Quando cursava o Ensino Médio, não me sentia pressionado pela turma para beber. Tinha um grupo de amigos que gostava de se divertir, mas eles não bebiam. Entrar para a faculdade foi uma experiência nova. A faculdade era famosa por suas festas e eu era o único Cientista Cristão no campus. Fazia parte do time de beisebol e desejava me entrosar socialmente com a equipe. Entretanto, parecia que todos tinham de beber, principalmente os jogadores. Ao invés das festas organizadas pelo grêmio acadêmico, meus colegas preferiam reuniões nos dormitórios, com poucas pessoas, e portanto, havia muito mais pressão para que bebêssemos.
No primeiro ano, praticava a Christian Science durante o dia, lia a Lição Bíblica Semanal e orava com a idéia de que Deus é a verdadeira fonte de minha energia e saúde. Mas, à noite, ia para as festas. Era arriscado, porque se descobrissem o que fazia, poderia ser expulso do time de beisebol.
Uma noite, quando já havíamos bebido muito, levantei-me para ir ao banheiro. Não conseguia andar direito e cambaleava pelo corredor, esbarrando nas paredes que encontrava pelo caminho. Enquanto lavava as mãos na pia do banheiro, me lembro de olhar para o espelho e ver o reflexo de um estranho. Não o reconheci e isso me assustou. Para mim, foi um tremendo despertar, como se alguém tivesse me esbofeteado e dito: “Cara, o que você está fazendo”? Lembro de ter me perguntado: “Quem é você”? Então, este pensamento me veio à consciência: “Você é filho de Deus, o reflexo dEle”!
Imediatamente, senti a presença de Deus e aquela sensação de estar embriagado desapareceu. Voltei totalmente normal, sem me sentir embriagado. Então, percebi que a necessidade, o desejo de estar entrosado e ser socialmente aceito por todos, não constituía o que eu era na realidade. A imagem que eu havia aceitado sobre mim mesmo como incompleta e a necessidade de me entrosar com meus colegas para ficar feliz, era uma ilusão. Não era eu. Minha verdadeira identidade já é completa, satisfeita e aceitável a Deus. Não precisava me tornar uma pessoa melhor ou mais estimada pelos outros. Aos olhos de Deus, eu já sou tudo o que posso ser. Foi um momento muito importante.
Depois que esses pensamentos angelicais invadiram minha consciência, voltei para o quarto e me juntei aos meus amigos, contudo, não bebi mais nada. Eles não conseguiam acreditar que eu estivesse sóbrio. Embora não tenham me pressionado para beber durante o resto da noite, na vez seguinte em que nos reunimos para tomar algumas cervejas, apenas disse: “Não preciso beber”.
Quando meus amigos e eu saíamos, eles ficavam espantados com o fato de eu não precisar tomar nada para me descontrair. Eu podia entrar no lugar e dançar com uma garota, enquanto eles não conseguiam. Precisavam tomar três ou quatro cervejas, antes de se sentirem à vontade e se divertirem. Eu não precisava mais me apoiar na bebida. Eles brincavam comigo e perguntavam: “Como você consegue não beber e se descontrair”? Minha resposta era simples: “Não preciso beber para ser eu mesmo”. Já havia entendido que meu verdadeiro apoio provém de Deus.
Depois daquela festa, fui impelido a voltar a freqüentar a Escola Dominical regularmente. Havia compreendido que a necessidade de aceitação que sentia era, em realidade, um desejo de me contentar com minha própria identidade. Esse desejo só pode ser satisfeito pelo Amor divino. Na Escola Dominical, pesquisei novas idéias espirituais e conversei com Cientistas Cristãos da minha idade sobre problemas que todos nós enfrentávamos.
Com esse empenho em freqüentar a Escola Dominical e praticar a Christian Science constantemente, comecei a compreender melhor meu relacionamento com Deus e minha identidade espiritual. Logo percebi que outros alunos da faculdade tinham interesses além da bebida. Formei um grupo de amigos completamente diferente, que respeitava meus valores e decisões, e que também tinha uma vida social ativa. Comecei a tirar notas na faculdade que jamais imaginei conseguir. Tornei-me mais ativo no campus. Fui eleito para o diretório acadêmico, associei-me a algumas organizações no campus e criei outras, e ainda me diverti jogando beisebol. Descobri que quanto mais me apoiava em Deus, maiores eram minhas realizações.
No último ano da faculdade, fui eleito co-capitão do time de beisebol e vi que me tornara o atleta modelo da equipe. Deixei que todo o time soubesse que não bebia e que era normal se abster de bebidas alcoólicas e da vida noturna. Acho que naquele ano, todos do time respeitaram um pouco mais o beisebol e beberam menos, o que foi excelente para nosso desempenho no campo. Foi um prêmio para todo o time, pois cada um de nós havia ajudado a criar aquela atmosfera.
Em reuniões sociais com a equipe, eu sempre oferecia uma alternativa para a bebida alcoólica, levando refrigerantes para a festa. Nós nos divertíamos bastante. Jamais critiquei alguém que bebesse e não fazia sermão sobre meus pontos de vista. Contudo, sempre procurava ser honesto comigo mesmo. Percebi que meus colegas de equipe respeitavam mais minhas decisões e minha liderança, como exemplo para o time.
Essa experiência me ajudou a estar apoiado em Deus em todos os aspectos da minha vida, nos relacionamentos com amigos pessoais e colegas de trabalho. Desde aquela época, tem havido momentos bons e outros, difíceis. Contudo, sei que Deus está sempre comigo.
