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Às vezes é indispensável, neste mundo tão necessitado, ver as coisas sob nova luz. Novas Perspectivas é uma seção apropriada para aqueles que querem dar um enfoque especial a assuntos de interesse comum.

Será que a santidade “pega”?

Da edição de janeiro de 1992 dO Arauto da Ciência Cristã


Houve Um Tempo, nos primórdios do movimento da Ciência Cristã, em que alguns seguidores de Mary Baker Eddy apegavam-se a ela pessoalmente como se fosse uma fonte de bênçãos divinas. Alguns evidentemente pensavam que apenas vendo a Sra. Eddy poderiam ser curados. Iam à casa dela ou esperavam que passasse de carruagem só para vê-la de relance. Era como se esses indivíduos mal orientados estivessem procurando “pegar” santidade e saúde, como se esperassem se salvar por associação.

Quando a Sra. Eddy percebeu que algumas pessoas lhe estavam atribuindo uma preponderância que apenas Deus deveria ter em suas vidas, tomou uma atitude. Incluiu um parágrafo no Manual de A Igreja Mãe, proibindo tal idolatria. E escreveu um artigo para o Christian Science Sentinel, intitulado “Contágio Pessoal”, no qual adverte: “Nunca uma religião ou filosofia se perdeu no tempo, a não ser deixando seu Princípio divino submergir na personalidade. Que todos os Cientistas Cristãos ponderem esse fato e dêem a seus talentos e corações amorosos liberdade para se desenvolverem apenas na direção certa!”

Palavras fortes para os Cientistas Cristãos, tanto naquela época, como agora.

Talvez tenhamos de refletir mais profundamente sobre esse sábio conselho. Por exemplo, será que alguma vez muitos de nós não nos apoiamos em demasia num praticista ou num professor da Ciência Cristã? Em verdade, talvez estivéssemos querendo um conselho quanto a uma decisão difícil, ou buscando aprovação para alguma atitude tomada.

Tanto a Bíblia como as obras da Sra. Eddy mostram que precisamos ter confiança espiritual em nós mesmos ao desenvolvermos nossa própria salvação. Quando Moisés se queixou de que não tinha ninguém para ajudá-lo a conduzir os filhos de Israel para fora do Egito, Deus lhe assegurou: “A minha presença irá contigo, e eu te darei descanso” (Êxodo). E em Ciência e Saúde, junto ao título marginal “Fé e confiança em si mesmo,” a Sra. Eddy escreve: “Em hebraico, em grego, em latim e em inglês, a palavra e os termos que lhe correspondem têm estas duas definições: estar cheio de confiança e ser digno de confiança. Segundo certa modalidade de fé, confiamos nosso bem-estar a outrem. Segundo outra modalidade de fé, compreendemos o Amor divino e sabemos como desenvolver nossa salvação ‘com temor e tremor.’ ”

A questão não é necessariamente se estamos falando com o praticista com demasiada freqüência. Um contato freqüente às vezes é necessário para tratar dos aspectos específicos de um caso. O que precisamos perguntar a nós mesmos é: estou cheio de confiança ou sou digno de confiança? Estou confiando numa pessoa para suprir minhas necessidades diárias ou estou aprendendo a confiar mais em Deus? Estou me apoiando nos outros para que me alimentem espiritualmente ou estou fazendo novas e estimulantes descobertas acerca da natureza de Deus, na santidade de minha própria comunhão com Ele por meio da oração?

À medida que compreendemos nossa proximidade para com o Amor divino, mais e mais nos livramos do contágio pessoal. Deus realmente é o melhor amigo que podemos ter. Como Amor divino infinito, Deus está sempre presente para satisfazer nossas necessidades mais profundas de consolo, amparo, compreensão, força e orientação. Através do sentido espiritual, podemos sentir a presença de Deus e reconhecer sua orientação em nosso dia-a-dia; podemos realmente contar com Ele como nosso amigo mais querido e de maior confiança. Que privilégio maravilhoso é explorar, por meio da oração e do estudo inspirado da Bíblia e das obras da Sra. Eddy, esse relacionamento tão valioso e essencial!

Cristo Jesus certamente encorajou os outros a confiarem unicamente em Deus para obter saúde e santidade. E recusou-se a dar conselhos pessoais e a aprovar ações humanas. Por exemplo, quando chamado a pôr fim à controvérsia entre dois irmãos por uma herança, Jesus respondeu: "Homem, quem me constituiu juiz ou partidor entre vós?" Torna-se evidente que Jesus queria que aqueles a quem ajudou e curou compreendessem melhor seu próprio relacionamento com o Pai, demonstrassem essa compreensão e não dependessem dele pessoalmente.

É possível obter a cura física através da simples fé numa pessoa. Mas essa é uma das modalidades de cura pela fé e não a cura espiritualmente científica que Cristo Jesus ensinou e que a Sra. Eddy discerniu, demonstrou e explicou em seus escritos.

Se acreditamos que seremos curados simplesmente por falar com um determinado indivíduo, ou por estar em sua presença, talvez ocorra uma mudança física como resultado de nossa crença. Isso se compara ao "efeito placebo", só que nesse caso temos fé no suposto poder de uma pessoa, em vez de ter fé no assim chamado poder de uma pílula. Em última análise, porém, simplesmente substituímos uma falsa crença por outra, a crença na doença pela crença no poder pessoal.

