As mulheres que conheceram Jesus e que, em alguns casos, ajudaram a fundar a primitiva igreja cristã, estão incluídas em algumas das mais emocionantes histórias da Bíblia. Ao ler essas histórias, porém, precisamos levar em consideração algumas coisas. Em primeiro lugar, não podemos avaliar essas mulheres segundo os padrões femininos de agora. Iremos compreendê-las melhor se procurarmos entender aquilo que elas fizeram e disseram, no contexto de sua própria época.
É importante lembrar também que, aquilo que está escrito sobre elas não foi escrito por elas. Os relatos nos chegam através dos olhos de homens. Eram os homens que geralmente regulavam a vida em sociedade e eles é que eram considerados os chefes de família. Era assim que a sociedade funcionava, na época.
As mulheres daquele tempo tinham alguma influência, mas basicamente só dentro de sua própria família. Elas desempenhavam papéis importantes como esposas, mães, filhas, noivas. Por exemplo, eram as mães que tinham a responsabilidade de ensinar às crianças os valores e a sabedoria elementar. Os casamentos influíam positiva ou negativamente nos laços entre famílias e, em alguns casos, até entre as diversas nações.
Fora de casa, as mulheres ajudavam a criar animais domésticos e a cultivar a terra. Confeccionavam as roupas, cozinhavam e faziam outros serviços domésticos. Isso, às vezes, correspondia ao que hoje chamaríamos de pequenos negócios.
Havia mulheres entre os discípulos de Jesus, e ele mencionou mulheres em suas parábolas. O Mestre também mostrou compaixão e respeito pelas mulheres, curando-as em diversas ocasiões. Em retribuição, elas muitas vezes cuidaram dele e o alimentaram. Assim como muitos homens, houve mulheres que não foram muito gentis com Jesus e com seus seguidores. Mas com elas também podemos aprender alguma coisa.
As mulheres ao redor de Jesus
Maria, sua mãe (Mateus 1:16, 18-21; Lucas 1:26-35, 38, 46-48; 2:1-7, 15-19; João 2:1-11, 19:25; Atos 1:13, 14) Conhecemos Maria principalmente em seu papel de mãe de Jesus. Sem dúvida, foi um papel importante e sagrado. Ela foi uma mulher pura e íntegra. O anjo Gabriel a chamou "muito favorecida" e sua prima Isabel disse dela: "Bendita és tu, entre as mulheres" (Lucas 1:28, 42).
Maria tinha provavelmente catorze ou quinze anos e morava com sua família, em Nazaré, quando o anjo Gabriel lhe anunciou que teria um filho. Ela foi mãe dedicada, que reconheceu a bondade de Jesus. Mostrou sabedoria e discernimento, ao cuidar dele. Estava com ele por ocasião das bodas em Caná e o incentivou a ajudar o dono da festa, quando o vinho acabou. É assim que se iniciou o ministério de Jesus em público. Maria também estava presente, junto com outras mulheres, na hora da crucificação. A última referência que temos a respeito dela menciona sua presença entre os que estavam reunidos no cenáculo, depois da ascensão de Jesus. Ela estava orando com os apóstolos, em Jerusalém.
Isabel, mãe de João Batista (Lucas 1:5–17, 24, 36, 39–45, 57–60) Tanto Maria como sua prima, Isabel, se dispuseram a aceitar o plano de Deus para a vida delas e de seus filhos. Isabel era mais velha do que Maria e era estéril. O anjo Gabriel visitou também o marido dela e lhe disse que Isabel teria um filho. Quando Maria foi visitá-la, Isabel já estava adiantada em sua gravidez e foi a primeira a cumprimentar Maria como a Virgem-mãe. Talvez as duas tenham conversado sobre o fato de que para Deus nada é impossível.
Pouco tempo depois de Maria voltar para sua casa, Isabel deu à luz um menino. Algumas pessoas que estavam presentes sugeriram que lhe fosse dado o nome de Zacarias, como o pai. Mas Isabel, lembrando-se da promessa do anjo, disse: "De modo nenhum!... ele deve ser chamado João."
