Em geral não pensamos na inocência como algo que pode ser encontrado. Pensamos tratar-se de algo inevitavelmente perdido, por se viver naquilo que já foi chamado este “mundo tristemente corrupto”. Aceitamos que as crianças pequenas a possuem, por breve tempo, trocada à custa de crescer. Depois, já adultos, desejamos possuir de novo a inocência da infância.
A história repete-se. Quão freqüentemente, e com que facilidade, temos a tendência de contemplar-nos a seguir esse trilho que nos torna menos inocentes e mais mundanos a cada dia que passa. Mas se essa visão acerca do homem é verdadeira, então como é que Cristo Jesus curou os pecadores e os declarou livres, com autoridade divina, dizendo: “Vai, e não peques mais”? João 8:11. Ou será que as curas do pecado realizadas pelo Mestre não nos deveriam levar a questionar a pretensão de que o homem é irremediavelmente corrupto? Se o pecado é uma condição inevitável, de alguma forma permitida pela Divindade, então Jesus nunca poderia tê-lo curado. Mas ele o curou, e assim baniu as reivindicações do pecado naqueles que curou.
Todos temos que enfrentar e curar a fraqueza moral, quer seja caráter violento, desonestidade, egoísmo, ganância, vício, sensualismo. Devemos curar os elementos do pensamento carnal que a humanidade tende a acreditar fazerem parte natural dos adultos. Podemos começar a curar qualquer deles (não importa quão inveterado seja), se estivermos dispostos a seguir o exemplo de Cristo Jesus. Não é verdade que o Mestre curou pecadores por meio da clara compreensão da sua verdadeira individualidade espiritual, para sempre pura, expressando a natureza do criador, Deus? O profundo amor de Jesus a Deus e ao homem por Ele criado, libertou os outros para exprimirem a pureza de sua própria identidade. O tremendo exemplo de Jesus foi dado como promessa e possibilidade a cada um de nós.
A cura do pecado é inevitável — mesmo se às vezes consiste de enorme luta, como o Apóstolo Paulo ilustrou com tanto conhecimento quando escreveu: “Não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. ... Desventurado homem que sou! quem me livrará do corpo desta morte? Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor.” Romanos 7:19, 24, 25. A cura do pecado é inevitável porque o pecado não tem legitimidade na realidade da criação de Deus. Não faz parte de Sua criação. Deus é totalmente bom e não poderia criar uma qualidade ou condição dessemelhante de Si mesmo. Por isso o homem criado por Deus, esse homem que é a nossa única entidade verdadeira, nunca pecou.
Mas isso precisa ser compreendido e comprovado através de uma contínua e humilde disposição de nos desviarmos do pecado e daquilo que o pensamento mundano nos ensinou a acreditar ser a nossa identidade, e aprender apenas de Deus como Ele nos criou. E o próprio poder e autoridade de Deus nos permite fazê-lo. Podemos provar em grau cada vez maior que temos domínio sobre a fraqueza e a corrupção moral.
Vencer progressivamente o pecado é encontrar liberdade e felicidade genuína. É enriquecer nossas vidas, não torná-las aborrecidas. É colocar nossa saúde e bem-estar em fundamentos mais seguros.
A Sra. Eddy escreve: “Mais cedo ou mais tarde, toda a raça humana aprenderá que, na proporção em que a individualidade sem mácula de Deus é compreendida, a natureza humana será renovada, e o homem receberá uma individualidade mais elevada, derivada de Deus, e a redenção dos mortais do pecado, doença e morte será estabelecida em fundamentos eternos.” Unity of Good, p. 6.
Cada cura do pecado nos ajuda a ver algo mais desse fato, ou seja, de que o pecado nunca fez parte de nosso eu verdadeiro, pelo que nossa inocência nunca foi o produto de condições materiais e que por isso nunca foi verdadeiramente perdida. A inocência deve ser encontrada pelo discernimento de nossa individualidade espiritual — a qual não pode ser corrompida. O fato de a inocência do homem ser espiritual, não nos permite negligenciar ou desculpar o pecado não curado, mas ajuda-nos a curá-lo. Nunca é necessário que nos entreguemos à sofisticação mundana. Estamos livres para nos voltarmos de todo o coração a Deus e descobrir como Ele nos criou — para encontrar a nossa inocência.
São estes os que vêm da grande tribulação,
lavaram suas vestiduras,
e as alvejaram no sangue do Cordeiro. ...
o Cordeiro que se encontra no meio do trono
os apascentará e os guiará
para as fontes da água da vida.
E Deus lhes enxugará dos olhos toda lágrima.
Apocalipse 7:14, 17
