Perder — parece que perder é uma triste realidade da existência! As pessoas têm medo de perder a saúde, o emprego, os entes queridos, o lar, as posses. E, oculto sob todos esses temores, há ainda o medo de perder a própria vida. O que se pode fazer?
A Sra. Eddy sofreu perdas graves na primeira etapa de sua vida, mas, mesmo assim, mais tarde escreveu, com suprema confiança e amor:
Feliz me faz’ por meu atroz chorar,
Por desalento, ingratidão, desdém.
Espera, ama, ante ódio e mal,
Pois perda é ganho. Deus é o sumo bem.Hinário da Ciência Cristã, n° 207.
“Perda é ganho” — à primeira vista, surpreendente declaração. O que é que perdemos, o que é que ganhamos? Consideremos alguns exemplos.
À medida que envelhecemos, acredita-se em geral, perdemos o vigor da juventude. Isso, porém, não está de acordo com a vontade de Deus para com os Seus amados filhos. Diz o livro de Isaías: “Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, ... nem se cansa nem se fatiga? ... os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.” Isaías 40:28, 31.
Não nos garantem essas palavras por acaso que nossas forças não dependem de sermos jovens ou velhos, mas de nossa unidade consciente com nosso Pai, o qual nos fez à Sua imagem? Logo, o processo de envelhecimento não é uma lei, e, sim, uma crença mortal baseada no ponto de vista de que o homem seja material, ao invés de ser a semelhança eterna de Deus. O fato de ter uma pessoa perdido essa crença restritiva e ter aceitado a verdade de que o homem é imortal e inteiramente espiritual, manteve em muitos casos em plena atividade e vigor gente com mais de noventa anos. Portanto, abandonemos a noção deprimente de que o passar dos anos inevitavelmente traz declínio e aceitemos a promessa revigorante da Bíblia, promessa de renovação perpétua!
Um dos temores mais difundidos, nos nossos dias, é o temor de possível desemprego — perda do trabalho, do suprimento para as necessidades diárias, do sentimento de valor próprio. Todo mundo gosta de sentir-se necessário. Ao recorrermos a Deus como a fonte de todo o bem, descobrimos que o verdadeiro trabalho de cada um de nós é o de refletir a Deus, e cada indivíduo O reflete de maneira única e especial. Quando nos apoiamos de todo o coração nessa verdade e tratamos de servir a Deus sinceramente, encontramos o emprego humano correto. Este será adequado à nossa capacidade e constituirá uma bênção para nós e para todos aqueles com quem entramos em contato.
Há alguns anos, depois de pensar e orar muito, solicitei a um professor de Ciência Cristã que me admitisse em seu curso, e fui aceita. Pedi, em meu emprego, uma licença de duas semanas, sem gozo de ordenado, a fim de fazer o curso. Meu pedido não foi aprovado, e sugeriram que eu tratasse de fazer esse curso num momento mais oportuno para o meu empregador. Isso significaria, naturalmente, solicitar admissão à classe de outro professor e não daquele que eu havia selecionado mediante oração. Em carta, expliquei esse pormenor, e, de novo, meu pedido foi rejeitado. Num passo seguinte, pedi uma entrevista ao funcionário que era o superior hierárquico daqueles com quem eu havia falado até então. Concedeu-me a entrevista. Uma vez mais, expliquei as circunstâncias e, uma vez mais, meu pedido foi negado.
Nesse ponto, compreendi que ia nisso o desafio de tomar posição a favor do Princípio, Deus. Enfrentei a sugestão de que poderia prejudicar minha carreira, se persistisse em meu plano original, e estudei e orei, procurando orientação. Em nenhum momento me ocorreu cancelar os planos feitos com o professor que havia escolhido. Pela oração, compreendi que eu estava mais disposta a perder o emprego do que a desistir de fazer o curso ou transferi-lo para mais tarde. Chegando a essa conclusão, escrevi mais outra carta, na qual explicava, da maneira mais clara que podia, as razões pelas quais me sentia impelida a persistir em meu pedido. Incluí na carta a frase “o que abençoa um, abençoa todos” Ciência e Saúde, p. 206. — que faz parte de uma declaração da Sra. Eddy em Ciência e Saúde. E esclareci que não teria solicitado uma licença se não estivesse segura de que abençoaria a todos os envolvidos. Logo recebi resposta, e me concediam a licença.
Tudo foi resolvido como uma bênção. Eu não tinha recursos financeiros com que pagar pelo curso ou pelas acomodações necessárias, mas confiei em Deus para que minha necessidade fosse atendida. E esta foi atendida, pois meus chefes ofereceram-me a oportunidade de trabalhar algumas horas de noite, pelo que me pagariam salário extra. Assim pude fazer o curso, com profundo sentimento de liberdade e de gratidão. E não somente meu emprego permaneceu seguro, mas no ano seguinte fui promovida a uma posição muito melhor. A ameaça de perda se havia transformado em ganho!
Na realidade, nunca podemos perder nada de bom, pois tudo aquilo que é bom, por definição, provém de Deus. Portanto, o que é que perdemos? Nada mais que um conceito falso, um conceito errado, uma noção errônea da realidade. Cristo Jesus disse: “Quem ... perde a vida por minha causa, achá-la-á.” Mateus 10:39. Em três episódios registrados nos Evangelhos, Jesus restaurou a vida de pessoas que haviam morrido: a filha de Jairo, que havia falecido fazia relativamente pouco tempo; o filho de uma viúva em Naim, o corpo do qual ia sendo levado para ser enterrado; e Lázaro, cujo corpo já estava na tumba havia quatro dias. Ver Lucas 8:41, 42, 49–56; Lucas 7:11–17; João 11:1–44. Ciência e Saúde diz: “Jesus ressuscitou Lázaro pela compreensão de que Lázaro nunca havia morrido, e não por admitir que seu corpo havia morrido e depois voltara a viver.” Ciência e Saúde, p. 75.
Tudo o que Jesus ensinou e viveu, inclusive sua clara percepção de que jamais se pode perder a vida, permitiu a ele sair de sua própria tumba no terceiro dia depois da crucificação. É reconfortante compreender que a prova vencida por nosso Mestre permanece para sempre como alvo a ser imitado por todos! Será necessário um enorme crescimento espiritual, para que possamos aproximar-nos da capacidade de Jesus para vencer a morte. Podemos; porém, começar por vencer a tristeza mediante a compreensão da presença consoladora do Amor. E todo exemplo de cura que conseguimos, ao praticar as normas da Ciência Cristã, nos faz adiantar no caminho ao longo do qual chegaremos a obter domínio completo sobre todas as crenças de perda.
A Ciência Cristã veio a esta era a fim de despertar a humanidade, da escuridão e da miséria de um universo material, pleno de desilusões e perdas, à compreensão cristão do reino perfeito de Deus, reino que sempre existiu e que constitui a única realidade. Esse reino é o reinado do bem absoluto que não conhece o mal, da Vida eterna que não conhece a morte, do reino que Jesus disse estar dentro em nós e no qual todos somos os filhos amados do Pai único e infinito, e onde refletimos a natureza de Deus de maneira ilimitada e ininterrupta. Esse reino não é “bom demais para ser verdadeiro”, como pretende a mente mortal, mas bom demais para não ser verdadeiro! E encontraremos esse reino na consciência, na proporção de nossa obediência ao que o Mestre, Cristo Jesus, ensinou, e a Sra. Eddy escreveu. Podemos todos decidir seguir o Mestre com fidelidade, e podemos, diariamente e a toda hora, dar provas de que a “perda é ganho”.
 
    
