Uma olhada no dicionário deu-me um ponto de vista diferente do conceito convencional do que é a economia. Além das definições já esperadas, tais como “utilização racional dos recursos materiais,” encontrei esta inesperada definição: “plano ou sistema de Deus para o governo do mundo.”
Eis uma sugestão bem ampla para todos nós, a de que podemos elevar nosso conceito de economia. À medida que compreendemos melhor as verdades da Ciência Cristã, podemos esperar demonstrá-las em quantidade suficiente, até em abundância. Para quem estuda a Bíblia, não constitui surpresa dizer que fundamentar o pensamento no governo divino resolve problemas que não se solucionam mediante outros métodos.
Referindo-se à necessidade de abandonar os fundamentos materiais e sensuais e de ceder à espiritualidade, a Sra. Eddy afirma em Ciência e Saúde que “a superabundância do ser está do lado de Deus, o bem.” Estar “do lado de Deus” é estar do lado de Sua abundância infalível, do amor que nunca se extingue, do bem jorrando livre e espontaneamente do Espírito infinito, que não conhece obstáculos nem restrições ou impedimentos.
O Mestre estava completamente do lado de Deus, o bem. Para Cristo Jesus, a bondade divina era natural, potente, irresistível. Por isso, sua demonstração da economia divina foi tão eficaz: alimento abundante para milhares, quando o sentido físico limitado afirmava: “Não há que chegue”; fundos para o cobrador de impostos, quando o erro humano dizia: “Nem pensar”; vista para o cego, saúde para o doente, inocência para o pecador; uma esplendorosa economia de perfeita coincidência entre a oferta e a procura.
É essa a beleza da verdadeira economia: oferta e procura coincidentes — juntas, não opostas. Cada uma delas expressa um aspecto da “superabundância do ser”: oferta, o jorrar franco e contínuo do bem divino; procura, utilização, apreço e gozo desse bem. A oferta e a procura andam de par em par — são sócias com quotas iguais. Uma não pode existir sem a outra.
Por isso, a procura não é uma identidade separada, um vazio a ser preenchido pela bondade de Deus. É, pelo contrário, uma via pela qual a bondade de Deus se faz sentir e se expressa. Acreditar que a procura seja a ausência de oferta é rebaixar o governo divino. Compreender que a procura é indicativa da presença de oferta, abre o pensamento à harmonia perfeita da economia de Deus — à infinita e divina ordem na qual o homem é o reflexo espiritual de Deus e inclui toda a bondade e a abundância.
Quando pensamos que a oferta e a procura são dois elementos opostos, tendemos a nos separar da abundância da economia divina. Talvez suponhamos que, em geral, a oferta provém de Deus, uma vez que Ele é a fonte de todo o bem. Mas de onde é que pensamos que vem a procura? Se Deus é tudo, decerto que a oferta é d’Ele. Mas então, por causa dessa totalidade, a procura também deve ser d’Ele. Não será nossa utilização da palavra procura outra coisa senão uma forma de dizer que toda a bondade de Deus tem um propósito, um objetivo, uma forma de ser apreciada?
Numa potente declaração em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy fala da capacidade notável de Florence Nightingale e outras pessoas envolvidas em obras humanitárias. Explicando que essa capacidade era devida ao apoio da lei divina, ela escreve: “A exigência espiritual, que silencia a material, proporciona energia e resistência que superam todos os outros auxílios e obstam a penalidade que nossas crenças procuram aplicar às nossas melhores ações.”
“A exigência espiritual ... proporciona ...” isto é, a procura espiritual é suprida pela oferta. Não existe separação entre uma e outra, há perfeita continuidade. Não será isso verdadeiro para outras formas de suprimento, tal como para o suprimento de energia?
Por que é que a oferta, isto é, nosso suprimento, nos parece separada da procura e, às vezes, insuficiente para o atendimento de nossas necessidades? Talvez seja porque fomos ensinados a acreditar que a oferta e procura são desiguais ou estão desequilibradas e que se baseiam na matéria e não em Deus. A maneira convencional de pensar as define em termos de conceitos e medidas materiais, antecipando o que será necessário para equilibrá-las, descrevendo as deficiências, calculando as possibilidades. Ora, a única economia real — a coincidência entre a oferta e a procura, a procura que satisfaz — está do lado de Deus. Para que possamos vivenciar a totalidade da abundância de Deus, o equilíbrio verdadeiro entre a oferta e a procura, a harmonia perfeita de Sua economia, precisamos aprender a estar do lado de Deus.
Parece fácil. Vemo-nos a nós próprios quase sempre do lado de Deus. Mas será que basta esse “quase sempre”?
Que tipo de lei econômica usou Cristo Jesus, para alimentar cinco mil pessoas com uns poucos pães e peixes? Que espécie de economia estava em ação, quando os filhos de Israel receberam o maná no deserto? Que sistema de economia utilizou Elias para alimentar a viúva de Sarepta com azeite e farinha suficientes para ela e sua casa durante o período da seca? Esses exemplos do governo de Deus não são milagres que não podem ser repetidos. Tal como as obras de cura do começo da era cristã, essas são ilustrações vivas do Princípio universal em ação, posto em prática no atendimento às necessidades humanas.
Essa harmonia entre oferta e procura pode ser nossa, ao reconhecermos que Deus supre a cada necessidade legítima, apóia cada atividade humana correta. Como lemos em 2 Coríntios: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra.”
O problema não é que a economia de hoje em dia seja demasiado complexa ou que circunstâncias diferentes governem a economia nos tempos modernos. O problema é que mesmo quando queremos orar, somos levados a argumentar a favor dos dois lados. Defendemos o lado da bondade infinita de Deus, é claro. Mas também aceitamos os argumentos do lado da teoria econômica materialista.
Precisamos aprimorar esse modo de pensar. Precisamos compreender que o homem só pode estar do lado de Deus. A Sra. Eddy assegura-nos: “Só há um lado do bem — não existe o lado do mal; só há um lado da realidade, que é o lado do bem” (Christian Healing).
O suprimento abundante de tudo o que é bom não se encontra à espera de que as coisas mudem. Temos de reconhecer agora que só Deus, o Espírito, inclui toda substância real. Tudo o que é bom e valioso tem o apoio irrestrito do Espírito infinito, jamais obstruído.
Quando, na verdade, honrarmos e adorarmos a Deus como a eterna fonte do bem ilimitado e soubermos que o homem é a expressão já satisfeita de Deus e de Sua bondade, estaremos a trabalhar somente do lado de Deus. E veremos mais abundância em todas as facetas da nossa vida.
