“O povão vive em silencioso desespero.” Henry David Thoreau, Walden, Cap. 1. Henry Thoreau talvez tivesse exagerado a situação, visando ressaltar seu ponto de vista. Mas, se há alguma verdade em sua observação, conquanto só até certo ponto, não seria porque existe tão pouco louvor no coração da humanidade?
Se nossa vida não oferece efusão de glória a Deus, nossa existência não passa de sombra indefinida restrita às arestas da experiência humana. Contudo, quando amamos a Deus e O honramos não só à vista do público mas na própria condução de nossos afazeres diários, avançamos na radiosidade de uma vida que tem finalidade, substância e possibilidades infinitas de fazer o bem. O Salmista disse-o corretamente quando se rejubilou: “Louvarei ao Senhor durante a minha vida; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu viver.” Salmos 146:2.
Hoje em dia, muitas pessoas amam a Deus genuinamente, mas muitas outras não consideram importante viver para a glória de Deus, ou nem sequer pensam nisso. Talvez algumas achem embaraçoso expressar louvor ao Ser Divino, o criador e causa invisível de toda realidade.
No entanto, o valor de nossas vidas, o bem a que podemos chegar na experiência humana, depende diretamente de onde nossa confiança e nossos afetos se acham centralizados e do que reconhecemos como a fonte do bem. Empenhamo-nos em progredir e obter êxito em nossos propósitos, porque acalentamos a matéria e seus supostos prazeres ou porque adoramos o Espírito infinito, o Princípio divino, o Amor? Satisfação real, propósitos verdadeiros, um constante sentimento de valia, resultam apenas de vivermos conscienciosamente para louvar a Deus, de cumprirmos Sua vontade e de nos amarmos uns aos outros como Deus nos ama.
O Cientista Cristão aprende que o relacionamento entre Deus, a Mente perfeita, e o homem, a idéia perfeita da Mente, é inviolável. A unidade do Espírito e seu reflexo puro, o homem espiritual, nunca pode ser desfeita ou dividida entre o dualismo da criação espiritual de um lado e a existência material do outro. Existe um só criador, Deus. Existe uma única criação, o universo espiritual, inclusive o homem. Tudo o que parece ser contrário aos fatos espirituais do ser é uma ilusão, uma crença errônea, que precisa ceder perante a verdade da realidade divina.
O estudante de Ciência Cristã descobre que ao orar, ao alinhar consciente e conscienciosamente seu pensamento com a verdade espiritual, começa a expressar um certo domínio sobre as limitações da experiência humana e sobre as transgressões do materialismo. Quanto mais oramos humilde e cientificamente, isto é, quanto mais oramos a partir do ponto de vista de Deus perfeito e homem perfeito como Sua expressão, tanto mais domínio expressamos. E nossa vida brilha cada vez mais com a radiação da bondade que proclama inequivocamente louvor a Deus.
A luz que brilha em nosso coração e em nosso rosto quando vivemos com alegria para fazer a vontade de Deus é vista e abençoa a todos que a presenciam. Cristo Jesus disse aos seus discípulos: “Vós sois a luz do mundo. Não se pode esconder a cidade edificada sobre um monte; nem se acende uma candeia para colocá-la debaixo do alqueire, mas no velador, e alumia a todos que se encontram na casa. Assim brilhe também a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai que está nos céus.” Mateus 5:14–16.
Jesus é o exemplo máximo de alguém cuja vida inteira deu louvor a Deus. Não há outro lugar em que isso ficou mais evidente do que na sua obra de cura. As curas por ele realizadas foram bem mais do que restabelecimentos notáveis do bem-estar físico. Foram obras de regeneração, em que as pessoas se voltavam para Deus, honrando-O como o único poder, o Tudo-em-tudo. Certa feita, um mendigo cego procurou Jesus e foi curado imediatamente por nosso Mestre. A Bíblia registra que “todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus” Lucas 18:43..
Dar glória a Deus é fundamental aos esforços sanadores dos Cientistas Cristãos. Eles se dispõem livremente a confiar no poder do Espírito para a cura, porque suas experiências, orações e estudo dão-lhes a certeza de que Deus é supremo e que Ele cuida ternamente de cada um de Seus filhos. Na cura cristã, o estudante de Ciência Cristã adora a Deus como a única causa onipotente, onisciente e onipresente. E a cura cristã — que não confia em nenhum outro poder senão Deus — demonstra a bondade infinita, ininterrupta, da realidade.
Quando estamos cheios de amor por Deus, é natural expressarmos gratidão do fundo de nosso coração por Seu poder curativo e pela forma como este nos tocou, redimiu e transformou. Mary Baker Eddy, que fundou a Ciência Cristã, fez constar no Manual de A Igreja Mãe um Estatuto que indica o significado profundo de cada uma dessas expressões de gratidão nos periódicos da Ciência Cristã e nas reuniões de testemunhos realizadas às quartas-feiras nas Igrejas de Cristo, Cientistas, por todo o mundo. O Manual afirma: “Testemunhar da cura dos doentes é de grande importância. Mais do que uma simples enumeração de bênçãos, escala o pináculo do louvor e ilustra a demonstração do Cristo, que ‘sara todas as tuas enfermidades’ (Salmo 103:3).” Man., § 24 do art. 8°.
Ao darmos glória a Deus por todo o bem em nossa experiência, por toda cura, por todo passo de progresso, encontraremos uma bênção ainda maior no relacionamento cada vez mais estreito que passamos a ter com o Amor divino, na percepção da unidade, que já se acha estabelecida, da Mente e da idéia. Quanto mais coerentemente honrarmos o Espírito infinito dia por dia, tanto menos propensos estaremos a deixar de considerar ou deixar de procurar a orientação de Deus em nossa vida. Somente quando as pessoas cessam de adorar e louvar a Deus é que cessam de confiar nEle, cessam de aderir a Sua lei.
Todos necessitamos depositar confiança contínua em Deus. O mundo necessita desesperadamente dessa confiança. Portanto, louvemo-Lo, deixemos que nossa luz brilhe, que a humanidade possa ver nossos esforços cristãos, e passe a dar glória ao único Deus supremo e Pai de todos nós.
