Talvez nosso próximo mais chegado seja nosso esposo ou esposa. Cristo Jesus recomendou que aqueles que se casam não sejam “mais dois, porém uma só carne”. “O casamento”, diz a Sra. Eddy, “deveria significar uma união de corações” (Ciência e Saúde).
Todos me preveniram, e também ao meu noivo, de que nosso casamento seria difícil. Ele era estudante de medicina. Eu era Cientista Cristã, como o eram também meus pais e meus avós. Eu já havia feito também o curso Primário de Ciência Cristã. A meu pedido, meu professor de Ciência Cristã, dedicadamente, orou por mim. Enquanto eu declarava minha disposição de aceitar o plano de Deus, meu noivo tentava informar-se o suficiente sobre a Ciência Cristã para decidir se poderia conviver com uma Cientista Cristã. Depois de três anos, casamo-nos. Juntos estamos aprendendo a reconhecer que há um só Deus, um só Cristo, uma só Verdade, uma só Igreja.
Para mim a cura da crença de que havia duas religiões — a dele e a minha — veio como resultado de voltar-me à Oração do Senhor. Havíamos feito um acordo, de que até os doze anos, nossos filhos freqüentariam a Escola Dominical da Ciência Cristã. Entretanto, num domingo de manhã, meu marido confessou que se arrependia, amargamente, dessa promessa. Fiquei tentada a argumentar que ele não estava sendo digno, mas foi mais insistente o raciocínio de que “eles também eram filhos dele, ele os amava e eu sentiria o mesmo, se fosse ele.” Mas achei também que dessa forma, confundiríamos as crianças. Veio-me ao pensamento a imagem de Salomão, partindo ao meio uma criança viva para ver qual era a verdadeira mãe. Sugeri a meu esposo que levasse nossas duas menininhas à Escola Dominical da igreja dele, naquela manhã.
Ele saiu, feliz. Fiquei em casa, amargamente convencida de que falhara em uma competição entre a religião dele e a minha. Desesperada, comecei a estudar a Oração do Senhor, com a interpretação espiritual que a Sra. Eddy dá em Ciência e Saúde. Imediatamente esta mensagem curativa fluiu ao meu pensamento: “Deus é Pai-Mãe, Único, harmonioso. Há somente uma Verdade, uma Igreja — não dele ou minha, mas nossa. Nossas pequenas são filhas de Deus, completas e estão incólumes. Ele, Deus, dirige suas vidas.” O relacionamento espiritual de meu esposo com Deus ficou, também, muito claro para mim.
Voltaram para casa uma hora mais tarde do que eu os esperava. Meu esposo estava ainda feliz. Explicou-me que demoraram mais porque tinham ido a duas Escolas Dominicais; primeiro à dele, que começava mais cedo e, depois, à minha. No meio do sermão ele percebera que era certo para as meninas estar na Escola Dominical da Ciência Cristã.
Antes de nos casarmos, meu esposo, cujo interesse era exclusivamente a saúde, não o método de obtê-la, concordou, também, que eu deveria chamar, primeiramente, um praticista da Ciência Cristã, somente usando atendimento médico se o caso parecesse de emergência ou não respondesse prontamente ao tratamento pela Ciência Cristã. Para quem é formado em medicina, essa posição era liberal e amorosa. Tudo o que eu tinha a fazer era pôr em prática a Ciência Cristã.
Nos primeiros tempos de nosso casamento, quando as crianças eram pequenas, entretanto, eu não compreendia bem como os Cientistas Cristãos praticam o cuidado pronto e preventivo, mediante oração feita todos os dias. Além disso, eu estava ainda aceitando o conceito restritivo de que havia dois arbítrios, dois sistemas de cura, com efeito, dois deuses. Ainda não tinha aprendido como demonstrar o que a Sra. Eddy diz sobre o Cientista Cristão, quando escreve em Miscellaneous Writings: “Sua medicina é a Mente — o bem onipotente e sempre presente. Seu ‘socorro vem do Senhor’ que cura corpo e mente, cabeça e coração, transformando as afeições, iluminando os sentidos mal direcionados, curando tanto o pecado como o pecador mortal. O que Deus prepara para o doente são poções de Suas próprias qualidades. Sua terapêutica são os antídotos para as enfermidades da mente e do corpo mortal.”
