Acaso você recentemente percebeu que está havendo um renovado apreço pela harmonia nas famílias? Programas de televisão que apresentam um relacionamento terno e agradável entre pais e filhos, ganham em popularidade. Editoras lançam um bom número de livros cujo tema é o da restauração de relações familiares desfeitas.
Fico grata por estes sinais animadores, mas penso, também, que será necessário algo mais confiável e estável do que boas intenções e esforços humanos, a fim de sanar e governar situações discordantes em que pais e filhos ou não se dão bem ou estão de relações estremecidas. Precisamos chegar aos fatos espirituais acerca da situação e submetê-la a Deus.
A Bíblia nos é fonte indispensável de ajuda. Contém verdades espirituais inalteráveis, as quais, ao longo dos séculos, auxiliaram muitas pessoas a atender às exigências da vida diária. Faz-nos volver a Deus em oração para compreender a verdadeira natureza espiritual de Deus e do homem e para perceber a nossa eterna relação com Deus e, por extensão, com nossos semelhantes. Mostra-nos as bênçãos que advêm aos que estão dispostos a obedecer a Deus.
No Antigo Testamento, Moisés, o libertador dos filhos de Israel, reconheceu a suprema importância da lei moral como um acompanhamento essencial à liberdade. Recebeu os Dez Mandamentos de Deus como lei divina (ver Êxodo 20:3–17) — a lei do Princípio divino. Essa lei permeou a vida de Moisés e a das pessoas que estavam dispostas a seguir as ordens de Deus.
O quinto mandamento dispõe: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá.” Êxodo 20:12. Esse mandamento define claramente o que cada um deve a seus pais. É uma obrigação religiosa e moral; é uma orientação direta e sem rodeios. E promete bênçãos.
O Novo Testamento mostra Cristo Jesus não só honrando e citando os Dez Mandamentos mas, também, destacando o mais profundo significado deles e suas implicações. (Ver Mateus 5:21–24, 27–32; Marcos 7:5–13; Lucas 10:25–28.) Disse: “Não vim para revogar, vim para cumprir.” Mateus 5:17. Como cristãos, aceitamos Cristo Jesus como nosso Guia e procuramos seguir seu exemplo no viver e no curar.
Ora, algo mais do que a mera letra da lei se faz necessário para animar os Mandamentos com poder curativo e com graça. Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência CristãChristian Science (kris'tiann sai'ennss), escreve: “As Escrituras requerem mais do que uma simples admissão e uma fraca aceitação das verdades que apresentam; requerem uma fé viva, a qual de tal forma incorpore suas lições em nossa vida que essas verdades se tornem o poder propulsor de cada ação.” Miscellaneous Writings, pp. 196-197.
Atender às exigências do quinto mandamento pode, às vezes, parecer difícil, mas o quanto de alívio e alegria segue a obediência a ele, mostra-se na seguinte experiência.
Uma jovem deu-se conta de que não obedecia a esse mandamento. Alimentava um amargo ressentimento contra o pai, cujo alcoolismo maculara-lhe a infância e a adolescência. As humilhações e a insegurança financeira traziam sofrimentos à família toda. E agora os pais estavam divorciados.
A jovem achava que sua posição intransigente contra o pai não era compatível com a atitude cristã e com o passo, que recentemente havia dado, de tornar-se membro de uma filial da Igreja de Cristo, Cientista. Mas, o que fazer? Honrar os pais num sentido cristão e científico não significa que se deva honrar um mortal que é abusivo, dominador, imoral ou bêbado.
A filha compreendeu que seu verdadeiro Pai era Deus, o Pai e Mãe de toda a criação. Como Sua filha, ela nunca havia estado separada da Vida e do Amor divinos. Exatamente onde o quadro humano parecia mostrar discórdia e desarmonia desenfreadas, a vontade de Deus e a harmoniosa expressão de Sua natureza pura no homem eram tudo o que, em verdade, estava ocorrendo. Entendido esse fato espiritual, percebeu que não havia necessidade de apegar-se a um conceito falso e mortal de história.
A seguir, deu-se conta de que precisava ver seu pai como Deus o criara, e assim separar do homem o erro do alcoolismo, e ver a este como inverídico e irreal. Isso exigia uma mudança radical no seu modo de pensar. Cristo, a Verdade, impelia-a a ir avante e a reconhecer, na identidade real do pai, a eterna expressão da perfeição divina.
Orando desse modo, sentiu o desejo de abandonar toda vontade humana e de obedecer ao mandamento, com uma visão mais clara acerca do pai, tal como este era em realidade, o amado reflexo de Deus, imortal e não mortal, nunca o fantoche do mal. A jovem lembrou-se da gentileza e do amor que ele muitas vezes expressara, e os apreciou. Uma onda de amor crístico e de afeto pelo pai encheu-lhe o coração. O ressentimento desapareceu.
A jovem sentiu-se inspirada a escrever uma carta conciliatória e amorosa ao pai, que vivia a certa distância. Não houve resposta imediata, mas ela continuou a orar e a pensar da maneira descrita.
Seis meses depois, recebeu dele um cartão de Natal, acompanhado de uma carta, dizendo que a carta dela lhe chegara qual “uma brisa fresca” (suas palavras), numa ocasião em que, depois de haver pedido a ajuda de Deus para vencer o hábito de beber, havia alguns dias não sentira desejo nenhum por álcool. Sabia agora que a cura fora permanente, e isso ficou comprovado. Pai e filha deram-se força e apoio recíprocos pelo resto da vida dele. A cura levou à reconciliação dos pais e a um novo casamento. Quanta alegria, imprevista mas prometida, além da cura, a filha encontrou, em resultado de obedecer ao quinto mandamento!
“A causa predisponente e a causa determinante de toda derrota ou vitória sob o sol, assenta nesta base científica: que a ação, em obediência a Deus, espiritualiza os motivos e os métodos do homem e os coroa de êxito; enquanto a desobediência a esse Princípio divino materializa os métodos e a consciência humanos, e os derrota” Ibid., pp. 267-268., escreve a Sra. Eddy.
Quando refletimos as qualidades crísticas de sabedoria, paciência, mansidão e amor, a lei divina sustenta-nos no esforço de obedecer ao quinto mandamento e de fundamentar nele as relações entre pais e filhos. Inabalavelmente fiéis a esse mandamento, ajudamos a estancar a erosão dos valores morais e espirituais na sociedade em geral, e da harmonia e unidade na família em particular. Em razão dessa obediência, nossos motivos para amar os pais, e nossos métodos de amálos, ficarão espiritualizados e serão coroados de êxito.
 
    
