A vida de Cristo Jesus representa o maior exemplo de amor incondicional. O Mestre demonstrou o verdadeiro senso do amor divino, sem restrições. Nada do tipo: “Amarei você se...”. Na Bíblia, seu Sermão do Monte defende a importância de amar nosso próximo incondicionalmente, ou seja, de estarmos dispostos a dar a outra face e a andarmos uma milha a mais (ver Mateus 5:39, 41). Quer gostemos ou não dessas declarações da verdade, elas foram proferidas pelo homem mais sábio que já viveu sobre a terra. Jesus nunca justificava o ódio, a raiva ou a violência. Ao contrário, ele defendia o amor no sentido mais puro da palavra. Ele demonstrou esse amor para que pudéssemos seguir seu exemplo.
Freqüentemente, eu uso o casamento e a família como instituições em que podemos perceber a ação do amor incondicional em tempo real e em que, muitas vezes, nossa compreensão sobre esse amor é mais colocada à prova. Os equívocos surgem quando olhamos para nosso cônjuge, para nossos filhos ou para outros membros da família, como nossa fonte de amor. Portanto, é imperativo que, em primeiro lugar, compreendamos corretamente nosso relacionamento com Deus. Mary Baker Eddy disse que precisamos elevar-nos “...à verdadeira consciência da Vida como Amor — como tudo quanto é puro e produz os frutos do Espírito” (Ciência e Saúde, p. 391). Onde encontramos esse senso puro de amor? Em Deus.
Eis aqui um exemplo. Recebi um telefonema de um homem que eu conhecia, cuja esposa havia falecido recentemente. Quando me procurou em meu escritório de praticista, ele estava totalmente perturbado e desanimado. Desejava se casar novamente, mas disse que não tinha ninguém em perspectiva. “Tenho procurado em toda parte”, disse-me ele. Desafiei-o a examinar seus pensamentos e disse-lhe: “Estamos aqui falando sobre amor, não estamos? Será que você não está olhando na direção contrária à fonte desse amor?”
A Ciência Cristã ensina que temos o amor incondicional por meio de Deus e meu amigo era estudante dessa Ciência. À medida que conversávamos, ele compreendeu que o que precisava fazer era olhar para sua fonte divina do amor, ou seja, para Deus e Sua idéia. Mostrei-lhe que, para fazer isso, ele deveria mudar a maneira de pensar, elevar-se em seu pensamento, ou seja, literalmente levantar-se para ter uma melhor perspectiva e assim poder ver as coisas sob uma luz inteiramente nova. Ele pôde perceber que havia insistido em um conceito sobre cônjuge e companheirismo, fundamentado em uma perspectiva limitada e condicionada sobre amor, do tipo: “Eu o amarei se você me amar”.
Meu amigo se interessou em mudar sua maneira de pensar. Falamos sobre o uso que a Sra. Eddy fazia da frase: “o Amor desposado com a sua própria idéia espiritual” (Ibidem, p. 575). Se amarmos a Deus supremamente, então todos os nossos outros relacionamentos serão também inspirados e transformados por esse amor puro. Nosso relacionamento com Deus é recíproco. A cada dia, Ele nos concede Suas dádivas de alegria, satisfação, equilíbrio, paciência e bondade. Conseqüentemente, ao expressarmos Suas qualidades, nós fazemos o mesmo para Ele. A Sra. Eddy usou uma palavra fora do comum com relação ao casamento, que ela chamou de “revelação”. Ela escreveu: “...essa revelação destruirá para sempre os flagelos físicos impostos pelo sentido material” (Ibidem, p. 575). Quando compreendermos melhor nosso relacionamento espiritual com Deus, então todos os outros relacionamentos se equilibrarão, também. Remover do cenário o sentido material, ajuda a alcançar um amor incondicional mais puro.
Quando meu amigo saiu do escritório, disse-me que se sentia nas nuvens. Tinha um novo propósito. Comprometera-se a se elevar mais alto em sua compreensão sobre o Amor divino. Não fiquei surpreso quando me ligou, mais ou menos um mês depois, para me dizer que havia encontrado uma mulher encantadora. Casaram-se logo depois e, desde essa ocasião, têm vivido muito felizes juntos. Sua mudança de pensamento, de um senso de amor direcionado ao gênero, para um amor incondicional a Deus, transformou sua experiência.