Um dia, nosso filho mais velho, quando era ainda bebê, teve febre acompanhada de grave erupção cutânea. Não lembro, agora, o que meu esposo pensou que o problema fosse, mas insistiu para que o levasse imediatamente ao consultório de um pediatra. Amedrontada, detive-me uns momentos para telefonar a uma praticista da Ciência Cristã, que me disse que repetisse, em voz alta: “Esta criança é perfeita. Há uma só Mente, e essa é Deus.” Lembrou-me de que o pediatra também seria capaz de ver o que é verdadeiro. Obedeci-lhe durante todo o trajeto ao consultório do pediatra. O médico examinou cuidadosamente nosso filhinho. Aliviado, voltou-se para mim com um sorriso radiante e disse: “Esta criança é perfeita.” Minha oração fora atendida com a prova do poder da Palavra, prova até mesmo na repetição, pelo pediatra, da verdade que eu estivera lutando para compreender. A verdade espiritual profunda é que o homem é, sempre foi, perfeito. Deus sabe isso e o pediatra regozijou-se por reconhecê-lo. Assim, também, o pai do bebê.
Nessa mesma época, nosso Deus todo-amoroso deu-me mais uma prova de que cada um de nós expressa “... a graça ... segundo a proporção do dom de Cristo” (Efésios). Uma mulher disse-me que meu esposo salvara a vida de seu bebê. A criança tinha parado de respirar e os pais levaram-na, às pressas, para o hospital onde o médico esperava para fazer uma traqueotomia de urgência. Aconteceu, ela contou, meu marido estar lá quando eles chegaram. Tomando-lhe sua filhinha, ele embalou a pequena nos braços. O bebê começou a respirar, suas faces recobraram a cor saudável. A mãe disse que sabia que fora a expressão de amor de meu esposo que salvara sua filha. À medida que eu ouvia, percebi que ela havia notado o poder curativo o Amor divino, a manifestação do Cristo único expressado individualmente.
Meu esposo e eu temos tido muitas oportunidades de provar que nos incluímos um ao outro em perfeito relacionamento, “suportando ... uns aos outros em amor” (Efésios). Ele diz que, por ser ele médico, eu me vi forçada a praticar mais do que professar, a Ciência Cristã. Minha crescente confiança na única fonte infinita do bem, a única Mente, o Princípio todo-ativo, Deus, por sua vez, encorajou-o a ouvir o que Deus tem a dizer, ao tratar de seus pacientes. E nossa leitura da Bíblia, juntos, aumentou, para nós dois, nossa compreensão de Deus.
Nos primeiros tempos de nosso casamento, tive muitas dificuldades físicas e mentais. Vejo agora que eu estava tentando misturar dois métodos de cura, o material e o espiritual. Certa vez, em vez de resolver primeiro volver-me inteiramente a Deus, encontrei-me a caminho do hospital com uma dor aguda, proveniente do que meu esposo achava ser uma úlcera perfurada. Encolhida dentro do carro, percebi, repentinamente, que eu não queria ser operada. Em contorções, lembro ter pensado: “Bem, seria melhor você começar a trabalhar já mesmo.”
Com autoridade espiritual, dei-me conta de que, na verdade, eu era a idéia imortal de Deus; não era um mortal com um corpo físico e uma mente própria, separada; nem era uma alma pessoal sob castigo por ter transgredido. Consegui entender que a preocupação de meu marido era uma expressão de seu amor por mim e que isso não tinha poder para tornar real a doença. Ao chegarmos ao hospital eu estava completamente livre da dor. Horas mais tarde, após o término de uma série de testes, os médicos consultados não puderam encontrar nada errado comigo. Diagnosticaram uma “dor de estômago” e mandaram-me para casa.
