Hoje em dia, fala-se muito nas violências, assaltos e violações que há. Deter-me em tais ocorrências, poderia facilmente roubar-me a oportunidade de passar meu período de estagiária numa grande cidade. No entanto, a Ciência Cristã ensina que há segurança em Deus, e essa foi a rocha em que me firmei. “Mantém o pensamento firme nas coisas duradouras, boas e verdadeiras e farás com que elas se concretizem na tua vida, na proporção em que ocuparem teus pensamentos”, escreve a Sra. Eddy em Ciência e Saúde (p. 261). A Bíblia diz (Salmos 46:1): “Deus é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas tribulações.”
Meu estágio veio a ser verdadeira bênção, mas não foi sem desafios. Uma tarde, ao anoitecer, fui abordada por um jovem que avançou por trás e pegou minha bolsa com uma mão. Na outra segurava um pequeno revólver, e encostou-o na minha cabeça. O rosto dele estava coberto por uma máscara de esqui. Deixei minha bolsa cair do ombro. Meu coração batia duas vezes mais rápido que o normal, mas em pensamento voltei-me imediatamente a Deus. Minha voz estava calma, quando falei: “Você não precisa fazer isso.” Outros pensamentos e verdades espirituais começaram a me acudir, tais como estes, de Ciência e Saúde (p. 471): “O homem é, e sempre foi, o reflexo de Deus. Deus é infinito, portanto sempre presente, e não há outro poder ou outra presença.”
“Você tem um grande potencial”, eu disse ao jovem, passando a vê-lo menos como uma ameaça e mais como ele realmente era — o homem criado por Deus, inteiramente espiritual. De repente, numa voz apavorada, o jovem ameaçou disparar a arma. Mas eu estava tão certa da verdade, da natureza do homem à semelhança de Deus, que não tive medo.
A história de Daniel na cova dos leões veio-me ao pensamento naquele instante (ver Daniel, capítulo 6). Daniel passou a noite numa cova de leões, porque se recusou a obedecer ao decreto do rei Dario que impedia a adoração verdadeira. Apoiando-se apenas em Deus para se proteger, Daniel não foi molestado e disse ao rei, na manhã seguinte (Daniel 6:22): “O meu Deus enviou o seu anjo, e fechou a boca aos leões, para que não me fizessem dano, porque foi achada em mim inocência diante dele; também contra ti, ó rei, não cometi delito algum.”
O jovem se voltou e entrou num beco. “Você não precisa tomar nada de ninguém”, eu lhe disse. “Você tem tudo o que realmente precisa.” Enfiou meu dinheiro (dois dólares) na meia. Enquanto eu ajuntava o conteúdo de minha bolsa, recusei-me a abandonar a verdade que eu tinha entendido tão claramente: que esse homem era de fato a imagem de Deus, Sua idéia.
Então uma voz muito humilde falou por detrás da máscara: “Nunca mais faço isso de novo.” Guardou a arma e vagarosamente tirou a máscara, de olhos no chão. Notei que ele era muito jovem — provavelmente em idade de escola secundária. Juntos, caminhamos para fora do beco. Quando chegamos à rua, ele retirou da meia os meus dois dólares e pôs-me o dinheiro na mão. “Não quero mais isso”, disse, e se foi. Senti-me maravilhosa, cheia de gratidão e em paz.
A Sra. Eddy escreve em Ciência e Saúde (p. 406): “Resiste ao mal — ao erro de toda espécie — e ele fugirá de ti.” Também o livro Ciência e Saúde inclui esta orientação (p. 571): “Em todos os tempos e em todas as circunstâncias, vence tu o mal pelo bem. Conhece-te a ti mesmo, e Deus te dará a sabedoria e a ocasião para conseguires a vitória sobre o mal. Revestido com a panóplia do Amor, estás ao abrigo do ódio humano.”
Cerca de dez minutos após nos havermos afastado um do outro, chegou uma rádio patrulha da polícia. “A senhora foi assaltada há pouco?” perguntou um policial. “Alguém nos avisou, dando descrições suas e de um assaltante que estava mascarado e armado.” Outra rádio patrulha chegou então, com o jovem. Os policiais haviam apreendido a arma e ma mostraram, completamente carregada. “Teve sorte, se salvou”, me disseram. Mas eu sabia que não fora por sorte. Fora o amor e o poder de Deus o que me protegera e o que também me capacitara a amar o próximo de maneira verdadeiramente prática.
Não dei queixa à polícia contra o rapaz, o qual foi, no entanto, processado pelo Estado por estar portando uma arma carregada. Como o jovem tinha apenas dezessete anos, seu registro de antecedentes como menor não pesaria contra ele ao se tornar adulto e, por isso, fiquei muito agradecida.
Estou muito grata por meus pais e por todos aqueles que me animaram a buscar Deus com o auxílio da Bíblia e dos escritos da Sra. Eddy, a fim de entender melhor o amor curativo de nosso Pai-Mãe.
St. Louis, Missuri, E.U.A.