Ana (Lucas 2:36–38) Viúva que, no Templo de Jerusalém, foi a primeira mulher a proclamar que o menino Jesus era o Cristo.
Três mulheres e uma menina que Jesus curou A sogra do Apóstolo Simão Pedro estava acamada com febre, mas assim que Jesus a curou, levantou-se e passou a servi-lo (Mateus 8:14, 15; Marcos 1:30, 31; Lucas 4:38, 39). Outra mulher estava curvada, inválida, havia muitos anos (Lucas 13:11-13). Quando Jesus a curou, ela deu glória a Deus. Uma terceira mulher tinha hemorragia havia doze anos. Ela foi curada enquanto Jesus passava em meio à multidão, a caminho da casa de Jairo, para onde havia sido chamado a fim de curar uma menina de doze anos. Quando o Mestre chegou, a menina já havia morrido, mas Jesus a ressuscitou (Mateus 9:18-25; Marcos 5:35-43; Lucas 8:41-56).
Herodias (Mateus 14:311; Marcos 6:17-28) Pertencente à classe governante, Herodias foi criticada por João Batista por ter deixado seu primeiro marido e estar vivendo com Herodes Antipas, tio dela. Este havia se divorciado da esposa para ficar com ela. Para vingar-se, Herodias sugeriu à sua filha que pedisse a Herodes a cabeça de João Batista num prato, como prémio por ter dançado bem.
Maria e Marta (Lucas 10:38–42; João 11:1–45; 12:3) Essas duas irmãs moravam na aldeia de Betânia e hospedaram Jesus. Marta corria de um lado para outro, ocupada em servir os hóspedes, enquanto a irmã, Maria, ficava ouvindo Jesus falar, tomando lugar entre os homens, entre os discípulos dedicados, ventura essa que, disse Jesus, "não lhe será tirada".
Maria e Marta tinham um irmão, Lázaro, que também era amigo de Jesus. Algum tempo depois, Lázaro ficou muito doente. As duas irmãs, lembrando-se das palavras e das obras de Jesus, mandaram pedir ao Mestre que viesse curar o rapaz. Quando Jesus chegou, porém, Lázaro já estava morto havia quatro dias. Mas Jesus disse a Marta: "Todo o que... crê em mim não morrerá." Jesus foi até o túmulo onde haviam colocado o corpo de Lázaro e voltouse humildemente a Deus, em oração. Depois chamou Lázaro em voz alta e o rapaz veio para fora, vivo. Imaginem como Maria e Marta devem ter ficado felizes!
Maria Madalena (Mateus 27:55, 56, 61; 28:1–8; Marcos 15:40, 47; 16:1–10; Lucas 8:1, 2; 24:10; João 19:25; 20:1, 11–18) Essa Maria era chamada Madalena, pois vinha de um lugar chamado Magdala. Jesus a curou de "sete demónios", sete problemas não especificados. Ela se tornou uma das discípulas mais fiéis de Jesus, seguindo-o até a cruz, mesmo após os outros discípulos o terem abandonado. Sua fidelidade a Jesus, após o povo ter se virado contra ele, é um exemplo de amor, para todos nós. Foi também a primeira pessoa a ficar sabendo que Jesus havia ressuscitado do túmulo. Depois, correu para avisar os Apóstolos Pedro e João.
A mulher cananéia (Mateus 15:21–28; Marcos 7:24–30) Ela encontrou Jesus quando este estava passando por sua região, e pediu-lhe que curasse sua filhinha. Ele relutou, a princípio, mas ela insistiu em pedir sua ajuda. Jesus finalmente curou a filha dessa mulher, sem nem precisar ir vê-la.
Salomé (Mateus 20:20–23) Era a mãe de Tiago e João, filhos de Zebedeu e discípulos de Jesus. Salomé fez a Jesus um pedido especial, em favor de seus filhos: que os dois pudessem sentar, um à direita e outro à espuerda de Jesus, quando seu reino viesse. Jesus respondeu que ela não sabia o que estava pedindo. Ele disse que não podia conceder essa honra, pois isso cabia somente a Deus. Mais tarde, vemos que Salomé estava com Jesus no momento da crucificação, e também estava com Maria Madalena na manhã da ressurreição.
