulher como a imagem e semelhança pura de Deus. Percebeu o arrependimento dela e lhe respondeu com aquela compaixão que perdoou-lhe, imediata e completamente, os pecados.
A compaixão nunca é fria nem indiferente e, por certo, jamais diz “não há nenhum problema” em face de dificuldades. A compaixão é a aplicação terna e carinhosa da verdade espiritual que desfaz as ilusões de tristeza, carência, desespero. A oração compassiva é específica, e persiste até ver vencida a dificuldade. Ainda que tenhamos de trabalhar diligentemente, não esqueçamos nunca que o exercício da compaixão não cansa. A Sra. Eddy escreve: “As correntes calmas e fortes da verdadeira espiritualidade, cujas manifestações são a saúde, a pureza e a imolação do próprio eu, têm de aprofundar a experiência humana, até que se veja que as crenças da existência material não passam de insolente imposição, e que o pecado, a doença e a morte cedem o lugar, para sempre, à demonstração científica do Espírito divino e ao homem de Deus, homem este espiritual e perfeito.” Ciência e Saúde, p. 99.
Quando nos volvemos a Deus de todo o coração e alma, vemos que Deus está sempre presente com Seu amor e conforto inesgotáveis. A compaixão demonstra que o homem é inseparável do Amor divino. Expressar compaixão verdadeira tornará nosso trabalho de cura mais rápido e eficaz.
 
    