Certamente uma conversa inspirativa com o praticista muitas vezes pode resultar em cura genuína. A questão é que a verdadeira cura cristã requer uma mudança de pensamento de nossa parte, através da qual cedemos à Verdade divina e substituímos conceitos mortais e pecaminosos por uma nova perspectiva mais espiritual de nós mesmos, dos outros e da existência em si. Resumindo, envolve um certo grau de regeneração moral e espiritual. Saímos de tais experiências tendo consciência, acima de tudo, do que é que Deus fez por nós.

A expressão contágio pessoal sugere também algo como um fenômeno de grupo. Indica a tendência muito humana de adotar uma espécie de pensamento grupal em relação a um determinado praticista ou professor, com base unicamente na avaliação do sentido pessoal. A posição que o indivíduo ocupa dentro de nosso movimento, o fato de que foi aluno de um certo professor de Ciência Cristã, as opiniões dessa pessoa sobre certos aspectos do trabalho da igreja, tudo isso pode estar sendo muito comentado, ou valorizado em demasia, por algum grupo. Disso pode resultar um sentimento coletivo de elitismo e falsa camaradagem pela simples associação com aquela pessoa. Pode haver inclusive uma tendência sutil de julgar a espiritualidade dos outros de acordo com as opiniões deles sobre tal pessoa. Até que a questão passa, erroneamente, a ser: “O que você pensa sobre fulano?” em vez de: “Que pensais vós do Cristo?”

A genuína fraternidade cristã se torna mais evidente, quanto mais reconhecermos o que realmente temos em comum do ponto de vista espiritual, isto é, em Deus, e virmos que nós mesmos e os outros estamos sob Sua tutela e Seus cuidados. Se toda verdadeira cura advém do Pai, o mesmo acontece com todo verdadeiro ensinamento, como descobrimos toda vez que despertamos para perceber os desdobramentos do Amor divino, a correção do Princípio divino, a iluminação da Mente divina. Talvez tenhamos tido o privilégio de fazer o Curso Primário de Ciência Cristã com um professor que admiramos profundamente e que até passou a ser nosso amigo. Não é preciso dizer, entretanto, que nossa intimidade com essa pessoa de maneira alguma nos torna melhores do que os outros. Não deveríamos sentir orgulho nem vergonha por sermos alunos de fulano-de-tal. Em vez disso, deveríamos compreender que a única questão realmente importante é o quanto já assimilamos do bem, o quanto já demonstramos da perfeição espiritual do homem.

O Cristo, conforme exemplificado por Cristo Jesus, revela nossa verdadeira posição espiritual como filhos e filhas de Deus, inteiramente pertencentes ao Pai. A atividade do Cristo na consciência humana contraria a ação da ênfase nociva em personalidades mortais e dá ímpeto ao anseio mais profundo de pôr Deus em primeiro lugar em nossa vida. À medida que cedemos aos impulsos crísticos e nos esforçamos para manter o pensamento na bondade de Deus e engrandecer Seu nome, teremos a certeza de relacionamentos corretos e que propiciam o desenvolvimento espiritual. Naturalmente, haverá ocasiões em que pensaremos e falaremos com carinho de um praticista ou professor muito amado, mas o relacionamento permanecerá sob uma perspectiva cristã correta.

Como Cientistas Cristãos, somos seguidores de Cristo Jesus. Apenas o Mestre serve-nos de exemplo. Sua vida e suas obras de cura definem para nós como é o Cientista Cristão e como o cristianismo deve ser vivido. Só Jesus era sem pecado. Precisamos seguir sua maneira de viver e seus ensinamentos, estudá-los e moldar a eles nosso pensamento e nossa vida. Nenhum outro exemplo deveria usurpar o do Mestre em nossa demonstração da Ciência do Cristo.

Se acreditamos que outra pessoa é infalível, deixamos a porta aberta para o erro. Sem querer, ficamos sujeitos a adotar os pontos de vista humanos e as inclinações negativas do pensamento dessa pessoa. Precisamos ser humildes e estar prontos a aprender, mas sempre dispostos a refletir profundamente sobre conceitos e questões, a orar e a tirar nossas próprias conclusões. Precisamos seguir o Pastor, não as ovelhas!

Talvez aqueles primeiros Cientistas Cristãos não estivessem conscientes de estar apresentando sintomas de contágio pessoal. Nem sempre é fácil detectar esse mal em nós mesmos. Muitas vezes ele está latente no pensamento ou entrelaçado com o desejo sincero e consciente de servir a Deus e à Causa da Ciência Cristã e de crescer espiritualmente. Precisamos examinar-nos com sobriedade e em oração, para avaliar honestamente se estamos colocando a pessoa acima do Princípio. No recôndito da comunhão com nosso Pai, precisamos renunciar a tudo aquilo que, em nosso pensamento, impede a inteira devoção ao Princípio divino, o Amor.

A verdadeira individualidade não inclui nenhum elemento do ser material que possa induzir ou atrair alianças nocivas; não inclui orgulho por um relacionamento, nem fraqueza pessoal, nem pensamento ou opinião mortal. Como filhos de Deus, estamos para sempre isentos do contágio pessoal, pois estamos sempre isentos de uma individualidade separada de Deus. Tanto professores como alunos, tanto praticistas como pacientes, têm o encargo solene de compreender e demonstrar esses fatos espirituais. A prosperidade de nossa Causa depende de nosso empenho nesse sentido.

A Sra. Eddy certa vez disse que seu artigo sobre o contágio pessoal era “uma das coisas mais importantes que eu jamais disse sobre o pensamento.” Da mesma maneira, reivindicar nosso direito outorgado por Deus, de sermos isentos de todo contágio pessoal, talvez nos leve a aprender algumas das mais importantes lições de nossa vida.

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