Depois de anos de meu crescimento na prática da cura metafísica, Deus deu-me outra prova de Seu cuidado: a evidência do apreço de meu marido por minha fidelidade à Ciência Cristã. Sofri um ferimento na cabeça e discuti com um diretor de banco muito apreensivo, que queria mandar-me para uma sala de emergência. Finalmente, ele telefonou a meu marido e contou-lhe que eu levara um forte golpe na cabeça e parecia que eu não estava pensando com muita clareza. Quando a conversa terminou, o perplexo banqueiro disse: “Seu esposo mandou-me telefonar a seu filho pedindo-lhe para levá-la para casa. Ele irá ao seu encontro lá.”
Na mesma época, descobri um caroço no seio. A princípio, não contei a meu esposo. Eu temia que ele pudesse insistir em um teste de malignidade. Entrei em contato com uma praticista. Meu medo era arrasador. Mais perturbador ainda era o sentimento de alienação com referência a meu marido. Logo dei-me conta de que tinha de confiar nesse relacionamento ao qual Deus me havia guiado. Depois de examinar o caroço, meu marido concordou em apoiar minha decisão de confiar totalmente no poder curativo de Deus. Com extraordinário amor e coragem, não somente passou-me aos cuidados da praticista, mas também lia comigo passagens da Bíblia que ela indicava.
Dentro em breve eu estava, alegremente, elevando-me a uma compreensão mais elevada de vida. Estava percebendo mais plenamente que um só Deus era minha vida. E pude ver que nunca podia estar separada de meu esposo, de meus filhos, de meus entes queridos. Meu esposo, por sua vez, começava o dia corajosamente, mas, quando voltava para casa e me via, irrompia em lágrimas. E o caroço continuava evidente.
Uma tarde, fiquei repentinamente indignada por meu esposo estar sofrendo tanta angústia por minha causa. As declarações da verdade, que eram tão animadoras para mim, pareciam desarrazoadas para ele. Clamei alto para Deus: “Por que Tu não podes falar-lhe de um modo que ele entenda? Ele está se esforçando tanto.” A angústia se desfez. Ri de minha própria tolice. Como o fariseu, eu pensara que quem não fosse Cientista Cristão estava, de algum modo, fora do alcance da comunicação de Deus — que não podia compreender essa difícil linguagem! Claro que Deus fala tão diretamente a uns como a outros. Eu sabia que meu esposo nunca podia estar separado da fonte de seu ser. Meu marido, verdadeiramente, não tinha uma mente mortal separada a informá-lo do meu estado, a infundir-lhe medo de perder-me, ou a fazê-lo acreditar que havia um Deus que fazia ouvidos moucos à oração honesta. Havia uma só Mente, Deus, informando-o, infinita, amorosa, sabia e eternamente. Além disso, eu não precisava interceder. Naquela noite ele retornou sorridente. Disse, simplesmente, que se sentia bem a meu respeito. Naturalmente, os sintomas haviam desaparecido. Eu estava curada.
Sobre o casamento, a Sra. Eddy diz: “... é muitas vezes conveniente, algumas vezes agradável, e, ocasionalmente, um caso de amor” (Miscellaneous Writings). A compreensão de que Deus é a única Mente tem abençoado nosso amor, que inclui nossos filhos. Não levou muitos anos para que meu esposo entendesse, como ele diz, que gosta mais de mim quando eu estou “sendo uma boa Cientista Cristã.”
O apóstolo Paulo compreendeu bem a unidade do amor: “... com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da paz: Há somente um corpo e um Espírito, como também fostes chamados numa só esperança da vossa vocação; há um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, age por meio de todos e está em todos. E a graça foi concedida a cada um de nós segundo a proporção do dom de Cristo” (Efésios). Amar nosso próximo mais chegado torna-se cada vez mais fácil, à medida que entendemos a mensagem acima.
E nós conhecemos e cremos o amor
que Deus nos tem. Deus é amor,
e aquele que permanece no amor permanece em Deus,
e Deus, nele. ... Nós amamos
porque ele nos amou primeiro. ...
Ora, temos da parte dele este mandamento,
que aquele que ama a Deus, ame também a seu irmão.
1 João 4:16, 19, 21
