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Amar o próximo abre as portas para a cura

Da edição de abril de 1991 dO Arauto da Ciência Cristã


A cidadezinha em que nossa família morava tinha uma quadra de largura e oito quadras de comprimento, mas estava completamente circundada por uma cidade grande. Apesar da pouca distância do centro urbano, esse vilarejo conseguira manter a amabilidade de uma cidade do interior. Quando mudamos para lá, tivemos várias provas disso: algumas pessoas nos trouxeram comida e outras se ofereceram para ajudar-nos com as caixas pesadas. Existia verdadeiro companheirismo no bairro.

Ao pensar nessas gentilezas, vi que cumpriam o mandamento “Amarás o teu próximo como a ti mesmo”. Cristo Jesus disse que esse era um dos dois maiores mandamentos. Obedecê-lo faz diferença em nossa vida, abrindo caminho para bênçãos e curas, não só para nós, mas também para nosso próximo. Entretanto, para obedecê-lo, faz-se necessária uma compreensão correta do seu significado.

O exemplo da vida de Jesus tornou claro como e o quanto devemos amar nosso semelhante. A parábola do bom Samaritano mostra que nosso próximo não é só aquele que vive na casa ao lado, mas todo aquele que encontramos no decorrer de nossa vida.

Quando andamos pela rua, dirigimos um carro, vamos ao teatro ou a um tribunal — seja o que for — temos a oportunidade de amar espiritualmente nosso próximo, de reconhecer, acalentar e apreciar o homem da criação divina. Podemos ver cada pessoa como Deus a fez: reta, pura, saudável, inteligente, justa e eterna. Podemos reconhecer a identidade genuína de cada um como o homem perfeito, a expressão espiritual de Deus. Então, recusaremos identificar nosso próximo como desamparado, decrépito, rebelde, cruel, odioso, convencido, sensual, enfermo e injusto. Essa visão espiritual do que é o homem traz curas e bênçãos, tal como a Sra. Eddy salienta, quando escreve em Ciência e Saúde: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais. Nesse homem perfeito o Salvador via a própria semelhança de Deus, e esse modo correto de ver o homem curava os doentes.”

A parábola do bom Samaritano também ilustra que, por amarmos nosso próximo, não ignoramos nem passamos por cima dos problemas dos outros, mas, com sabedoria, prestamos-lhe ajuda. Orar pelos problemas que a humanidade tem de enfrentar no mundo, seja em nossa vizinhança, cidade, país ou em qualquer lugar, é prova de que estamos tratando dessas situações. Essa forma de amar é na verdade uma demonstração do amor de Deus e cumpre o mandamento.

O exemplo de Jesus para com seu semelhante indica quão profundo era seu amor pelos que estavam à sua volta, pois ele os ajudava, curando-os, mostrando-lhes a inteireza e perfeição que possuíam como o homem de Deus. O Mestre reformou pecadores, curou doentes e cegos e ressuscitou mortos. Seu amor ao próximo nunca vacilou. Mesmo na cruz, seu amor transpareceu em forma de perdão.

Nosso amor ao próximo, ou seja, a toda a humanidade, se tornará cada vez mais constante e sincero à medida que seguirmos o exemplo de Jesus em nossa vida diária. Esse amor ao próximo é poderoso porque reflete a onipotência de Deus, o Amor divino, como a Sra. Eddy nos assegura em Ciência e Saúde: “Nenhum poder pode resistir ao Amor divino.”

Amamos porque Deus nos ama, é Seu amor inesgotável que expressamos. Somos a própria imagem do Amor, Deus, e amamos nosso próximo porque tanto ele quanto nós somos Sua imagem. Podemos não apenas amar nosso semelhante desse modo, como também compreender que ele só pode nos ver da mesma forma que o vemos. Deus é Mente onisciente e nós, como Seu reflexo, só podemos conhecer o homem como Deus o fez — à Sua imagem e semelhança, espiritual e perfeito.

Um incidente com minha vizinha ajudou-me a obter uma compreensão melhor da exigência de amar e ensinou-me que cumprir o mandamento pode significar muito mais do que apenas bondade e consideração.

Na casa pegada à nossa havia um menininho que era amigo do meu filho. Um dia fazia calor o bastante para que os dois brincassem numa piscina de plástico. De repente, ouvi um grito de dor que vinha da casa ao lado e vi meu filho entrar correndo e chorando em nossa casa. Apontou para uma marca vermelha e inchada nas costas, onde havia recebido várias picadas de um inseto. Sabia-se que essas picadas causavam fortes dores e os efeitos geralmente duravam alguns dias.

