A constante torrente de reportagens na mídia pode parecer uma caixa de Pandora, expondo inúmeras razões para ficarmos preocupados, tanto em nível pessoal como global. Reportagens e mais reportagens enfatizam nosso papel como seres humanos, em um ambiente surreal e predatório. As pessoas imaginam como se encontrar uma saída por meio dessas tramas de convulsões pessoais e sociais. Talvez a melhor palavra para descrever essa sensação seja desespero.
Para muitos, o desespero é uma emoção real, produzida por mais um carro-bomba em Bagdá, por inocentes mortos em um tiroteio no shopping local, no número crescente de inundações ou na perda de um imóvel hipotecado. O desespero também penetra os mais estreitos meandros da vida, através da irritação e da angústia.
Os tempos bíblicos também eram caracterizados por guerras, sublevação política, distúrbios sociais e provações pessoais. Entre os mais desiludidos, talvez estivessem os primitivos pioneiros cristãos. Seu infatigável líder, o Apóstolo Paulo, os reanimava com estas palavras: "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados; perplexos, porém não desanimados" (2 Coríntios 4:8). Por que não? Porque Paulo sabia que eles tinham o antídoto perfeito. Ele declarava consistentemente o oposto da aparente tribulação, e essa conscientizaçāo define a esperança. Paulo convocava os cristãos a reconhecerem a Deus como a fonte de sua força e a serem gratos por Seu infalível cuidado. Ele sabia que essa "oração diária" renovaria o ânimo deles, para que estivessem mais bem preparados para curar e propagar o evangelho consolador do Cristo.
Essa mesma esperança neutraliza as provações de hoje. Quer seja o estresse com relação ao mercado imobiliário, à alta dos preços dos combustíveis, aos novos sinais de aquecimento global, aos confrontos das campanhas eleitorais ou ao aumento do desemprego, podemos declarar que: "Em tudo somos atribulados, porém não angustiados".
Paulo convocava os cristãos a reconhecerem a Deus como a fonte de sua força e a serem gratos por Seu infalível cuidado. Ele sabia que essa "oração diária" renovaria o ânimo deles, para que estivessem mais bem preparados para curar e propagar o evangelho consolador do Cristo.
Essa abordagem centrada em Deus foi delineada pela fundadora do Arauto, Mary Baker Eddy, quando ela escreveu que tais inquietações tinham suas raízes em uma concepção equivocada mortal, material, sobre nossa identidade. Ela disse: "A descrição do homem como puramente físico, ou ao mesmo tempo material e espiritual — mas em ambos os casos dependente do seu organismo físico — é a caixa de Pandora, da qual saíram todos os males, especialmente o desespero" (Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 170). Mary Baker Eddy descreveu uma perspectiva espiritual da vida e da natureza do universo de Deus e do nosso lugar legítimo nesse universo. Isso era radical. Ela provou que as leis da cura sustentavam essa percepção.
O desafio é permanecer aberto a essa perspectiva e usá-la como um antídoto contra o cinismo e como um guia consolador rumo à paz e à redenção. O desespero se instala diante da premissa de que a vida não é justa e de que nem tudo é estável. Contudo, as Escrituras estão repletas de respostas: "Por que estás abatida, ó minha alma? Por que te perturbas dentro de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei, a ele, meu auxílio e Deus meu" (Salmos 42:5). E também: "... tu, Senhor, és o meu escudo, és a minha glória e o que exaltas a minha cabeça" (Salmos 3:3).
Precisamos exaltar nossas cabeças e enfrentar as situações com o intuito de curá-las, ou seja, orar para percebermos que a humanidade não depende de sua "organização física" para seu bem-estar. Reconhecer esse Espírito é nossa fonte de alegria e paz.
Quando a caixa de Pandora despejar a mais nova causa para desespero, a oração pode aniquilar o que parece ser um comportamento insensato, dominador e, até mesmo, malicioso, de pessoas, de comunidades ou de nações. Podemos afirmar que nossa vida não pode ser controlada pelos outros, quando a Mente, que é Deus, reina suprema. Podemos ajudar a renovar a esperança do mundo, dando uma "atenção correta à bondade, à fé, ao amor e à paz juntamente com todos os que se aproximam de Deus com sinceridade". É Deus que "lhes concederá uma perspectiva diferente" para que "eles venham a conhecer a verdade" (2 Timóteo 2: 22, 25, J.B. Phillips). Esse reconhecimento não inclui nenhum traço de desespero.
