Cristo Jesus ensinou aos seus discípulos uma oração sucinta e poderosa, conhecida universalmente como a Oração do Senhor. Uma frase dessa oração diz: “e não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal...” (Mateus 6:13). Jesus provou repetidas vezes em seu ministério, que o mal não tem nenhum poder, quer apareça como pecado, doença, tempestades violentas, fundos insuficientes, transporte inadequado, demônios ou mesmo morte.
Embasada nos ensinamentos e no exemplo de Cristo Jesus, a Ciência Cristã mostra que, embora a limitação, o medo, a doença, a morte e o pecado possam parecer reais, eles apenas mascaram ou obscurecem a realidade. Por meio da compreensão das leis de Deus, o Bem, e de sua aplicação a qualquer dificuldade, todos podemos arrancar a máscara do mal, constatar sua irrealidade e ver, em vez disso, o filho de Deus, a criação pura e perfeita do Todo-poderoso. Essa visão verdadeira pode curar. Descobri que essas leis são aplicáveis quando, certa manhã, minha filha Heather, de cinco anos, acordou muito febril e começou a vomitar, com sintomas de gripe.
Ao orar sobre a situação, deparei-me com esta citação de Ciência e Saúde: "O que Ele [Deus] cria é bom, e Ele fez tudo o que está feito. Portanto, a única realidade do pecado, da doença ou da morte, é o fato terrível de que as irrealidades parecem reais à crença humana errada, até que Deus lhes arranque o disfarce” (p. 472). Minha filha e eu conversamos sobre arrancar a máscara chamada doença, que não teria nenhum poder quando não estivesse afixada nela.
Minha filha brincava freqüentemente de se fantasiar, pretendendo ser um cachorro, um coelhinho ou um dinossauro. Por isso, compreendeu facilmente que uma máscara não é a pessoa real, que tudo o que Deus cria é bom e que ela está incluída no bem. Também compreendeu que, se algo como a gripe tentasse bloquear a visão de seu ser, que, como reflexo de Deus, é sempre saudável e ativo, ela possuía o direito, dado pelo Pai, de rejeitar essa visão equivocada de si mesma. Pensar dessa maneira, removeu a máscara que a havia disfarçado em um mortal limitado e doente. Quando imediatamente aceitou as leis de Deus que mantinham sua saúde perfeita, começou a pular e brincar como de costume. Observei que os sintomas da gripe, tão visíveis um momento antes, desapareceram instantaneamente. À medida que ela compreendia o que eu dizia, literalmente vi sua face mudar de quente e febril para normal e seus olhos de embaçados para brilhantes. Em um minuto, estava pronta para ir à escola e saímos.
O trânsito estava muito engarrafado. Quando o tráfego parou completamente, notei que um homem saltou de um caminhão mais adiante e passou a gritar com um motorista de táxi em frente a ele. Em seguida, arrancou o motorista do carro, e começou a agredi-lo com socos.
Senti-me impotente e preocupada, porque não sabia como poderia parar essa luta. Então, em oração, perguntei a meu Pai, Deus, o que fazer. Esta frase da página 17 de Ciência e Saúde veio-me ao pensamento: “E o Amor se reflete em amor” (que é a interpretação espiritual desta frase da Oração do Senhor: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”). Quando orei com essa idéia, os carros começaram a andar e logo apareceu a oportunidade de avisar um policial sobre o incidente.
Durante aqueles instantes, tranqüilizei minha filhinha, que havia começado a ficar com medo, dizendo-lhe que essa era uma outra oportunidade de colocar em prática o que havíamos compreendido sobre o amor de Deus. Estou certa de que a calma e a paz que ela expressou não provinham apenas das minhas palavras confortadoras, mas da onipresença amorosa de Deus, que sabíamos estar exatamente ali conosco.
Por meio da compreensão das leis de Deus, o Bem, e de sua aplicação a qualquer dificuldade, todos podemos arrancar a máscara do mal e ver, em vez disso, o filho de Deus, a criação pura e perfeita do Todo-poderoso.
