Skip to main content Skip to search Skip to header Skip to footer

Emprego para viúva com filhos

Da edição de julho de 1987 dO Arauto da Ciência Cristã


Quando o desemprego torna-se problema nacional e jornais e revistas publicam manchetes alarmantes falando em milhões de desempregados, a pessoa que não está recebendo regularmente um salário poderia deixar-se abater pela conclusão negativista: “Como posso ter esperança de arranjar emprego, quando existem milhões de homens e mulheres desempregados? Não significo nada — sou apenas um dado estatístico!”

Era essa a situação nos Estados Unidos da América no começo da década de trinta — antes que uma comissão nacional, destinada à Administração de Projetos de Trabalho, se encarregasse da recolocação de pessoas desempregadas. Uma viúva jovem, com a filha em idade pré-escolar, precisou abrigar-se na casa de seus pais. Sentia-se derrotada, deslocada e completamente inútil. As suas habilidades pareciam indesejadas. Até mesmo as responsabilidades de mãe pareciam sem sentido, pois sua própria mãe tinha mais experiência, amava muito a neta e dispunha-se prazerosamente a cuidar dela. Havia à sua frente um muro de pedra alto demais para ser escalado, pensava ela. E ainda que fosse capaz de escalar o muro — haveria do outro lado algo que valesse a pena a escalada? E tinha dúvidas a esse respeito. Então, como não percebesse nenhuma outra saída, orou, baseando-se no salmo vinte e três, buscando obter uma perspectiva mais elevada.

“O Senhor é o meu pastor: nada me faltará. ...” Porém, na verdade faltavam-lhe muitas coisas — tinha muitas necessidades. Precisava de um emprego, de ter sua própria casa, de ter marido. A lembrança dessas necessidades trazia-lhe lágrimas aos olhos. Lágrimas iradas de frustração e autopiedade.

Enxugou as lágrimas e voltou à oração. “Ele me faz repousar em pastos verdejantes. ...” Em realidade ela se encontrava repousando em pastos verdejantes — ou seja, sentia-se tranqüila, protegida e cuidada, na casa dos pais. Isso dava, sem dúvida, motivo à gratidão; e a gratidão, de acordo com os ensinamentos que recebera na Escola Dominical da Ciência Cristã, era o primeiro passo em direção à cura.

“Leva-me para junto das águas de descanso ....” A água, ponderou ela, satisfazia a mais de uma necessidade. Saciava a sede e limpava. Era essencial ao crescimento das plantas. Bem, talvez ela própria estivesse crescendo. Simbolizariam as águas de descanso reflexão? Este era, sem dúvida, um bom momento para refletir — e quase para nada mais. E, quanto à limpeza? Era-lhe possível remover as nódoas da autocompaixão, da mágoa, do desânimo, do ódio. Vasculhar sua consciência e enxagüá-la, eliminando dela tudo o que fosse dessemelhante do bem.

“Refrigera-me a alma. ...” O termo alma, que nesse trecho quer dizer “sentido espiritual”, significa Deus, quando escrito com letra maiúscula. Havia aprendido isso, sobre Deus, na Escola Dominical. Ver Ciência e Saúde 578:8. E também se lembrou desta afirmação da Sra. Eddy: “O Espírito, a Alma, não está encerrado no homem e nunca está na matéria.” Ibid., p. 467.

Certamente podia estabelecer uma relação com o termo encerrado — pois era assim, aprisionada, que realmente se sentia, em sua situação pessoal. Mas, para que recuperasse o seu sentido espiritual, o seu sentido de Deus, a Alma, ser-lhe-ia indispensável vislumbrar o rumo para sair da situação material de desemprego e frustração. E como consegui-lo, num mundo em que ela não passava de um dado estatístico?

“Guia-me pelas veredas da justiça por amor do seu nome. ...” Bem que ansiava ser guiada por veredas justas — e retomou a oração: “Mostra-me o caminho apenas, Pai. Eu o seguirei!”

