Muita gente às vezes pensa: “Se eu tivesse bastante dinheiro, faria alguma coisa pelas crianças de rua.” Bem, existe gente que, sem usar dinheiro, está fazendo alguma coisa. Dois relatos nos chegam do Brasil, de pessoas que estão utilizando a “pérola de grande valor”, a Ciência Cristã, em vez do dinheiro, para ajudar as crianças.
De Ijuí, Rio Grande do Sul, Marli Luz Wagner nos conta: “Todos os dias, crianças carentes das proximidades batiam na minha porta para pedir esmola. Eu nunca deixava de lhes dar alguma comida ou roupa. Mas eu questionava se, com isso, eu não estaria incentivando ainda mais aquele tipo de vida. Graças ao meu estudo da Ciência Cristã, percebi que eu tinha algo melhor para dar a elas: amor e o conhecimento do Pai-Mãe Deus. Decidi conversar com elas, em vez de simplesmente dar coisas.
“Comecei pelo Pai Nosso. Marquei e mostrei-lhes onde elas o podiam ler, na página 5 do Livrete Trimestral da Ciência Cristã. Dei-lhes exemplares do Livrete e conversamos várias vezes sobre Deus. Tive até de responder a perguntas difíceis, como: ‘Por que algumas pessoas têm tanto e outras não têm nada?’ Sempre expliquei que Deus é Amor e que Ele estava cuidando delas e as amava.
“Aos poucos, mostrei-lhes que podiam confiar em Deus para tudo o de que precisassem, pois Deus é nosso Pai amoroso, que não desampara seus filhos. Todas as vezes que as crianças me procuravam eram recebidas com amor e aprendiam algo mais sobre a Verdade. Contavam de suas famílias e das dificuldades e problemas que estavam passando e eu lhes asseverava que Deus sabe resolver tudo e nos dá inspiração sobre o que fazer. Essas crianças aprenderam a orar.”
D. Marli conta que pouco a pouco constatou modificações visíveis: as crianças vinham mais limpas e mais bem arrumadas. Em vez de pedir esmolas, começaram a pedir trabalho e a fazer pequenas tarefas nas casas da vizinhança, para ganhar algum dinheiro. Começaram a freqüentar a escola com mais assiduidade, enquanto antes não tinham interesse em ir. Uma delas contou que o pai arranjou emprego e fez melhorias na casa. Outra orou pelo irmãozinho, que não aprendia a falar e agora ele já está falando. Uma das meninas, adolescente, foi levada por uma parente para uma cidade grande, com a promessa de um bom emprego. Chegando lá, percebeu que se tratava de uma atividade ilícita e teve a força moral para resistir: trancou-se no quarto, até conseguir fugir e voltar para sua cidade.
Nenhuma esmola poderia beneficiar tanto essas crianças como um conceito correto de Deus e de si mesmas. E as crianças são atraídas para essa sabedoria. Não é algo que precisa ser-lhes impingido, elas mesmas procuram a Deus, têm vontade de conhecê-Lo. É o que vêm constatando, há anos, os membros de uma igreja filial em São Paulo.
Os membros se empenharam em voltar a atenção para a comunidade ao seu redor, tanto nas orações como nas atividades. Logo depois, começaram a aparecer crianças do bairro na Sala de Leitura, na Escola Dominical, nas reuniões de testemunhos. Elas vêm sozinhas, por iniciativa própria. Interessam-se pelos livros e pela literatura infantil da Ciência Cristã. E trazem os irmãozinhos menores e amiguinhos.
É um bairro de trabalhadores pobres. Na maioria dos casos, todos os adultos trabalham fora. As crianças ficam na rua, aos cuidados dos irmãos mais velhos, que também não passam de crianças. Na igreja são acolhidas com amor, recebem atenção, respostas às suas perguntas e são tratadas com dignidade.
Algumas vêm com regularidade. Umas vêm uma vez só e outras vêm diversas vezes e depois não vêm mais. Mas todas aprendem algo sobre Deus, aprendem que em realidade são filhas de Deus, que não estão sozinhas, que têm um Pai-Mãe Deus a quem recorrer. Elas sabem que a igreja sempre as recebe com carinho, sempre são bem-vindas, mesmo quando não são bem-vindas em nenhum outro lugar.
Houve vezes em que foi necessário escalar mais membros para servir no Salão Infantil, nas quartas-feiras. Viu-se a necessidade de aproveitar esse dia não só para entreter as crianças, mas para conversar com elas e dar-lhes um conceito melhor sobre seu Pai-Mãe Deus. Os maiorzinhos são convidados a ouvir os testemunhos, na sala de cultos, e muitas vezes aceitam o convite.
O que as crianças nunca deixam de fazer é levar Arautos para casa, para os pais, para os tios, para os vizinhos. Os que vêm pela primeira vez recebem o folheto Os Dez Mandamentos, impresso num formato especial para crianças.
Os membros tiveram de aprender a ser flexíveis, criativos, a ouvir a inspiração divina sobre o que fazer e como agir em cada circunstância, para atender à necessidade imediata, seja disciplina, carinho ou paciência. Muitas vezes vêm perguntas difíceis, que não se esperariam de crianças daquela idade. É uma ótima oportunidade de seguir o conselho de Tiago: “Se ... algum de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente...” Tiago 1:5.
Afinal, fica a certeza de que nenhuma criança está fora dos cuidados do Pai. E Ele mesmo as conduz ao lar espiritual de que todos fazemos parte.
 
    
