: Quando você começou a pensar em seguir uma carreira no campo musical e como desenvolveu seu talento?
Jennifer Foster: Durante o curso médio. Como sabia cantar, inscrevi-me no coral. Depois, resolvi estudar com mais seriedade, num curso superior. Escolher uma faculdade parece ser algo irreversível para um jovem. Vinham-me pensamentos como: “E se eu escolher a faculdade errada?” Orei com uma passagem de Provérbios, que diz: “Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento. Reconhece-o em todos os teus caminhos, e ele endireitará as tuas veredas”(3:5,6). Procurei entender que minha vida estava de acordo com o propósito de Deus para mim. Essa oração me proporcionou muita calma e alívio. Tive certeza de que Deus não me deixaria cometer um erro. Escolhi a faculdade de música, da Chapman University, no Sul da Califórnia. Ali comecei a ter aula com uma excelente professora. Estudei cinco anos com ela e somos boas amigas até hoje.
LL: Você tem outro exemplo, no qual sentiu a presença e a orientação de Deus?
JF: A parte mais significativa dos meus estudos ocorreu no meu segundo ano de faculdade. Houve um concurso entre as várias faculdades de música da região. Normalmente são os alunos do último ano que ganham tais concursos, pela maturidade da voz. A minha faculdade enviou alguns alunos e eu estava entre eles. No dia em que fui cantar, havia quinze participantes. Eu era a última da lista. Levei comigo um panfleto com vários artigos sobre artes, publicado pela Sociedade Editora da Christian Science. A leitura me fez pensar em como o canto pode tocar as pessoas. Havia também um artigo sobre competição que dizia que nós nunca competimos com outras pessoas, mas sim expressamos a Deus, de maneiras infinitas. Quando chegou a minha vez, eu pensei: “Não tenho nada a perder, vou dar tudo o que tenho, sem medo e com alegria”. Eu obtive o primeiro lugar, algo nada comum para uma jovem estudante de segundo ano. Lembro-me de ter reconhecido, de todo o meu coração, que aquele resultado foi devido ao fato de eu estar mentalmente unida a Deus. Um dos prêmios consistiu de dois dias de aulas com grandes mestres: um de arte cênica e outro de canto. O cerne do que aprendi durante esses dois dias sobre performance, atuação no palco e canto foi como eliminar o medo e expressar amor. Os professores não eram religiosos, mas os princípios eram cristãos. E percebi que o estudo e a aplicação dos ensinamentos da Christian Science me ajudavam nas técnicas de atuação.
LL: Como você cresceu profissionalmente?
JF: Ainda no segundo ano da faculdade, fui contratada para participar em concertos como solista e cantei em duas óperas. Depois de formada, tive de tomar uma decisão: aceitar uma bolsa de estudos, em uma das faculdades de música de maior prestígio nos Estados Unidos, ou seguir a inspiração de ter aulas particulares, com uma professora de canto Cientista Cristã. Optei pela professora particular e mudei-me para São Francisco, onde trabalhei dois anos num coro de ópera. Depois, mudei-me para o sul da Califórnia e, durante um ano, participei de uma programação que levava a ópera para as escolas. Nessa época comecei a me sentir desanimada, queria participar de eventos maiores. Novamente tive de orar com seriedade e perguntar a Deus o que fazer. A resposta que recebi foi de que eu deveria ser grata, pois estava fazendo o que gostava e recebendo por isso. Foi aí que compreendi a importância da gratidão e comecei a trabalhar com alegria. Logo depois disso, fui convidada para concorrer a uma vaga no Centro Musical de Ópera de Los Angeles, a principal companhia de ópera da cidade. O papel que me ofereceram, Fiordiligi, em Così Fan Tutte, não era ideal para o meu tipo de voz. Orei reconhecendo que se aquele fosse meu lugar, eu o receberia de Deus. Fiquei muito calma, estudei bastante a ária que iria cantar e quando cheguei ao palco, veio-me um pensamento muito forte: “Fique firme!” “Cante para Deus!” Quando terminei, a banca examinadora agradeceu e não pediu para eu cantar a segunda ária, o que significa, muitas vezes, que a audição não foi satisfatória. No mesmo dia, recebi um telefonema confirmando que eu fora escolhida para o espetáculo das matinês. Essa apresentação era em inglês, com a duração de duas horas. Além disso, deveria prepararme para uma eventual substituição no espetáculo noturno, com a duração de quatro horas, em italiano. Após o início das apresentações, fui avisada de que deveria substituir a cantora principal no espetáculo da noite. Reconheci que Deus está sempre em ação e eu O expressava por meio da minha voz e da minha atuação. Ainda precisava vencer o medo de falhar e de estragar a minha carreira, por isso pedi ajuda a um praticista da Christian Science e orei com uma frase da Sra. Eddy: “Tudo o que é de teu dever, podes fazer sem te prejudicares” (Ciência e Saúde, p. 385). Fiquei tranqüila e tive a certeza de estar cumprindo a vontade de Deus. Na estréia, cantei com uma voz que eu mesma nunca ouvira antes.
Eu me comprometi a expressar a Deus, sem aceitar limites quanto ao meu talento.
LL: Qual é o impacto que essa experiência tem na sua carreira hoje?
JF: Quando não me sinto muito satisfeita com a minha performance, sei que devo expressar mais coragem, firmeza, confiança em Deus e amor. Em ambos os exemplos que relatei, eu me comprometi totalmente a expressar a Deus e deixei tudo nas mãos dEle, sem aceitar imposições de limites quanto ao meu talento ou à minha voz. Também aprendi que não tenho de me preocupar com o que as pessoas pensam a meu respeito, mas devo expressar cada vez mais e melhor o domínio que Deus nos dá como Seus filhos.
LL: Como você relaciona o fato de ser cantora profissional, mãe de três crianças?
JF: Há alguns anos, eu pensava que, sendo mãe, não poderia ter atividades profissionais, por se tratar de uma carreira que exige ensaios e viagens constantes. Nunca podemos ser prejudicados por fazer o bem; e criar os meus filhos é algo bom! Por isso, a minha carreira não pode ser prejudicada e deixo que Deus a defina. Deus não tem um senso limitado de como nós O expressamos. Cada um de nós tem algo para oferecer.
LL: Qual é o impacto que a Sra. Eddy, como mulher, teve na sua vida?
JF: Algo que me incentiva é o fato de ela ter superado todos os limites de idade e sexo que a época lhe impunha. A Sra. Eddy fundou um jornal, aos 87 anos, o The Christian Science Monitor. Ela confiava nas suas idéias e inspirações e não se deixava intimidar pelo que os demais pensavam. Ela não só sonhou em escrever um livro, mas o fez. Isso é encorajador. A Sra. Eddy sabia qual era a vontade de Deus e perspectivas limitadas não a impediam de cumpri-la.
LL: Você teria alguma mensagem para as mulheres?
JF: Tanto em relacionamentos, como profissionalmente é importante ter altos padrões. Podemos sempre ter expectativas de crescer e alcançar algo melhor, porque Deus tem o melhor preparado para nós. Nunca devemos aceitar limites no nosso coração.
