Encontrava-me Em casa de uma pessoa que ganhou, de presente, uma assinatura da revista da Ciência Cristã, em inglês, o Christian Science Sentinel. O número daquela semana chegara havia pouco pelo correio. A destinatária folheava as páginas da revista quando, detendo-se no primeiro parágrafo de um dos artigos, exclamou: “Mas, justamente esse tem sido meu problema. Não consigo fazer isso. Não consigo aprender!”
Provavelmente, todos nós alguma vez já pensamos o mesmo. O que será, porém, que nos leva a acreditar que não somos suficientemente bons para fazer algo digno, progressista e útil, nem suficientemente capazes de aprender?
Em certa ocasião, quando eu mesmo levantei dúvidas quanto à minha própria capacidade de superar determinado desafio, foi-me muitíssimo proveitosa a conversa que tive com uma amiga que é Cientista Cristã. Em dado momento, disse-lhe: “Eu quero fazer a coisa certa.”
“A questão não é essa,” respondeu.
De início suas palavras me surpreenderam mas, no decorrer de nossa conversa, entendi uma coisa de que não me dera conta anteriormente. Eu havia pensado que, no fundo, a habilidade de enfrentar aquele desafio dependia exclusivamente de minha capacidade pessoal. Talvez seja tão costumeiro esse modo de pensar que, sem termos consciência disso, sentimo-nos quase que inteiramente separados de Deus. Enquanto não nos apercebermos dessa maneira de ver materialista e generalizada, encontraremos muitas situações para as quais nos sentiremos despreparados.
Com relação a isso, é interessante observar a atitude de Cristo Jesus para com muitas pessoas necessitadas. Freqüentemente lhes pedia que fizessem coisas que outros considerariam impossíveis. Por exemplo, disse a um homem que tinha a mão mirrada que estendesse a mão. A outro, paralítico havia muitos anos, ordenou que andasse.
Esses encontros não foram exibições de força de vontade. Nem foram as palavras de Jesus como as exortações emocionais de um sanador carismático, tentando provocar uma reação psicológica para curar doenças supostamente psicossomáticas. Lendo atentamente os Evangelhos, verificamos que a confiança de Jesus na receptividade das pessoas provinha da compreensão sensata que ele possuía acerca da verdadeira natureza do homem como filho de Deus.
As pessoas receptivas às orações de Jesus e às suas diretivas devem ter vislumbrado algo da natureza do homem como expressão espiritual de Deus. Tal compreensão espiritual modificou-as. Conseguiram ultrapassar em muito aquilo de que se julgavam capazes antes.
Também nós poderemos fazer muito mais do que julgamos possível agora, tão logo admitamos que nosso verdadeiro potencial e nossas capacidades reais são muitíssimo mais do que qualidades e atributos pessoais.
Sei de uma pessoa a quem foi dito que tinha poucas aptidões para o estudo. Foi aconselhada, de fato, a não ir para a universidade, pois tal nível de estudo estaria fora de seu alcance. Seria melhor procurar algum tipo de treinamento profissional. Pouco tempo depois, essa pessoa conheceu a Ciência Cristã. Começou a entender algo da natureza espiritual do homem como a expressão, ou reflexo, de Deus.
Foi percebendo o quanto é importante compreender a Deus e viu que tal compreensão espiritual mudaria também o conceito que tinha de si mesma. Uma frase no livro Ciência e Saúde, de autoria da Sra. Eddy, confirmou isso: “Se compreendêssemos Deus, em vez de meramente crermos nEle, essa compreensão estabeleceria a saúde.”
A saúde é muito mais do que simples bem-estar físico. Muito embora a saúde inclua, sem dúvida, o bem-estar físico, ela abarca a totalidade do bem na vida da pessoa. Ciência e Saúde ressalta: “A percepção espiritual traz à luz as possibilidades do ser, destrói a confiança em tudo, menos em Deus, e assim faz com que o homem seja, em atos e em verdade, a imagem de seu Criador.”
Se, de alguma forma, negarmos a capacidade que o homem tem de refletir a bondade de Deus, Sua força e Seu poder, então podemos ter certeza de que essa negação não tem a autoridade abusiva que pretende ter. Certamente, foi essa a verdade compreendida por aquelas pessoas, quando Jesus as incitou a ultrapassarem suas capacidades “normais”. Foi como um despertar que trouxe a cura. A cura se deu também no caso daquela pessoa a quem haviam dito que não tinha condições para estudos mais adiantados. Ao orar para obedecer à orientação divina e perseverando no estudo da Ciência Cristã, viu-se a desempenhar tarefas que antes não fora capaz de fazer. E foi adiante para o curso superior.
Seja qual for o argumento que nega a uma pessoa sua habilidade de ser boa, de ser inteligente, de fazer o que é correto, tal argumento não é a mera negação das capacidades dessa pessoa. É a negação da natureza de Deus como Mente ilimitada, e de Sua idéia, o homem. Negar essa natureza está longe de ser modéstia ou humildade; é um mal. Podemos até dizer que tal negação é mais do que um engano; é um desafio à integridade moral. Podemos recusar uma identidade que nada tem em comum conosco, nem é verdadeiramente boa. O homem, na sua identidade real, e isso inclui a identidade verdadeira de cada indivíduo, reflete o ser de Deus assim como os raios de luz expressam com naturalidade sua fonte.
Seria absurdo afirmar que um mortal material possa ser perfeito e desconhecer limitações. Começar, porém, a compreender que nossa natureza verdadeira é espiritual e não mortal, decididamente nos torna humildes e nos direciona para Deus. Vista desse ângulo, não é nada irrealista esta ordem de Jesus: “Sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste.” É uma declaração científica da relação espiritual de Deus com o homem como a do Pai com o filho, ou a da Mente com Sua idéia.
Perceber um pouco dessa verdade é começar a compreender nossa própria capacidade de ser bons e de refletir as ilimitadas capacidades espirituais da Mente.
