Durante mais de dez anos, tive um caroço nas costas. No início, ele aumentou gradualmente de tamanho e depois permaneceu inalterado. Não havia nenhuma sensação ou desconforto, embora ele restringisse algumas das minhas atividades. Tinha receio de que alguém o visse, por isso evitava açōes em que ele pudesse ficar exposto às pessoas.
Essa anormalidade me preocupava e eu orava como havia aprendido na Ciência Cristã. Contudo, não alcancei o resultado esperado.
Foi então que, de repente, o caroço começou a me causar bastante desconforto, como também a exalar um odor desagradável. Fiquei muito apreensivo, liguei para uma Praticista da Ciência Cristã e solicitei um tratamento por meio da oração. Falávamos todos os dias e, a certa altura das nossas conversas, ela sempre me pedia para que eu me "regozijasse". Nas primeiras vezes, eu apenas ignorei esse pedido, sem responder. Porém, quando compreendi que o pedido continuaria a ser um tema recorrente nas nossas conversas, decidi que, com toda franqueza, simplesmente teria de dizer a ela que era impossível me regozijar. Ela me assegurou que a idéia de expressar gratidão é o primeiro passo para a cura e muitas vezes a precede.
Essa declaração teve um efeito profundo em mim. Como Cientista Cristão, eu sabia que não deveria ser grato apenas pelas coisas materiais, mas pela verdade espiritual que está por trás do bem que vivenciamos. Contudo, o que me veio de repente ao pensamento foi que eu tinha o hábito de somente ser grato pelo bem depois que ele aparecia em minha experiência.
A gratidão se tornou o meu foco
O comentário da praticista abriu meu pensamento para algo que agora me parece óbvio, a idéia de ser ativamente grato por aquilo que é espiritualmente verdadeiro pelo simples fato de ser espiritualmente verdadeiro, a despeito de eu poder constatar ou não a evidência da cura. De repente, a gratidão se tornou o principal foco para mim. Tirei cópias das letras de inúmeros hinos sobre gratidão, que constam do Hinário da Ciência Cristã, e as carregava comigo onde quer que fosse. Descobri que os hinos eram uma excelente forma de manter o pensamento espiritualizado durante o decorrer do dia.
Ser grato também teve efeito no modo como orava. Quando comecei a orar pela primeira vez sobre essa dificuldade física, achava tentador imaginar algum tipo de pensamento humano sobre o qual pensar, a fim de mudar um corpo material. Entretanto, quando ponderei mais profundamente que Deus é Espírito, o oposto da matéria, e que Ele é bom, conforme o primeiro capítulo do Gênesis diz que somos feitos à imagem e semelhança de Deus, comecei a compreender que o reflexo de Deus tinha de ser espiritual. Portanto, tornou-se uma questão de ver a mim mesmo como Deus já me havia feito, espiritual e perfeito, ao invés de tentar mudar o que parecia ser uma anormalidade física.
No livro Rudimentos da Ciência Divina, de Mary Baker Eddy, li na página 9: "Curar, na Ciência Cristã, é baseares teu trabalho de cura na Mente imortal, o Princípio divino do ser do homem; e isso exige um preparo do coração e uma resposta dos lábios, vinda do Senhor”. E continua na página seguinte: “Deves sentir e saber que somente Deus governa o homem...”. Esse foi um alerta necessário para mim, porque tenho de admitir que o meu foco sempre havia sido orar para assimilar intelectualmente algum fato novo sobre Deus, ao invés de sentir seu efeito.
Durante uma das inúmeras noites em que ficava deitado sem dormir, no meio da noite, sentindo-me bastante apreensivo, comecei a ter uma sensação de estar incluído no Amor. Um dos vários versículos bíblicos que me veio à mente foi: “...vi o teu rosto como se tivesse contemplado o semblante de Deus; e te agradaste de mim” (Gênesis 33:10). Também me veio o pensamento de que eu “nunca fora magoado” em acontecimentos dolorosos do passado. Percebi que conseguiria obter um senso de que aqueles acontecimentos nunca haviam tido qualquer efeito sobre meu verdadeiro ser. Essa é uma lição que continuo a aprender, mas o progresso que tenho constatado nessa parte de minha vida começou durante essa cura.
O perdão é um presente que damos a nós mesmos
Também comecei a aprender algumas lições sobre perdão, que sempre me parecera ser um presente misterioso que se dava a alguém que nos havia ofendido, mas nunca pude realmente imaginar como fazer com que isso acontecesse. Então, certo dia veio-me a idéia de que perdoar não é um presente que damos a outra pessoa, mas que damos para nós mesmos. Afinal, como podemos seguir em frente com nosso próprio progresso e alegria, enquanto carregarmos conceitos errôneos sobre outro filho de Deus?
Depois que a praticista e eu havíamos orado durante duas semanas, o caroço se abriu e supurou, por um período de dois ou três dias, até não restar mais nada. Sou grato por contar com a assistência de uma instituição de Enfermagem da Ciência Cristã para a limpeza do local do caroço e aplicação de bandagens naquela ocasião.
Essa cura ocorreu há mais de seis anos. Para mim, ela sempre representará um momento decisivo no meu estudo da Ciência Cristã, porque me proporcionou uma idéia completamente nova sobre o que significa a oração. Antes disso, as afirmações que fazia sobre Deus quando orava, sempre pareciam exigir um esforço pessoal opressivo para mudar meu próprio pensamento. Estou começando a compreender que o propósito real da verdade espiritual é nos ajudar a atingir aquele estágio em que estamos prontos para sentir a presença de Deus e vivenciarmos diretamente nosso relacionamento com Ele. Então, qualquer mudança necessária em nossa forma de pensar acontece naturalmente e o efeito dessa mudança é sempre a cura!