A mulher samaritana (João 4:7–42) Atravessando a região de Samaria, Jesus encontrou uma mulher que vinha tirar água do poço de Sicar. Conversando, Jesus revelou que conhecia o passado dela. A mulher ficou impressionada e abriu seu coração à mensagem do Mestre, indo depois contar aos seus concidadãos tudo o que Jesus lhe havia dito. Ela foi a primeira pessoa não-judia a quem Jesus se revelou como o Cristo, e ela aprendeu que "Deus é Espírito".
A mulher de Pilatos (Mateus 27:19) Embora as mulheres provavelmente tivessem considerável influência dentro de casa e sobre seus maridos, houve uma ocasião importante em que Pilatos não seguiu o conselho de sua mulher. (Pôncio Pilatos poderia ter impedido a crucificação de Jesus, mas não o fez.) Ela tivera um sonho pelo qual percebeu que Jesus estava sofrendo uma grande injustiça. Então enviou uma mensagem ao marido, pedindo-lhe que não deixasse o povo condenar Jesus. Pilatos, porém, não lhe deu atenção e deixou que a turba pedisse a condenação dele. Essa mulher teve a clara convicção da diferença entre certo e errado.
Mulheres da igreja primitiva
Maria, mãe de João Marcos (Atos 12:12) Essa Maria provavelmente já era viúva quando abriu sua casa, em Jerusalém, para que os primeiros cristãos ali se reunissem para orar. Quando Pedro foi até a casa dela, depois de ser libertado da prisão, encontrou ali um grupo de cristãos, orando por ele. Essa Maria era fiel aos ensinamentos de Jesus. Sua casa era provavelmente um centro de oração bem conhecido.
Dorcas, também chamada Tabita (Atos 9:36–41) Dorcas fazia muitas boas obras. Ela morava em Jope e costurava para os pobres. Quando morreu, seus amigos mandaram chamar Pedro. Chegando de Lida, Pedro fez sair a todos os que estavam ali chorando e ressuscitou Dorcas.
Lídia (Atos 16:14, 40) Lídia era uma vendedora de púrpura, substância para tingir tecidos. Ela era da cidade de Tiatira. Quando estava em Filipos, porém, conheceu Paulo. Receptiva à palavra da verdade, ela se tornou a primeira cristã da Europa. Ficou tão impressionada com a mensagem de Paulo sobre Cristo Jesus, que pediu para ser batizada, juntamente com toda a sua família. Sua casa se tornou o primeiro lugar de reunião para os cristãos europeus.
Priscila (também chamada Prisca) (Atos 18:2, 3, 18, 24-26; Romanos 16:3–5; 1 Cor. 16:19; 2 Timóteo 4:19) Ela e seu marido fabricavam tendas e ensinavam em Corinto, onde Paulo ficou na casa deles. Priscila também foi com o marido e Paulo a Éfeso, onde ajudou a instruir Apolo, estudante das Escrituras e discípulo de João Batista. Priscila e o marido foram líderes da igreja de Corinto, de Éfeso e, mais tarde, de Roma. Em Éfeso e em Roma, a igreja se reunia na casa deles.
Febe (Romanos 16:1, 2) Febe foi portadora de uma carta de Paulo aos romanos. Ela era da cidade de Cencréia e provavelmente viajou de navio ou em caravana pelas montanhas, para chegar até Roma. Parece que exercia uma grande e boa influência. Paulo diz que ela estava "servindo à igreja". No original grego, a palavra usada é diáconos, diácono. Provavelmente Febe tinha um papel importante na igreja, como Paulo, Timóteo e outros.
As mulheres, sem dúvida, foram parte integrante do ministério de cura de Jesus e figuram em meio às lutas e vitórias da Igreja primitiva. Há também outras mulheres que aparecem nos Evangelhos e nos escritos do primeiro século.
 
    
