Quase todos os dias o assunto é notícia nos jornais. A recessão chegou. O mercado de trabalho está diminuindo. As empresas devem fazer novos cortes em seus quadros de pessoal. As taxas de desemprego estão subindo. Muitas pessoas andam preocupadas em manter seu emprego. Será que ainda estarão empregadas na semana que vem, ou no mês que vem? Se forem demitidas, conseguirão arranjar um novo emprego?
Ao pensar nisso, lembro-me de algo que aconteceu quando eu estava no último ano da faculdade. Eu não conseguia definir que tipo de trabalho eu queria ter depois de formado. Não conseguia encontrar nenhum tipo de trabalho que me entusiasmasse.
Eu havia crescido na fazenda de minha família no estado de Washington, e meu pai queria que depois de formado eu assumisse a direção dos negócios. Mas eu não tinha a intenção de voltar para a agricultura. Quando fui cursar a faculdade em outra cidade, eu estava decidido a nunca mais voltar à agricultura. Aquela não era a vida que eu queria. Eu tinha certeza disso.
Mas não aparecia nenhum emprego que me agradasse. O fim do curso se aproximava. Eu hesitava entre dedicar-me a algo que parecia não ter futuro e voltar para a fazenda. A idéia de voltar me apavorava, e eu não sabia o que fazer.
Quando comecei a orar a respeito desse dilema que, para mim, era imenso, concluí que eu deveria ser mais grato pela oportunidade de trabalhar com meu pai. Afinal, era uma opção de trabalho. Comecei a ponderar que esse passo poderia me trazer progresso espiritual. Eu estava certo de que precisava fazer algo produtivo. Eu tinha energia, era habilidoso. Certamente não queria ficar sentado sem fazer nada.
Como não via alternativa melhor, telefonei para meu pai e disse que gostaria de trabalhar com ele. Ele me recebeu de braços abertos. Em pouco tempo eu estava em casa, mergulhado no trabalho, como se pretendesse ser fazendeiro o resto da vida.
Do ponto de vista dos negócios, a fazenda prosperou. Meu pai e eu formávamos uma grande dupla. Aparentemente, eu havia feito a escolha certa. Porém, dentro em mim travava-se uma grande batalha. Ainda não achava que a fazenda fosse o melhor lugar para eu trabalhar. Mas, não sabia o que fazer. Eu me sentia muito sozinho para tomar uma decisão e acabei me volvendo a Deus em busca de inspiração e orientação. Passei a orar todos os dias para que Deus me mostrasse o que eu deveria fazer.
Eu hesitava entre dedicar-me a algo que parecia não ter futuro e voltar para a fazenda. A idéia de voltar me apavorava, e eu não sabia o que fazer.
Entre outras coisas, orei para compreender melhor no que consistia a verdadeira felicidade. Será que eu tinha de trabalhar em uma determinada função para ser feliz? Aprendi que a felicidade não se origina naquilo que você realiza; ela provém de Deus. A felicidade é espiritual. É um estado da Mente, ou Deus, que se expressa através de nós. É o amor, a alegria e a paz que se manifestam livremente em nossa vida, independentemente de onde estejamos trabalhando.
Raciocinei que, em qualquer local de trabalho encontramos pessoas que são felizes e pessoas que não são felizes, muito embora desempenhem a mesma atividade. Concluí então que o que traz alegria é o estado mental e não um trabalho específico. Certos estados mentais podem nos conduzir a determinados tipos de trabalho em que nos sentimos felizes com o que fazemos. Porém, se acreditamos que o trabalho, por si só, traz felicidade, podemos ficar desapontados. Por outro lado, um estado mental inspirado nos conduzirá a uma vida profissional mais saudável. Assim, cheguei à conclusão de que precisava buscar a alegria em Deus, não em um tipo especial de atividade.
Compreendi que, como somos a imagem de Deus, recebemos a incumbência de transmitir amor, alegria, paz, sabedoria, inteligência e criatividade. Isso significava que eu era livre para expressar essas qualidades em qualquer cargo que ocupasse, na fazenda ou fora dela.
Assim, orei para “espiritualizar” meu ponto de vista a respeito da minha atividade como fazendeiro. Por exemplo, ao cultivar o solo, eu tratava de cultivar as idéias que vinham de Deus, buscando uma perspectiva inspirada que me guiasse ao longo do dia. Ao podar os galhos das macieiras, procurava podar os pensamentos contraproducentes da minha consciência. Ao invés de me concentrar no aumento da produção de milho e frutas, eu procurava maneiras de me elevar mais espiritualmente. Pode-se dizer que passei a prestar mais atenção a Deus e menos atenção a mim mesmo. À medida que aprimorei minha maneira de pensar, meus dias se tornaram mais iluminados. Minha perspectiva das coisas se tornava mais clara.
Então, depois de cinco anos ouvindo pacientemente a Deus e prestando atenção ao que Ele me mostrava, descobri, através de uma seqüência de acontecimentos imprevisíveis, que eu estava preparado para assumir uma carreira inteiramente nova. Deixei a fazenda e comecei a trabalhar como praticista da Christian Science, algo com o qual eu sonhara desde criança. Parecia incrível que eu pudesse mudar de profissão de uma forma tão radical, mas agora já faz quatorze anos que estou fazendo isso. E não poderia ser mais feliz do que sou com o novo rumo que minha vida tomou.
Quando me lembro daqueles cinco anos na fazenda, reconheço que eles me amadureceram de uma forma que talvez não fosse possível em um ambiente diferente. Os anos em que procurei ouvir a Deus, aprendendo a confiar mais nEle, espiritualizando meus pensamentos, sem temer o futuro, prepararam-me para o trabalho que assumi depois, que consiste em ajudar outras pessoas a resolver seus problemas através da oração. Acredito, verdadeiramente, que Deus estava me revelando Seu propósito, e que eu estava fazendo o que precisava fazer naquele momento da minha vida.
Podemos comparar a escolha de uma profissão a uma viagem que iniciamos rumo a um país em que nunca estivemos antes. Ao começar a viagem, escolhemos o caminho que nos parece ser o mais adequado. Quando a paisagem muda e novas opções de estradas aparecem, reexaminamos nossos planos para ver por qual delas devemos seguir nosso percurso. Pode haver desvios ao longo do caminho. Territórios desconhecidos. Paradas não planejadas, mudanças na programação e demoras inesperadas. Mas, à medida que prosseguimos, escolhendo as melhores opções que vão aparecendo, aos poucos vamos chegando ao nosso destino.
Quando as oportunidades de trabalho parecem limitadas, não precisamos nos entregar ao desespero. Deus dá a cada um de nós inteligência, sabedoria, criatividade, originalidade, isto é, qualidades que nos conferem valor e mérito como trabalhadores. E se mantivermos um pensamento receptivo ao bem, sentirmos gratidão pelas oportunidades que aparecerem, sem ficar apenas nos queixando da situação, poderemos encontrar maneiras de nos manter empregados de uma forma produtiva.
