Às Vezes, Denuncias ou reportagens que aparecem na mídia tentam definir o assédio sexual e o que deveria ser feito para coibi-lo.
Quando moça, meus chefes geralmente me provocavam e me contavam piadas embaraçosas. Na época, parecia ser natural enfrentar essas coisas, numa profissão predominantemente masculina. Entretanto, quando o tema "assédio sexual" começou a ser abordado com mais seriedade, compreendi que eu não deveria ter tolerado um tratamento que era humilhante.
Algum tempo depois, recebi a incumbência de supervisionar vários homens, dentre os quais um moço bem atraente e bonito. Sem pensar, comecei a provocá-lo de uma forma que, mais tarde, pareceu-me um tanto quanto sugestiva. A brincadeira foi divertida no início, mas em seguida pude ver que era desagradável para ele, talvez pelo fato de eu ser sua supervisora.
Como Cientista Cristã, estou acostumada a recorrer à oração sempre que enfrento qualquer tipo de desarmonia. Faz parte da oração a auto-análise, ou seja, a disposição de rever, sob a luz dos ensinamentos de Cristo Jesus, tanto nossos motivos como nossos pensamentos.
Ao fazer isso, descobri, chocada, que estivera fazendo com aquele rapaz o mesmo jogo que homens mais velhos haviam feito comigo, quando jovem. Talvez não tenha sido exatamente assédio sexual, mas faltou pouco. Quando percebi que tinha dificuldade em parar com aquele comportamento, apesar de não aceitá-lo mais, compreendi que precisava orar mais profundamente a respeito do assunto.
Comecei a compreender que qualquer forma de tratamento que estiver baseada meramente em características materiais, como, por exemplo, sexo, cor ou condição física, é potencialmente nociva, pois nega a natureza verdadeira e espiritual de cada um de nós. A aparência material nada mais é do que uma ilusão. Não colabora para que expressemos inteligência, bondade, vitalidade, alegria e outras qualidades espirituais que constituem nosso ser real como idéias de Deus.
Deus, o Amor divino, cria o homem perfeito e bom. Assim sendo, não há nenhuma característica que faça Deus amar um de Seus filhos mais do que outro. Aliás, as aparências materiais não significam nada para o amor que Deus tem por nós. Paulo fala sobre isso na carta que escreveu aos cristãos da Galácia. Ele explica que somos todos filhos de Deus, pela fé em Cristo Jesus, e escreve: "...não pode haver judeu nem grego; nem escravo nem liberto; nem homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus." Gálatas 3:28.
Essa e outras declarações da Bíblia, que mostram a imparcialidade de Deus e o Seu amor universal, ajudam-nos a reconhecer a união de todos nós com Deus, o Espírito. Essa união significa que podemos ter um relacionamento correto uns com os outros, por estarmos todos no mesmo nível aos olhos de nosso Deus totalmente amoroso. A Sra. Eddy explicita isso, em seu livro Ciência e Saúde. Ao falar de Deus, ela escreve: "O Amor é imparcial e universal na sua adaptação e nas suas dádivas."Ciência e Saúde, p. 13.
O homem, como expressão de Deus, manifesta naturalmente esse amor imparcial e divino. Você e eu somos verdadeiramente filhos de Deus. Pensar dessa maneira não inclui inferiorizar um funcionário ou um colega. Não precisamos recorrer a um comportamento nocivo, no esforço de afirmar nossa importância ou sustentar nosso poder, quando conhecemos e sentimos o amor de Deus tanto por nós como por todos os Seus filhos.
Essa crescente compreensão do Amor divino e de sua imparcialidade ajuda-nos também a reconhecer a individualidade daqueles que estão ao nosso redor. Começamos a ver que cada um tem um propósito específico, um talento e um valor tanto para a sociedade como para Deus. Quando reconhecemos que todos são preciosos para Deus, o desejo de controlá-los pessoalmente, de levá-los a fazer a nossa vontade, diminui.
Comecei a perceber isso mais claramente e em pouco tempo o relacionamento entre mim e o rapaz tornou-se diferente, mais agradável e baseado em respeito mútuo, inclusive com mais afeto genuíno.
Em nossas orações, cada um de nós pode reivindicar o direito de conhecer e sentir o amor que Deus nos dá. Fazendo isso fielmente, veremos evidências desse amor em nossa própria experiência. Talvez não apareçam da maneira que esperamos, mas se as procurarmos, as encontraremos.
Com essa garantia do Amor divino, acharemos a segurança e o respeito que talvez tenhamos procurado ao provocar, pressionar ou até mesmo assediar outra pessoa. Ao invés de impor nosso controle pessoal sobre os outros, veremos gradualmente formas mais inteligentes de nos comunicar e de atuar. O resultado será uma convivência mais sólida e mais produtiva com nossos colegas e, talvez o mais importante, uma compreensão mais clara do amor de Deus por nõs!
 
    
