Grande parte do pensamento do mundo está fortemente centralizado na aquisição de artigos de primeira necessidade, tais como alimentos, habitação, recursos naturais e dinheiro. Em vista disso, a declaração da Sra. Eddy em Ciência e Saúde acerca das nossas necessidades talvez pareça surpreendente. Escreve ela: “Aquilo de que mais necessitamos, é a oração motivada pelo desejo fervoroso de crescer em graça, oração que se expressa em paciência, humildade, amor e boas obras.” Ciência e Saúde, p. 4.
De início essa observação da Sra. Eddy talvez indique a expressão de uma compreensível impaciência com a preocupação da humanidade em alcançar objectivos materiais. Tal apreciação dessa frase implicaria, no entanto, na não apreensão do seu significado mais profundo no contexto dos ensinamentos e da prática da Ciência Cristã. É a afirmação inspirada e vital da nossa necessidade de cultivar um estado de consciência mais crístico, maior receptividade à presença e ao poder de Deus, manifestado nos assuntos humanos. Essa consciência da presença e do controle de Deus enriquece nossos afetos, elevando e purificando nossas vidas.
O Mestre Cristo Jesus estabeleceu o exemplo supremo de “paciência, humildade, amor e boas obras” no seu ministério de cura e salvação. Sua vida mostrou que toda a humanidade pode despertar para o conhecimento de Deus como Espírito infinito, Amor divino, o Tudo-em-Tudo, e para a natureza inteiramente espiritual do homem.
Nosso Mestre não ignorava os detalhes específicos das necessidades humanas, como suas obras amplamente ilustram. Mas enfatizou a necessidade de pôr as coisas mais importantes em primeiro lugar. Por isso disse: “Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino [o reino de Deus] e a sua justiça, e todas estas cousas vos serão acrescentadas.” Mateus 6:33. A qualidade da graça é muito necessária nos assuntos humanos, para a conservação ou restauro da harmonia no lar, nos negócios, na igreja, na comunidade e nas relações mundiais. Não é de forma alguma um luxo ou um conceito religioso abstrato.
Orar por crescimento em graça, assim como verdadeiramente qualquer oração, exige que obedeçamos à injunção de Jesus: “Buscai, pois, em primeiro lugar o seu reino e a sua justiça....” Ou seja, precisamos orar para ver com maior clareza o fato espiritual presente de que a única Mente do homem é Deus, a Mente divina. Então poderemos rejeitar como falsa crença a noção de que o homem tem mente separada de Deus, formada e moldada por hereditariedade, acontecimentos trágicos ou traumáticos, e outras influências negativas, as quais nos fariam acreditar que somos mortais, sujeitos a traços de caráter muito afastados da graça.
Se tivermos aceito o quadro mortal do que constitui a consciência do homem, podemos descartá-lo mediante o reconhecimento, obtido em oração, de que não há mente separada de Deus. Devemos vigorosa e persistentemente apegar-nos ao fato espiritual de que é inseparável a relação entre o homem e a Mente divina. O esforço não é no sentido de fazer de um mortal discordante e desgraçado um mortal melhorado. Pelo contrário, oramos para enxergar espiritualmente que o homem de Deus — nossa identidade real — nunca foi menos do que a expressão perfeita da Mente divina.
O despertar, no nosso pensamento, das verdades pertinentes ao inquebrantável relacionamento do homem com a Mente, é a ação do Cristo, a Verdade, que progressivamente ajusta nossas vidas de acordo com a realidade espiritual. A importância, ou melhor, a urgência de orar por crescimento em graça é facilmente reconhecida quando se avalia o que tal ação inclui. Qualquer cura pela Ciência Cristã é o resultado direto da oração e do despertar espiritual, visível à medida que vemos a irrealidade do pensamento discordante, baseado na matéria, e o substituímos com a verdade espiritual da inseparável relação do homem com Deus. As condições discordantes evaporam-se quando largamos propensões tais como ira, medo, ódio, luxúria, malícia e desonestidade e substituímos esses erros por qualidades provenientes da graça, tais como paciência, compaixão, bondade, humildade, mansidão, honestidade e moralidade.
Algumas das profundas implicações do progresso espiritual são salientadas pela declaração da Sra. Eddy em Miscellaneous Writings: “Quando um coração faminto suplica ao divino Pai-Mãe Deus por pão, não recebe uma pedra, senão mais graça, obediência e amor. Se esse coração humilde e confiante fielmente pedir ao Amor divino que o alimente com o pão do céu, saúde, santidade, será correspondido com a disposição de receber a resposta ao seu desejo; então fluirá dentro dele a ‘torrente das Suas delícias’, o afluente do Amor divino, e seguir-se-lhe-á grande crescimento na Ciência Cristã — precisamente essa alegria que acha seu próprio bem no bem do próximo.” Mis., p. 127.
A “Oração Diária”, constante do Manual de A Igreja Mãe, de autoria da Sra. Eddy, deixa clara a obrigação de os estudantes de Ciência Cristã orarem diariamente por maior influência divina expressa nos seus assuntos humanos e nas vidas de todos os homens. Essa oração diz o seguinte: “ ‘Venha o Teu reino’; estabeleça-se em mim o reino da Verdade, da Vida e do Amor divinos, eliminando de mim todo o pecado; e que a Tua Palavra enriqueça as afeições de toda a humanidade, e a governe!” Man., § 4º do Art. 8º.
Os ajustamentos, contra-pesos e avaliações necessários para vencer problemas tais como a fome e a explosão demográfica, e estabelecer a coexistência pacífica das nações, provêm de mudanças no pensamento, de enriquecimento dos afetos. E por intermédio da “Oração Diária” apoiamos os esforços da humanidade em alcançar uma expressão mais ampla e mais elevada de amor, em vencer a apatia e o medo, e usar inteligentemente os recursos mundiais, humanos e naturais. Tal oração, feita diariamente e com sinceridade, amplia nosso conceito da paternidade e maternidade de Deus, bem como da fraternidade espiritual de toda a humanidade. Como o Mestre enfatizou tão claramente, nosso amor a Deus não pode ser separado de nosso amor ao próximo.
Através da oração baseada na compreensão espiritual, o pensamento humano cede progressivamente a um sentido mais amplo do amor e cuidado de Deus para com toda a Sua criação. Tal regeneração espiritual, dia a dia, nos permite desfazer-nos das concepções erradas que mantém a humanidade no cativeiro da mortalidade. Oferece tanto a nós como aos outros oportunidades diárias de fazer a caminhada mais suavemente, com mais coragem e alegria.
