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Matéria de capa

A Justiça não é cega!

Da edição de julho de 2005 dO Arauto da Ciência Cristã


Certo dia, eu me encontrava muito deprimida com a leitura das manchetes de uma revista semanal, pois as notícias nos últimos tempos estão agredindo os padrões morais e éticos, principalmente quando descrevem a corrupção de funcionários públicos e de políticos de relevante destaque na administração do país. Entretanto, ao tomar a Bíblia na mão li na página que espontaneamente se abriu: “Desconhecem o caminho da paz, nem há justiça nos seus passos; fizeram para si veredas tortuosas; quem anda por elas não conhece a paz”. Mais adiante, veio o meu consolo: “Vestiu-se de justiça, como de uma couraça, e pôs o capacete da salvação na cabeça...” (Isaías 59). Entendi, então, que quando nos vestimos de justiça, protegemos o nosso pensamento, colocamos o capacete da sabedoria e compreendemos que nada pode pôr em risco nosso bem-estar.

No dia seguinte, procurei entre meus rascunhos uma pesquisa que fizera tempos atrás para preparar uma defesa jurídica e recordei que a palavra ética provém do grego (ethos) e significa caráter. Sua função é estudar os padrões morais e, na realidade, a própria ciência moral. A ética pressupõe reflexão sobre os valores morais, obriga-nos a pensar e a escolher um padrão de conduta. Daí porque, ao orar buscando orientação, a cognição ética se aperfeiçoa, as atitudes passam a ser mais corretas e tudo tende a fluir melhor.

Deus, que é Espírito, transmite a força motivadora de toda a atividade correta, por isso procuro estar sempre atenta e reconhecer a intuição inspirada nos princípios cristãos, pois são como uma bússola ético-moral.

Na minha experiência como mãe, quando busco orientação para resolver questões atinentes aos filhos me reporto ao livro Ciência e Saúde. Sempre sou impelida por uma força moral, amorosa, não colérica, em exigir o certo apenas pelo princípio do certo. Isso é o melhor para todos. Portando, quando alguém me pergunta se determinada imposição moral é transgredir ou cercear a liberdade do filho, respondo que melhor seria, então, reformular o conceito de liberdade.

A moralidade tem por base a inteligência espiritual, e isso não é só para alguns. A natureza de todos é divina, é só usá-la. Também na minha experiência profissional, como advogada, constatei que, exceto em raros momentos, estou constantemente orando. Percebo agora que, ao ouvir pacientemente a história de um cliente, eu me mantenho em constante oração para não julgar, não me impressionar, não me contaminar com medo e tristeza. Em suma, procuro ficar fora do problema para poder ajudar. A oração que faço é singela: mantenho na minha consciência a certeza de que Deus está presente e de que Seu amor está agindo sem interrupção. Também, quando devo promover um processo, ao elaborar a peça procuro inspiração na oração e nos ensinamentos lógicos e cristalinos de Mary Baker Eddy.

Procuro estar sempre atenta e reconhecer a intuição inspirada nos princípios cristãos, pois são como uma bússola ético-moral

A espiritualidade me dá forças para enfrentar todos os desafios que a profissão me impinge. Causas se ganham, causas se perdem, isso porque o direito e sua atividade advocatícia se restringem à ação humana e não à moralidade. Muitas vezes, a pessoa está moralmente certa, contudo, o direito não a ampara e o juiz é obrigado a seguir a norma jurídica e não sua opinião moral. O direito não modifica a moral, porque o direito não pode se imiscuir no conceito moral como, por exemplo, a Lei do Divórcio e outras mais que, às vezes, ferem determinados conceitos morais religiosos. Assim, o advogado se defronta constantemente com fatos que estão de acordo com a legalidade, mas não condizem com a justiça e vice-versa.

Portanto, é indispensável lembrar que a Mente única, Deus, de qualquer forma fará justiça, independentemente do resultado processual. É tangível o poder da oração no desenvolvimento processual e, às vezes, na conduta das partes, todas as questões éticas são obedecidas e seu resultado é benéfico à parte que se dedicou à oração.

Certa vez, um advogado da parte contrária à minha, argüiu sobre esse fato e eu aproveitei a oportunidade para comentar alguns princípios da Christian Science. Nesse momento eu estava patrocinando a defesa em três processos a pedido da Promotoria, todos promovidos contra uma senhora muito pobre. A cliente era uma senhora “de poucas luzes”, como o juiz a definiu, a qual estava sendo processada por um advogado rancoroso que ela havia prejudicado de forma grave, porém, sem o saber, por ignorância e ingenuidade. No processo de danos morais, o juiz valendo-se do fato de que ela era analfabeta, deu razão apenas à questão moral e não à questão legal do dano propriamente dito e, inusitadamente, ganhei o processo. Isso ocasionou rancor ainda maior no advogado que trabalhava em causa própria. Em outro processo que também promovia contra a pobre senhora, resolveu deslocar seu ressentimento contra minha pessoa. Como a promotora que me havia pedido o patrocínio profissional fora transferida e o juiz da vara era novo na Comarca e não conhecia os fatos, aceitou as queixas do advogado contra minha participação na defesa dessa senhora e, desobedecendo a todos os princípios da ética profissional, mandou de ofício representar-me na Ordem dos Advogados.

A moralidade deve estar baseada no fato científico de que somente o bem é real e atraente.

É difícil descrever meu espanto e consternação com tamanha injustiça. Busquei primeiro me curar da mágoa. Lembro-me de que em momento algum senti ódio. Promovi minha defesa na Ordem sozinha, embora inúmeros advogados da própria Ordem tivessem se oferecido para me patrocinar, pois o caso era grave. Inesperadamente, o processo foi julgado em três meses, e a meu favor, pois as provas não permitiram outro desfecho. Mais tarde, o advogado já conformado, e talvez curado de seu rancor contra minha cliente e contra minha pessoa, nomeou um advogado para cuidar dos processos contra ela e foi esse último que me perguntou que fenômeno havia acontecido para tamanha celeridade no julgamento da minha representaçã. Nesse momento, pensei em algo que havia lido em um folheto antigo da Christian Science: “...o bem é a realidade fundamental e científica da Vida. Crer, então, que a animalidade seja real e atraente e que possa constituir-se por si mesma como influência, é um mal por si só, é até mesmo um pecado. Assim, a moralidade deve estar baseada no fato científico de que somente o bem é real e atraente. Por conseguinte, para ser constantemente moral, a pessoa precisa compreender o Princípio em que se baseia a moralidade”.

Nessa mesma época, compreendi melhor o significado desse trecho e progredi bastante na vida pessoal. Aprendi como estar espiritualmente atenta e me proteger das notícias de corrupção, não ignorá-las, mas sempre orar e colaborar para uma solução harmoniosa. Se todos fizermos isso e aplicarmos princípios éticos em nossa vida pessoal e profissional, estaremos colaborando para um mundo mais honesto e justo.

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