Passei minha infância sob a influência do medo devido ao que me parecia a tirania de um pai injusto e egoísta. Muitas vezes, isso me causava muita insegurança sobre o futuro.
Éramos cinco: meu pai, minha mãe, uma irmã, um irmão e eu. Vivíamos em um ambiente onde a pior parte do dia era o final da tarde, quando meu pai voltava do trabalho. Ele bebia e estava sempre irritado.
Minha mãe cuidava de nós muito bem, brincava e conversava conosco. Mas, quando meu pai chegava, tudo mudava. Tínhamos de estar sempre limpos e quietos. Ao menor sinal de qualquer brincadeira ou riso típicos de crianças, ele ficava contrariado, pois dizia que tínhamos o dia todo para fazer o que quiséssemos. Em casa, ele precisava ter sossego. Para mim, aquilo soava como ditadura. Tudo era motivo para reclamação e discussão; quase todas as noites meus pais brigavam e minha mãe chorava durante muito tempo. Nós ficávamos apavorados e nos sentíamos impotentes, pois não podíamos fazer nada para acabar com aquela situação. Lembro-me de desejar ardentemente que meus pais se separassem, pois achava que assim poderíamos ficar livres de tanto terror e ter um pouco de tranqüilidade e felicidade.
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