Num filme para crianças muito conhecido, duas enguias, de aparência um tanto quanto sinistra, nadam em volta de uma pequena sereia que parece muito zangada, tentando convencê-la a visitar a Bruxa do Mar que, segundo elas, poderia ajudá-la. Quando a pequena sereia, num primeiro momento recusa a idéia, uma das enguias diz: “Foi só uma sugestão.” As enguias não a forçam a segui-las; elas somente sugerem que ela deveria fazer isso. Logo, porém, vemos a sereia nadando ao lado das enguias, indo ao encontro da Bruxa do Mar. E, embora o bem acabe triunfando no final, o que a sereia consegue da Bruxa do Mar dificilmente poderia ser chamado de ajuda!
Muitas vezes, faço referência à frase da enguia, “Foi só uma sugestão”, quando converso com meus filhos sobre a capacidade que eles têm de resistir à doença ou ao desejo de fazer algo que não esteja de acordo com sua natureza inocente, pura e desprendida. Essa idéia tem sido útil para a mãe deles também!
Certo dia, eu estava tentada a acreditar que meus filhos não conseguiam deixar de se sentir magoados e insatisfeitos, e que eu era incapaz de lidar com a situação. Conversar com eles, até mesmo suborná-los ou ameaçá-los, não funcionava. Eu já estava aborrecida, e então volvi-me a Deus em desespero. Veio-me o pensamento de que os filhos da Mente divina são obedientes à Mente que os cria. Esse pensamento baseia-se numa frase de Ciência e Saúde, que diz: “O universo está cheio de idéias espirituais, que Deus desenvolve, e elas obedecem à Mente que as cria” (p. 295).
Decidi confiar nessa inspiração e aceitar que a obediência era a verdade a respeito de meus filhos. Eles são, em realidade, idéias espirituais criadas para louvar a Deus e obedecer ao propósito que Ele estabeleceu para elas. Logo depois, para minha surpresa, as crianças começaram a fazer exatamente aquilo que elas precisavam fazer, sem nenhuma queixa ou resistência. Compreendi que a obediência era algo inato nelas. Essa experiência me mostrou a importância de reconhecer os filhos de Deus em sua verdadeira luz.
Jesus atinha-se firmemente ao fato de que só existe um Deus, que é totalmente bom, e que é o único poder. Os Evangelhos de Mateus e de Lucas relatam que Jesus foi tentado pelo diabo a transformar pedras em pães, a atirar-se do pináculo do templo e a prostrar-se para adorar o mal (ver Mateus 4:1-11; Lucas 4:1-13). Mas Jesus não se deixa enganar e não confere nenhuma legitimidade a essas sugestões. Finalmente, ele reivindica sua autoridade divina sobre o mal, de uma vez por todas, e declara que ele serve somente a Deus. O relato de Mateus termina com a seguinte frase: “Com isto, o deixou o diabo, e eis que vieram anjos e o serviram.”
Se considerarmos essas tentações como sugestões, não como parte dos pensamentos de Jesus em sua condição de filho de Deus, poderemos ver claramente os benefícios que resultam do fato de se adorar um único Deus verdadeiro, ou Mente. Temos a autoridade divina e a capacidade para resistir às sugestões do mal e para permitir que a inspiração que provém de Deus nos motive. Isso nos fortalece espiritualmente. Ciência e Saúde nos recomenda: “Resiste ao mal — ao erro de toda espécie — e ele fugirá de ti” (p. 406).
Em outra ocasião, eu estava me sentindo muito decepcionada com algo que estava fazendo e gritei com meus filhos. Imediatamente compreendi que meu comportamento não estava correto. Então, minha filha mais velha, que tinha cinco anos naquela ocasião, me disse tranqüilamente: “Mãe, respire fundo e se acalme.” Não consegui deixar de sorrir. A sensação de que eu era uma mãe sobrecarregada, que não conseguia ser paciente e manter a calma, desapareceu. Agradeci à minha filha e expliquei às crianças que minha irritação momentânea não tinha nada a ver com elas, e não fazia parte da minha identidade como filha de Deus.
Podemos resistir às sugestões de desarmonia e superá-las, quando compreendemos nosso relacionamento ininterrupto com Deus, a Mente única, que nos supre de todos os bons pensamentos. Não temos de crer que somos levados, como seres indefesos, pelas forças enganosas do mal, como aquelas que aparecem em A Pequena Sereia. Temos um exemplo melhor para contemplar, que é o de Jesus, que provou que, por sermos filhos de Deus, temos a inteligência para não nos deixar iludir por essas sugestões.
Podemos reivindicar a paz e a alegria, que são inatas a cada um de nós, agora mesmo!