De volta para casa, depois de deixá-la na escola, notei que o policial havia chegado ao local onde o incidente havia ocorrido. Primeiro pensei: “Bem, não há mais nada que você possa fazer, a polícia tomará conta do caso”. Entretanto, lembrei-me desta passagem de Ciência e Saúde: “O Cientista Cristão alistou-se para minorar o mal, a moléstia e a morte; e os vencerá por compreender que nada são, e que Deus, o bem, é Tudo. Para ele, a doença não é menor tentação do que o pecado, e cura a ambos por compreender o poder que Deus tem sobre eles. O Cientista Cristão sabe que são erros de crença, que a Verdade pode destruir e destruirá" (p. 450). Sabia que podia fazer mais e que podia destruir em minha própria consciência o “nada” da violência, exatamente como minha filha e eu havíamos destruído naquela manhã, a máscara chamada doença.
Quando cheguei em casa, estudei a Lição Bíblica Semanal que está no Livrete Trimestral da Ciência Cristã. O tema para aquela semana: São reais o pecado a doença e a morte? não podia ser mais apropriado. À medida que lia as passagens da Bíblia e de Ciência e Saúde na lição, ficava claro para mim que, exatamente como minha filha não podia estar sujeita à doença, também não poderia haver um homem odioso, vingativo, furioso e pecaminoso. Precisava anular o pensamento de que o filho de Deus pudesse ser violento. Se não mudasse minha percepção sobre esse homem, estaria, de fato, desobedecendo ao Segundo Mandamento, ao dar culto a uma falsa imagem, ou seja, a imagem do homem como mau. Estaria contribuindo com a mentira de que a natureza de alguém pudesse ser violenta, se aceitasse esse quadro negativo como verdadeiro, o que poderia então levar a pensamentos tais como: “Alguns homens são assim mesmo”, ou “Espero nunca ser vítima de alguém assim”.
O Apóstolo Paulo diz em 2 Coríntios: "Porque, embora andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas; anulando nós, sofismas e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (10:3-5). O que eu estava vendo como sendo as armas desses homens? O que estava aceitando a respeito da verdadeira natureza deles? Estaria eu “anulando... sofismas” (minha percepção falsa sobre os filhos de Deus) ou permitindo que eles se desenvolvessem? Estaria eu “levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo"?
Desejava ardentemente contribuir para a cura da violência, portanto, comecei a orar a partir do fundamento de que Deus é Tudo, que Ele é Amor e que tudo o que Ele criou é bom. Qualquer outra perspectiva precisa ser anulada, tal como o que Paulo chama de “sofismas”. Não importa qual seja o disfarce que apareça na superfície, sob essa falsa aparência, seja raiva, ódio, pecado, doença ou carência, os filhos de Deus são amorosos, pacientes, apreciados e cuidados por Deus e podem ser vistos dessa forma.
Quando surge a ilusão da doença em minha vida, como aconteceu naquela manhã com minha filha, não a aceito como realidade, nem tampouco o pecado (tal como a violência que havia presenciado). Compreendi que deveriam ser neutralizados, tendo em vista que nunca tiveram nenhum fundamento sobre o qual se desenvolverem, nem em minha vida, nem na vida da vítima, nem na do agressor. Permitir que tais mentiras se desenvolvam no pensamento seria projetar uma máscara mais elaborada em nossa mente, a qual, finalmente, teria de ser arrancada pela verdade espiritual sobre a natureza real da criação inteiramente boa de Deus. Enquanto orava, percebia que a bondade de Deus nunca pode ficar escondida sob a máscara do mal de forma permanente ou ter sua identidade equivocada. Deus nos dá a capacidade de arrancar a máscara que disfarça nossa verdadeira identidade, que é espiritual, como também a de todos ao nosso redor.
Assim, uma manhã que havia começado com a remoção da máscara da doença de minha filha, acabou na minha compreensão de que também podia remover a máscara do pecado, onde quer que apareça. Embora não saiba o que ocorreu com a polícia e os homens envolvidos naquele incidente, confio sinceramente em que, de alguma maneira, eles também foram abençoados pelo Amor divino, refletido pela minha oração amorosa e inspirada. Tenho certeza de que todos os envolvidos devem, até certo grau, ter-se livrado do mal naquele dia, exatamente como a Oração do Senhor nos assegura.
