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Vô Paulo

Da edição de julho de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Era inverno. Mamãe, papai, meus dois irmãos gêmeos e eu estávamos passando o fim de semana em nossa casa de praia. Tínhamos brincado na praia quase o dia inteiro, bem agasalhados devido à chuva. Depois, agrupamo-nos em volta da lareira para aquecernos antes de ir dormir. Naquela noite, bem tarde, o telefone tocou. Acordei e ouvi meu pai atender. Papai não falou muito. Depois de desligar, veio conversar comigo. Disse-me que o Vô Paulo tinha falecido.

A princípio, chorei. Vô Paulo era meu bisavô, e eu gostava muito dele. Não queria que ele fosse embora. Depois, olhei para o canto da sala onde ele sempre sentava quando, nos meses de verão, morava na casa de praia. Comecei a relembrar as coisas boas que ele tinha me ensinado.

“Pegue o livro”, dizia. “Pois bem, vejamos, qual é o monte mais alto do mundo?”

“O Everest.”

“E o maior deserto?”

“O Saara.”

“Qual é o menor continente?” queria saber.

E eu dizia: “A Austrália.”

Lembrei-me de que Vô Paulo havia-me ensinado as capitais de todos os estados, antes que a professora ensinasse esse ponto na escola. Também fiquei pensando nas histórias que ele contava, do tempo em que era moço e viajava pelo país, das ocasiões em que apareciam na praia restos de navios naufragados, dos dias em que havia ursos nas dunas de areia. Vô Paulo também me ensinara a tocar “Oh, Susana” na gaita de boca.

Aí pensei no que consistia o bem. Pensei que o bem existente em qualquer amizade profunda, nunca se pode perder. Mesmo que a gente não possa mais ver a outra pessoa. Eu havia aprendido, na Escola Dominical da Ciência Cristã, que tudo de bom vem de Deus. E, se procede de Deus, é eterno. Isso quer dizer que o bem não tem começo ou fim. Pensei: “O Vô Paulo não acabou para mim. Mesmo que eu não possa pegar o telefone e conversar com ele, posso pensar no bem que ele me proporcionou, e posso compartilhar isso com meus amigos. Vô Paulo amava tanto, e o seu amor não pode estar perdido, pois o amor procede de Deus, e Deus está sempre conosco.”

A morte é a crença de que a vida e a bondade possam começar e acabar; que estão na matéria. A bondade procede de Deus e não pode acabar nunca, pois Deus não pára nem começa, está, simplesmente, sempre aí.

Lembrei-me então da Oração do Senhor, que Cristo Jesus ensinou a seus discípulos, no Sermão do Monte. Uma parte da oração diz: “E não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal.” Mateus 6:13. Em Ciência e Saúde, onde dá o sentido espiritual dessa oração, a Sra. Eddy escreve: “E Deus não nos deixa cair em tentação, mas livra-nos do pecado, da doença e da morte.” Ciência e Saúde, p. 17. Eu sabia que não podia cair na tentação de acreditar que todo o amor que o Vô Paulo dera, sentira e vivera, podia ter morrido. Não podia. E, toda vez que eu pensava nele, ainda sentia amor por ele. Logo, meu amor por ele também não poderia morrer.

A última linha da Oração do Senhor diz: “Pois teu é o reino, o poder e a glória para sempre.” Mateus 6:13. E Ciência e Saúde diz: “Pois Deus é infinito, todo poder, todo Vida, Verdade, Amor; está acima de tudo, e é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 17.

Como Deus fez-nos a todos à Sua imagem e semelhança, nunca podemos ficar separados da Vida eterna e do amor de Deus. Vô Paulo certamente não poderia, e nem eu.

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