Este ano, a gravação do grande sucesso de Elvis Presley, "Blue Christmas" (Natal Triste), está fazendo 50 anos. Embora tivesse sido, mais de dez anos antes da gravação de Elvis, uma das principais músicas do repertório do gênero country, foi a versão dele que cativou corações ao redor do mundo, com a nostalgia do sentimento de um Natal de tristeza "sem você".
A mensagem da canção evoca tristes lembranças para muitas pessoas, não apenas para os apaixonados solitários, mas também para os que estão sozinhos devido à distância, separação ou falecimento de entes queridos. Algumas igrejas, em minha região, também oferecem cultos "Blue Christmas", com o objetivo de ajudar as pessoas a lidarem com suas tristezas em um ambiente espiritual.
Minha esposa e eu compreendemos bem o que algumas pessoas chamam de síndrome da "cadeira vazia". Este será o nono ano em que um membro da família, a quem amamos muito, escolheu não passar o Natal conosco. Além disso, existem outros membros da família, que vivem do outro lado do mundo, e que também não poderão vir. Minha esposa e eu poderíamos nos sentir melancólicos com as cadeiras vazias à volta de nossa mesa nas festividades do Natal.
O Amor infinito de Deus aliviou e curou, gradativamente, a nossa tristeza.
No início, compreendemos que era preciso escolher entre aceitar a situação da melhor forma que pudéssemos ou contar com Deus para curá-la. Optamos pela segunda alternativa. Embora, às vezes, nossa vida ainda parecesse incompleta, descobrimos que perceber mais do Amor infinito de Deus aliviava, de forma progressiva, nossa tristeza e a curava.
Como isso acontece? A oração elimina a tristeza no Natal porque ela faz com que nosso pensamento passe da melancolia para o louvor. Ao pensar especificamente sobre cadeiras vazias, fui levado a ler um trecho no livro de Ezequiel: "À minha mesa, vós vos fartareis... diz o SENHOR Deus" (39:20). Ao ponderar sobre esse versículo, compreendi que Deus, nosso Pai-Mãe sempre presente, nos assenta, metaforicamente, à mesa divina e nos farta com Seu amor.
Nós todos somos idéias de Deus, movendo-nos no amor de Deus, quer estejamos próximos, ou não.
Vislumbrar a totalidade de Deus cura a sensação de vazio em nossa vida, porque reconhecemos que Ele não apenas cuida de nós, mas também daqueles que estão ausentes. Todos nos assentamos a essa mesa quando permitimos que nossa consciência seja preenchida com a presença de Deus. Temos o direito de nos regozijar e de sentir o amor de Deus, sejam quais forem as circunstâncias.
Em sua principal obra, Ciência e Saúde, Mary Baker Eddy oferece palavras de conforto. Com realismo prático e perspicácia espiritual, ela escreveu: "Ser-te-ia a existência, sem amigos pessoais, um vazio? Virá então a ocasião em que estarás solitário e privado de simpatia; esse aparenta vácuo, porém, já está preenchido pelo Amor divino" (p. 266).
O Amor Divino já está aqui, preenchendo todo o vazio.
À primeira vista, essa declaração talvez pareça chocante. Ninguém quer ficar solitário, sem simpatia. Entretanto, lembre-se de que o Amor divino já está aqui, preenchendo todo o vazio e é um remédio maravilhoso para a síndrome da "cadeira vazia". Minha esposa e eu sentimos o abraço do Amor nos consolando. Em nosso caso, isso não significava uma ruptura fria e insensível de laços familiares, mas, ao entregá-los aos cuidados do Amor divino infinito, estávamos libertando nossos entes queridos ausentes. Sabíamos que esse cuidado se estendia a nós também. Nós todos somos idéias de Deus, movendo-nos no amor de Deus, quer estejamos próximos, ou não.
Depender de Deus dessa maneira, nos conscientizou, de forma intensa, de que todos estamos assentados à mesa infinita do Amor divino. Reconhecer que estamos na presença do Amor curou o sentimento de vazio em nossa vida, expandiu nosso senso espiritual de amor e tem nos trazido conforto contínuo. Essa presença do Amor divino não é uma abstração, estende-se a todos os membros da família humana, elimina toda tristeza, traz paz, alegria e cura.