Naquele exato momento, baixou os olhos para o chão da cozinha. O gatinho havia derramado o leite de sua vasilha e deixara pegadas por todos os lados. A criança havia espalhado migalhas de pão, embaixo e em volta do cadeirão. O chão estava na mais completa desordem. Por que ninguém o havia percebido? Viu cada uma das manchas, naquele chão, repentinamente ampliada. Por que ela não as havia percebido — e por que se fazia tão importante agarrar um balde, enchê-lo de água tépida, pegar uma esponja limpa, um pouco de sabão e um pano e começar a lavar aquele chão? Logo iniciou o trabalho, com vigor e alegria. Esfregou o chão, cantou hinos, ponderou e avaliou todos os pensamentos, novos e brilhantes, que lhe vinham à consciência.

“O emprego encontra-se justamente onde você está — ao fazer aquilo que precisa ser feito — e fazendo-o para a glória de Deus”, pensou. “O trabalho consiste na circulação de idéias corretas” — idéias espirituais que se originam em Deus. Enquanto continuava a trabalhar, afluíam-lhe novas idéias.

Ela sempre se esquivara do trabalho doméstico por se considerar do “tipo artístico”, boa demais para desempenhar tarefas insignificantes. Era criativa por natureza e gostava muito de ritmo, poesia, arte. Dizia-se também favorável à desordem — que esta a fazia sentir-se bem. Agora já estava mudando de idéia. Havia ritmo na esponja ... música nos respingos da água caindo ... modelos de beleza e luz no linóleo quando, no chão limpo, começou a refletir-se a luz do sol coada pela janela da cozinha. Não seria bela surpresa para sua mãe chegar em casa e encontrar o chão limpo, a cozinha arrumada? Nas semanas anteriores, a jovem senhora estivera mergulhada num sentido de eu mortal, preocupando-se consigo, mimando o seu eu, protegendo o seu eu. Agora, provara o novo sabor, refrescante, do amor abnegado. Curioso, descobri-lo no chão da cozinha!

“Preparas-me uma mesa ...” cantou, o Salmista. (A toada era de sua autoria.) Subitamente, tocou o telefone. Era uma voz amiga: “Trabalho sensacional — num escritório pequeno e tranqüilo — quem manda lá é uma pessoa excelente. O salário não é muito, mas precisam de alguém exatamente como você.”

De suas orações, contudo, resultou algo mais do que um trabalho. Veio a cura completa do desemprego. Nunca mais, desde aquela época — e isso foi há meio século — aquela mulher esteve sem emprego. Sabia exatamente o que fazer para estar verdadeiramente empregada: glorificar a Deus.

Havia aprendido no chão da cozinha que se glorifica a Deus fazendo a tarefa mais à mão ... e, logo, a seguinte e a seguinte e mais a seguinte — e que cada uma fazia parte do plano estabelecido pelo Pai, plano que se desdobrava. E, o que resultou desse empenho em seguir o Cristo? A Sra. Eddy o diz na sua interpretação da última parte do salmo: “Habitarei na casa [a consciência] do [Amor] para todo o sempre.” Ibid., p. 578.


Tens ouvido, Senhor, o desejo dos humildes;
tu lhes fortalecerás o coração, e lhes acudirás,
para fazeres justiça ao órfão e ao oprimido,
a fim de que o homem, que é da terra,
já não infunda terror.

Salmos 10:17, 18

Para conhecer mais conteúdo como este, convidamos você a se inscrever para receber as notificações semanais do Arauto. Você receberá artigos, gravações em áudio e anúncios diretamente via WhatsApp ou e-mail.

Inscreva-se

Mais nesta edição / julho de 1987

A missão dO Arauto da Ciência Cristã 

“...anunciar a atividade e disponibilidade universal da Verdade...”

                                                                                        Mary Baker Eddy

Conheça melhor o Arauto e sua missão.