Jesus Muitas Vezes ensinou seus seguidores por meio de parábolas. Após colocar uma criança no meio de seus discípulos, exortou-os a não desprezar “a qualquer destes pequeninos” e não os fazer “tropeçar”. A seguir, contou-lhes a parábola da ovelha perdida que é, para mim, talvez, a mais terna de todas elas. Refere-se a um homem que, possuindo cem ovelhas, e uma delas se extraviando, deixa nos montes as noventa e nove e procura a que se perdeu. Encontrando-a, regozija-se mais por esta, do que pelas noventa e nove que não se extraviaram. Jesus concluiu essa parábola, dizendo: “Assim, pois, não é da vontade de vosso Pai celeste que pereça um só destes pequeninos.” Ver Mateus 18:6, 10, 12–14.
Quanto desvelo nosso Mestre exemplificou, ao mostrar-nos o inesgotável amor de Deus por Seus filhos! Na Ciência Cristã Christian Science (kris’tiann sai’ennss) aprendemos a pôr em prática os ensinamentos de Cristo Jesus.
Vejamos, então, como esses ensinamentos podem auxiliar a amenizar os graves distúrbios, conflitos e revoltas que abalam a segurança das comunidades hoje em dia. É especialmente doloroso quando esses problemas são ocasionados por crianças e adolescentes, cuja existência parece marcada pela criminalidade desde a mais tenra infância.
Estudos de caráter social nos informam que as causas dos distúrbios são as crises econômicas, políticas e sociais geradoras de pobreza, desemprego, injustiça na distribuição de renda, concentração de poder para beneficiar determinados setores privilegiados e que tais opressões podem gerar insatisfação íntima e, em conseqüência, revolta coletiva.
Como podemos participar no esforço de aliviar esses males sociais? Onde encontrar soluções? A recomendação dada na parábola acima não nos deixa à margem da situação.
No livro-texto da Ciência Cristã, Ciência e Saúde com a chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, a Descobridora e Fundadora da Ciência Cristã, escreve: “O Cientista Cristão alistou-se para minorar o mal, a moléstia e a morte; e os vencerá por compreender que nada são, e que Deus, o bem, é Tudo.” Ciência e Saúde, p. 450. Como Cientista Cristã, sinto-me “alistada” para ajudar a solucionar essas crises.
Purificar nossa forma de pensar, corrigindo a cobiça, a desonestidade, a sensualidade, o conformismo com a pobreza e o complexo de inferioridade — tudo isso constitui um passo de progresso no encalço de redescobrir a harmonia.
Quando analisamos os ensinamentos de Jesus, podemos observar como ele agiu, em situações semelhantes. Sabemos que foi jantar na casa de um homem tido como pecador e, naquele momento, o homem se modificou. Ver Lucas 19: 1–10. A mulher adúltera, diante de Jesus, não foi apedrejada por aqueles que queriam fazer justiça pelas próprias mãos. Ver João 8:1–11. Diante de seus carrascos Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.” Ver Lucas 23:34. Seus exemplos e suas palavras estão repletos de amor e perdão. Quando obedecemos aos ensinamentos de Cristo Jesus, podemos apoiar-nos no Cristo para sustentar nossa fé no bem, que traz resultados melhores do que a punição física.
A Ciência Cristã também nos ensina que a harmonia é o real e a desarmonia, o irreal. A desarmonia não é regida por nenhum princípio, assim como um erro aritmético não é regido por nenhum princípio, matemático. À medida que compreendemos que o homem é inseparável de seu Pai-Mãe, Deus, o Amor divino, a harmonia pode ser novamente manifestada, pois a harmonia procede do Princípio divino.
Medidas e providências humanas eficazes surgem como conseqüência da purificação individual do pensamento e da aplicação das leis da Verdade, da Vida e do Amor. Esse progresso espiritual e individual influencia e melhora as possibilidades da educação pública, religiosa e familiar e, conseqüentemente, promove a harmonização dos grupos sociais.
A formação de crianças e jovens, quando conduzida pelo amor e inspirada no Princípio, ou seja, em Deus, valoriza a verdade e a moralidade. A Bíblia diz: “Ensina a criança no caminho em que deve andar, e, ainda quando for velho não se desviará dele.” Provérbios 22:6. A família, a escola, os centros comunitários, a igreja, os meios de comunicação são canais adequados para “ensinar a criança no caminho em que deve andar.”
Há alguns anos atrás, quando eu exercia o magistério, recebi em minha classe um menino que apresentava um comportamento muito irregular. Ele tinha sérios problemas familiares, tanto financeiros como de relacionamento. Orei, sabendo que, se houvesse um momento de crise, Deus me daria um modo de enfrentá-lo. Logo notei que eu precisava amar esse garoto. Então comecei a procurar algo que ele soubesse fazer corretamente: um pequeno exercício de matemática, uma resposta certa em geografia ou outro assunto, algo que lhe desse a oportunidade de ter uma conduta um pouco melhor. Eu tinha de reconhecer o filho perfeito de Deus, ali mesmo.
Eu estava encontrando a verdade sobre o menino, ou seja, o fato de que ele era capaz de refletir a Deus, a Mente divina, era capaz de expressar inteligência e bondade. Recusei-me a aceitar como real uma personalidade rebelde e desobediente. Uns tempos depois, o menino tornou-se respeitoso comigo, depois com os colegas e com outros professores. Tornou-se mais alegre, suas notas melhoraram e foi aprovado para a série seguinte.
A pureza, o bem, a verdade são características inatas a cada um dos filhos de Deus. Reconhecê-las como inatas e cultivá-las é parte do compromisso que temos para com a geração que nos sucede, a fim de que sejam percebidas e demonstradas.
Gostei muito de uma observação de uma amiga, que há algum tempo me escreveu o seguinte, sobre essa crise social: “Eu só posso sugerir aquilo em que acredito e assim procurar uma base mais sólida, mais firme para me apoiar: a oração.”
A oração científica e cristã é um poderoso instrumento com o qual trabalhar para ajudar a resolver os problemas que o mundo apresenta. Orar é saber que Deus é a causa única, é afirmar com amor e certeza que as idéias espirituais de Deus, Seus filhos, não são vítimas nem agressores. Ao compreendermos a unidade do homem com Deus, o Amor divino, ajudaremos a humanidade a emergir da imposição material que a declara carente, desamparada, pobre ou marginalizada.
Os problemas sociais podem ser tratados pela oração, da mesma maneira que um corpo enfermo ou qualquer outra situação desarmoniosa. Esse tratamento é um trabalho que os olhos não vêem, mas seu poder é palpável, bem sucedido e de âmbito universal.
Não há circunstância alguma fora do alcance da oração. Nossa fidelidade ao mandamento de Jesus: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” Mateus 22:39. é luz para nossa oração e para nossas atitudes. A oração coloca-nos em sintonia com Deus, e essa sintonia permite que se tomem medidas adequadas e soluções coerentes, para que “não desprezeis a qualquer destes pequeninos” e nenhum deles se perca ou se extravie.
 
    