Carreguei-o ao seu quarto e lembrei-lhe uma afirmação da Bíblia, no livro do Gênesis: “fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie. E viu Deus que isso era bom.” Esse versículo nos mostra que Deus criou cada criatura e tudo o que Ele faz expressa Sua bondade. Uma criatura feita por Deus, o bem infinito, não poderia causar dano. Essa era a verdade quanto à criação de Deus, que é inteiramente espiritual. Uma picada dolorida com certeza não fazia parte da criação de Deus ou de Sua bondade infinita e, por isso, não era verdadeira.

Tanto a dor como o pranto de meu filho cessaram em poucos minutos. Ainda se viam os efeitos das picadas e havia uma sensação de languidez. Continuamos a orar juntos e a cantar hinos conhecidos do Hinário da Ciência Cristã. Quando ele estava descansando calmamente na cama, fui para o outro quarto, por alguns minutos, para orar.

Volvendo-me a Deus, lembrei-me de um incidente que ocorrera naquela manhã. A mãe do amigo de meu filho viera à nossa casa. Como eu estivera lendo uma biografia da Sra. Eddy, em três volumes, os livros estavam sobre a mesa. Ela fez então um pequeno comentário sobre eles e sobre a Ciência Cristã.

Relacionando esse fato com as picadas do inseto, percebi que ao invés de ver minha vizinha como sendo antagônica à Ciência Cristã, deveria obedecer ao mandamento de Jesus e amá-la como a mim mesma. Precisava vê-la como a amada e amorosa filha do Deus único e perfeito. Na realidade, ela era a imagem e semelhança de Deus, a Verdade, e por isso não poderia odiar a Verdade. Tornou-se-me claro que o ódio à verdade não tinha ferrão pelo qual expressar-se.

A história bíblica da reconciliação de Jacó com seu irmão deu-me um exemplo de como amar minha vizinha. Quando Jacó reencontrou Esaú, ele o viu “como se tivesse contemplado o semblante de Deus”. Era dessa forma que eu deveria amar minha vizinha: vê-la tão claramente como se visse a própria imagem, “o semblante”, de Deus (Gênesis). Amá-la dessa forma ultrapassava troca de gentilezas entre vizinhas: era o reconhecimento do Amor divino, Deus, e do homem como expressão do Amor; era estar consciente da criação espiritual e presente de Deus, descrita no primeiro capítulo do Gênesis.

Nas minhas orações, eu vi não só minha vizinha sob essa luz, mas também incluí toda a humanidade nesse abraço divino do Amor. Pude compreender que cada um era o filho amado de Deus, expressando Sua bondade. Não poderia haver nenhum tipo de ódio nessa expressão toda abrangente de Deus, o Amor. Por isso meu filho não poderia sofrer nenhuma picada do ódio.

Em seguida, voltei ao quarto de meu filho. Ao entrar, vi suas costas. Aquele inchaço, vermelhão e demais efeitos da picada haviam sumido. Só restava uma leve manchinha rosada. Não fazia quinze minutos que meu filho entrara em casa. A sensação de fraqueza também passara e ele quis voltar a brincar na piscina. Assim o fez, mas voltou à nossa casa por um instante para dizer: “Eu me sinto super bem, e tão querido!” Ele estava sentindo aquele amplexo divino e sanador do amor de Deus, que envolveu a vizinha e de fato, toda a humanidade.

Amar minha vizinha dessa forma trouxe a cura completa e rápida de meu filho. A bênção, porém, não parou aí. Também abriu as portas da cura para minha vizinha. Um dia, pediu-me que orasse, de acordo com a Ciência Cristã, pelo seu outro filho que tinha um defeito hereditário congênito. Já haviam marcado o dia para operá-lo. Dei-lhe então alguns versículos da Bíblia para que com eles orasse. Um deles era: “Caem-me as divisas em lugares amenos, é mui linda a minha herança” (Salmos). O defeito foi curado em um curto espaço de tempo e a operação marcada nunca se realizou.

Essa experiência mostrou-me os resultados da obediência àquele simples e compreensível mandamento de amarmos o próximo como a nós mesmos. Quão abrangente é esse mandamento, quando seguido! Atravessa barreiras políticas, religiosas e culturais; alcança o enfermo, o necessitado e o desabrigado. Penetra o próprio coração da humanidade, trazendo os efeitos curativos do amor onipotente de Deus.

Podemos começar a cumprir o mandamento de Jesus em nossa vida diária e amar a humanidade de modo tão espiritual, que nos recusamos a ver as pessoas como seres mortais. Cumprir esse mandamento de amar nosso próximo como a nós mesmos, inclui as gentilezas de boa vizinhança que nossa família vivenciou naquele pequeno município. Essas gentilezas podem expandir-se e ir muito além, elevando-se ao nível de envolver a toda a humanidade no amor de Deus, contemplando o homem da criação divina e produzindo curas.

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