Acho importante nos perguntarmos como definimos nosso próximo, a saber, nosso cônjuge, nosso filho, nosso chefe, nosso colega. Seria nossa definição material ou espiritual? Talvez achemos isso difícil, quando vemos imperfeições ou qualidades desagradáveis. Contudo, quando nos vemos como desposados com o Amor, pensamos em termos de idéias, não de matéria. Qual é o conceito que temos de nosso marido, nossa esposa ou nosso próximo? É importante lembrar que estamos desposados com nosso próprio conceito e mantermos na consciência nossos entes queridos como inerentemente bons e espirituais. A Sra. Eddy lançou alguma luz sobre isso, quando escreveu: “Jesus via na Ciência o homem perfeito, que lhe aparecia ali mesmo onde o homem mortal e pecador aparece aos mortais” (Ibidem, pp. 476-477). Essa visão correta sobre o homem cura tudo, porque ela se alimenta do amor incondicional.
Em um senso verdadeiro de amor, nunca cedemos nosso domínio. Nós nunca somos tentados a dizer: “Se ao menos meu marido ou minha esposa mudassem, então eu seria feliz”. Ao estabelecer uma condição, caímos na armadilha de pensar que algo material possa governar nossa felicidade. Nunca precisamos substituir nossa inclinação inata para o amor pela raiva, pelo ódio ou pela violência. Felizmente, cada um de nós tem o direito divino e o privilégio de estar sempre no controle de nossas emoções. Contudo, às vezes, temos de nos empenhar nisso.
Aprendi na prática da cura pela Ciência Cristã, que me torno ineficiente no momento em que permito que uma mentira penetre em meu pensamento. Em linha com isso, meu conceito sobre meu próximo tem de incluir o amor. Para isso, tenho de começar comigo mesmo. Preciso ver meu próximo e a mim mesmo como filhos do Amor, Deus, quer estejamos falando sobre a luta e a agitação política no mundo, ou sobre qualquer outro rótulo humano. Simplesmente não posso praticar a Ciência Cristã, se eu estiver aceitando a verdade ou a substância em qualquer coisa que os sentidos materiais apresentem. Para orar pelos outros, para curar, não posso aceitar que exista qualquer “vida, verdade, inteligência, nem substância na matéria” (Ibidem, p. 468). Não podemos resolver um problema no mesmo nível de consciência em que o problema começou ou pretende existir.
Para amar verdadeiramente, precisamos abrir mão de um falso conceito de ego, porque o amor incondicional é a ausência de um ego separado de Deus. Jesus disse: “Eu nada posso fazer de mim mesmo” (João 5:30). Jesus amava seu Pai-Mãe Deus, mais do que qualquer outra coisa. Na verdade, ele fez o maior sacrifício que alguém é capaz de fazer, porque estava disposto a abrir mão de seu ego humano. Ele atingiu um estado mental que Mary Baker Eddy mencionou em sua definição de ego em Ciência e Saúde como: “...um só Eu, ou Nós” (p. 588). Todos podemos adotar esse estado mental que diz: “Só posso fazer aquilo que Deus está me impelindo a fazer”. Isso é o reflexo puro. Quando começarmos a ver mais claramente que existe um único Ego, ou Deus, então amamos sem restrições. A Sra. Eddy escreveu em sua “exposição científica do ser”: “Tudo é Mente infinita e sua manifestação infinita...” (Ibidem. p. 468). Portanto, a Mente sabe e nós somos o que a Mente sabe. Não podemos fazer nada contrário à Mente.
Expressar o amor incondicional exclui a possibilidade de doença, porque o amor nunca está em conflito. Por outro lado, a doença inevitavelmente envolve algum tipo de conflito. Por exemplo, o câncer, em sua forma mais simples, é a crença em uma luta entre células boas e células más no corpo. Tenho constatado que, quando o pensamento de uma pessoa se acalma e deixa de ficar irritado, então ela vivencia a cura física. É a limpeza e a purificação do amor incondicional que cura. Exatamente como quando vemos um lago calmo e sereno, refletindo perfeitamente a paisagem ao seu redor. Se atirarmos nele uma pedra, ela destrói a capacidade do lago de refletir. O mesmo se dá com nossa consciência. Não podemos atirar nela as pedras da raiva, do ódio, da ansiedade, do remorso, da desconfiança. Se mantivermos esses pensamentos na consciência, destruiremos nossa capacidade de refletir. Portanto, é importante sempre refutar a idéia de que possa haver qualquer tipo de conflito em nosso corpo ou, no que diz respeito a isso, também no mundo. Podemos sempre optar por amar, não a pessoa má ou doente, mas a pessoa criada por Deus.
O amor incondicional é uma via de mão dupla. Ele é “...o Amor [que] se reflete em amor” (Ibidem, p. 17). Quando o Amor está “desposado com a sua própria idéia espiritual”, então podemos vivenciar “a festa das bodas”, isto é, todos os frutos que aparecem quando empenhamos nossa vida em amar a Deus supremamente. Podemos vivenciar o bem abundante que Deus nos proporciona a cada momento, agora mesmo, sem nenhuma restrição.
