É importante que as pessoas gostem de si mesmas. Para podermos amar os outros no verdadeiro sentido da palavra e, como recompensa, sermos amados, precisamos nos amar a nós mesmos.
Mas como? Se não conseguimos viver de acordo com nossas expectativas, se achamos que não chegamos a ter realizações, se nos sentimos carentes de amor e desprovidos da compaixão por parte das outras pessoas, então será necessário obter uma compreensão mais clara sobre Deus, assim como um novo ponto de vista a nosso próprio respeito.
A Ciência Cristã, em sintonia com a Bíblia, ensina-nos que Deus é bom, que Ele tem todo o poder e que é Amor. Imagine só! O Amor tem todo o poder! Necessitamos compreender a magnitude do Amor, sentir sua ternura e perceber que nosso verdadeiro ser é a própria emanação do Amor.
Somos infinitamente preciosos a Deus. Foi Ele quem nos criou. Ele preserva nossa vida e nunca podemos desviar-nos dessa Sua criação. Ele é Espírito e o homem que Ele criou é espiritual, sempre maravilhoso e grandioso, não se encontrando sujeito a fracassos nem limitações. É claro que isso nem sempre é evidente. No entanto é a realidade, pois o que Deus criou tem forçosamente de expressar Sua natureza e, de fato, a expressa.
Em Ciência e Saúde a Sra. Eddy definiu Espírito como “a substância divina; Mente; o Princípio divino; tudo o que é bom; Deus; só aquilo que é perfeito, sempiterno, onipresente, onipotente, infinito.” Para pensarmos em nós mesmos como sendo espirituais, refletindo “substância divina”, há que olhar para além daquilo que é superficial.
Cristo Jesus, através das curas que realizava, deu-nos grandes provas da natureza espiritual e completa do homem. Ele provou que quando essa identidade genuína é reconhecida e compreendida, torna-se evidente na realidade humana através da cura.
Uma experiência que tive ilustra-o, em certa medida. Durante muitos anos, eu não gostava muito de mim mesma. Não tinha grandes amigos e passava a maior parte do meu tempo livre em solidão. Não esperava que os outros gostassem de mim ou mesmo que quisessem conviver comigo, pois sentia que tinha muitos traços de caráter que estavam longe de serem considerados bons. Portanto, tentei mudar. Embora eu progredisse, os problemas que eu tentava superar, acabavam por aparecer novamente, confirmando a crença de que aquilo que eu queria mudar, fazia parte da minha natureza, e, portanto, não podia ser alterado.
O que eu queria, acima de tudo, era ser amada. Na adolescência, apercebi-me de que as pessoas doentes, ou que sofriam, eram alvo de muitas atenções e simpatia. Assim, comecei a fingir estar doente para receber atenções. Quanto a mim, essas atenções eram a coisa mais aproximada do amor, que eu conseguia receber. Fi-lo durante alguns anos e, embora recebesse atenções, achava que se tornava cada vez mais difícil viver comigo mesma. Com a ajuda de uma Cientista Cristã, acabei por conseguir parar com aquela farsa. No entanto, continuava a sentir que ninguém me amava e que eu não era simpática.
Foi nessa altura que me voltei de todo o coração a Deus, pois sabia que a única solução verdadeira viria d’Ele. À medida que o fazia, fui-me apercebendo de que estava tentando conciliar dois pontos de vista acerca de mim mesma. Ao mesmo tempo que tentava sinceramente obter uma compreensão da minha natureza verdadeira e espiritual, pensava também que eu era um ser mortal presunçoso e egocêntrico. Finalmente, tornou-se-me claro que apenas um desses pontos de vista poderia ser verdadeiro: ou Deus me criara à Sua imagem e, portanto, eu era verdadeiramente boa, ou era realmente incompetente e antipática.
Tudo isso preparou-me para o passo seguinte. Adquiri uma visão daquilo que o amor de Deus é. Eu não me vinha sentindo bem e parecia legítimo meu desejo de que os outros tivessem pena de mim e me dessem atenção. No entanto, tornou-se-me claro que não era disso que eu tinha necessidade. O que eu realmente necessitava compreender era que, como filha amada de Deus, não poderia obter ainda mais amor do que aquele que já recebia.
Comecei a pensar nas pessoas que trabalhavam comigo, pessoas a quem eu queria bem. Apercebi-me de que nunca necessitavam fazer coisa alguma para que eu gostasse delas. Elas não necessitavam conquistar minha simpatia nem me impressionar. Meu sentimento de amor por essas pessoas era natural. Era algo que simplesmente existia. Compreendi, então, que o amor de Deus é assim mesmo. Ele simplesmente ama. Eu não tinha necessidade de procurar nem de merecer esse amor.
Desapareceram todos aqueles antigos sentimentos que me faziam sentir indigna e sem amor. Tinha verdadeiramente vislumbrado o fato de que eu existia no amor de Deus, que me encontrava envolvida por esse amor e o expressava. Compreendi também que essa verdade se aplicava a toda gente e que ninguém, ao expressar verdadeira identidade, era indigno.
Podemos amar-nos a nós mesmos, pois ao fazê-lo não estamos a amar uma personalidade, seja esta encantadora, apagada ou pecadora. Estamos, sim, a amar a imagem de Deus. “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gênesis). Isso aplica-se a todos nós.
