Minha filha e eu estávamos voltando de um passeio e conversávamos alegremente. Quando paramos o carro em frente ao meu apartamento, eu comentei: “Sempre digo às pessoas que o nosso relacionamento não é de mãe e filha mas, muito mais, de irmãs.” Com um sorriso e um abraço, ela retrucou: ”Sim, irmãs e filhas de Deus; como nos compreendemos bem!”
Pensei, então, em quantas lições eu havia aprendido! Quando minha filha nasceu, ela era muito pequena e me disseram que, se eu não tomasse bastante cuidado, ela morreria. Aquilo foi terrível. Passei a ser uma supermãe. Eu acordava durante a noite para ver se ela estava respirando, alimentava-a mais do que o necessário, repetia continuamente as rezas que eu havia aprendido. Ela foi crescendo, mas minha atitude não mudou: cobria-a de agasalhos, com medo do tempo, ficava apreensiva, pensando no que poderia acontecer, estava sempre atrás dela. Com meiguice, ela dizia: “Mamãe, não gosto desse seu jeito de ser.”
No fundo, eu me sentia um pouco culpada por ela ser filha única. Minhas irmãs tinham mais filhos e quando, aos domingos, a família se reunia, eu percebia os olhares de indagação, os comentários velados. Havia a impressão de que eu não quisera ter mais filhos, talvez por comodismo ou por vaidade. O fato era que eu simplesmente não engravidava; por dentro, porém, sentia-me como se tivesse culpa disso.
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