Minha filha e eu estávamos voltando de um passeio e conversávamos alegremente. Quando paramos o carro em frente ao meu apartamento, eu comentei: “Sempre digo às pessoas que o nosso relacionamento não é de mãe e filha mas, muito mais, de irmãs.” Com um sorriso e um abraço, ela retrucou: ”Sim, irmãs e filhas de Deus; como nos compreendemos bem!”
Pensei, então, em quantas lições eu havia aprendido! Quando minha filha nasceu, ela era muito pequena e me disseram que, se eu não tomasse bastante cuidado, ela morreria. Aquilo foi terrível. Passei a ser uma supermãe. Eu acordava durante a noite para ver se ela estava respirando, alimentava-a mais do que o necessário, repetia continuamente as rezas que eu havia aprendido. Ela foi crescendo, mas minha atitude não mudou: cobria-a de agasalhos, com medo do tempo, ficava apreensiva, pensando no que poderia acontecer, estava sempre atrás dela. Com meiguice, ela dizia: “Mamãe, não gosto desse seu jeito de ser.”
No fundo, eu me sentia um pouco culpada por ela ser filha única. Minhas irmãs tinham mais filhos e quando, aos domingos, a família se reunia, eu percebia os olhares de indagação, os comentários velados. Havia a impressão de que eu não quisera ter mais filhos, talvez por comodismo ou por vaidade. O fato era que eu simplesmente não engravidava; por dentro, porém, sentia-me como se tivesse culpa disso.
A menina estava com doze anos, quando eu conheci a Christian Science. Aí se concretizou realmente a promessa de Cristo Jesus: “...conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (João 8:32). Toda aquela preocupação com a minha filha foi sendo aos poucos substituída por conceitos mais espirituais. Para início de conversa, vi que todos éramos filhos de Deus; Ele tem tantos filhos que minha menina não era absolutamente filha única. Compreendi que, antes de eu percebê-la como parte de minha vida, ela sempre existira como parte da criação divina. Meu comportamento com relação a ela mudou completamente. Só para dar uma idéia de minha mudança de atitude, não muito tempo depois, quando ela quis participar do escotismo, eu ajudei a convencer o pai a deixá-la se matricular. Ele receava as excursões de campo que a menina teria de fazer, mas eu sentia a certeza da proteção divina para toda e qualquer atividade correta. Eu sabia que, onde quer que ela estivesse, o Amor divino também estaria presente.
Hoje ela está casada e tem cinco filhos. Meu genro e meus netos são para mim os outros “filhos” que pareciam faltar.
Em Ciência e Saúde, a Sra. Eddy diz: “Desprendendo-te das mutações do tempo e dos sentidos, não perderás os objetivos concretos nem as finalidades essenciais da vida, nem a tua própria identidade. Fixando o teu olhar nas realidades supernas, elevar-te-ás à consciência espiritual do ser, tal como o pássaro que saiu do ovo e alisa as asas para alçar vôo rumo ao céu” (p. 261). O estudo da Christian Science me levou a desprender-me do medo e daquilo que os sentidos materiais diziam a respeito de minha filha. E continua me ajudando a fixar o olhar naquelas realidades supernas que fazem parte da criação de Deus.
Porto Alegre, RS, Brasil
