Em junho deste ano, lideres mundiais se reuniram em Roma, a convite da Organização de Agricultura e Alimentação da ONU, com o intuito de ajudar a resolver o que estão chamando de um "tsunami silencioso", ou seja, uma alta sem precedentes nos preços dos alimentos em todo o mundo.
O Programa Mundial de Alimentos (World Food Programme-WFP) já ordenou que suas tropas apóiem as redes de distribuição de socorro, a saber: 30 navios em alto mar, 5.000 caminhões nas estradas, 70 aviões no ar. Contudo,a WFP diz que esses são apenas paliativos temporários diante das necessidades maciças que essa instituição sozinha não consegue atender. Os presidentes da Bolívia, Nicarágua e Venezuela, juntamente com o vice-presidente de Cuba, criaram um fundo de 100 milhões de dólares para suprir os gêneros de primeira necessidade a seus países. Entretanto, eles também admitem que esse valor não será suficiente. O presidente dos Estados Unidos pediu que o congresso americano aprovasse milhões de dólares em auxílio-alimentaçāo.
Embora os países industrializados tenham sentido a pressão dos preços, que de uma tendência ascendente lenta passou a uma alta repentina e veloz, nações como Burkina Faso, Camarões, Costa do Marfim, Mauritânia e Senegal, onde o alimento não é tão abundante, têm vivenciado desordens e saques aos estabelecimentos comerciais. Na maior parte da África Ocidental, uma fonte informa que o preço dos alimentos subiu perto de 50 por cento; em Serra Leoa quase 300 por cento. Tanto as Nações Unidas quanto o Banco Mundial têm uma projeçāo de que mais de 100 milhões de pessoas poderão ser reduzidas à miséria como resultado.
Algumas pessoas acusam os Estados Unidos, onde os preços do trigo, milho, arroz e outros cereais já subiram 41 por cento ao longo dos últimos seis meses, pelos seus veementes esforços para a adoçāo do etanol como combustível alternativo. O tipo de etanol atualmente em uso nos Estados Unidos é feito do milho, e algumas pessoas censuram o uso de um produto alimentício para esse propósito. Mesmo o congresso americano já questiona se deve apoiar o etanol da mesma forma que no passado, e expressa a disposição de considerar outras opções, tais como o desenvolvimento do etanol extraído da celulose ("Os olhos dos Estados Unidos se desviam do etanol feito do milho", The Christian Science Monitor, 1º de maio de 2008).
Enquanto essas questões são examinadas e as escolhas feitas, a oração ativa pode ajudar a moldar o debate na condução de soluções positivas, que incluam lidar com o medo e o desespero que exacerbam a situação.
Cessar o medo
O primeiro e importante passo para tratar da crise é lidar com o medo, que pode se espalhar por meio de boatos, acusações, confusões e, até mesmo, a malícia. Cada um desses fatores tem sua origem naquilo que a Bíblia denomina "a mente carnal", uma suposta mente que se opõe a Deus. É essa mente que pergunta "Pode, acaso, Deus preparar-nos mesa no deserto?" (Salmos 78:19). Isso nos faz duvidar até que uma solução seja possível. Então, a culpa, a confusão, e assim por diante, dão sua própria contribuição ao pensamento, e logo a apatia, tanto mental quanto física, paralisa as soluções produtivas.
Quando o medo desaparece há espaço para a criatividade
Mary Baker Eddy, que descobriu a Ciência Cristã, anulou a apatia mental com esta resposta: "Deus nos preparará 'mesa no deserto' e mostrará o poder do Amor" (Não e Sim, p. 9). Nossa convicção individual do poder do Amor para alcançar a todos aqueles em necessidade, é uma oração científica que apela à lei divina, e da qual podemos esperar resultados. É o Amor que expulsa o medo de toda espécie, inclusive o medo dos governantes de que as necessidades não sejam supridas, o medo das famílias de que as soluções não cheguem a tempo de salvar seus entes queridos, o medo de que a corrupção na rede de transportes diminua o suprimento de alimentos ou até que impeça que cheguem ao seu destino. Quando o medo desaparece, há espaço para a criatividade, caminhos para novas idéias se abrem, o que proporciona força e coragem.
Apoio aos líderes e às equipes de socorro
Neste exato momento, enquanto você lê este artigo, é provável que alguém, em algum lugar do mundo, esteja em um caminhão descarregando, entregando ou distribuindo cereais àqueles em necessidade. Ou que esteja providenciando a entrega, ou plantando grãos para alimento. Ou ainda que alguém do governo esteja ponderando sobre a crise e se empenhando em encontrar soluções. Todo essa atividade boa e útil merece nosso apoio em oração.
A comprovação por parte de Jesus do poder de Deus para salvar, mesmo diante da morte, é uma das mais fortes razões para se confiar em que os problemas mundiais de hoje possam também ser solucionados por meio daquilo que ele ensinou e comprovou. Seu ministério desafiou diretamente a mentalidade material de que o bem é apenas para poucos e de que os demais precisam conseguilo por algum outro meio. Ao contrário, Jesus proclamou: "...eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância" (João 10:10).
Todas as pessoas merecem e já têm acesso à abundância divina
É fácil se queixar da corrupção, das práticas desleais, do egoísmo em vários governos. Contudo, nossas orações terão efeito maior se afirmarem que todas as pessoas merecem e já têm acesso à abundância divina. Nenhum líder pode ser enganado pelo ego, pelo orgulho, pelo desejo de controle excessivo, pela corrupção ou por outras falhas de caráter, que privam o povo do bem. Cada indivíduo pode perceber a importância de suprir a população e de ter a mente aberta para o bem infinito.
Orar para um entendimento mútuo
Um dos desafios na busca de soluções de problemas que afetam muitos países, é que pessoas provenientes de grupos diferentes, ao se reunirem, talvez lutem para encontrar pelo menos um pequeno ponto em comum. Entretanto, esta declaração de Mary Baker Eddy fortalecerá nossas orações: "O Espírito é Deus, e Deus é bom; por isso, o bem é a única substância, a única Mente. A Mente não está, não pode estar, na matéria", escreveu Mary Baker Eddy em seu livro Unidade do Bem, p. 25. Podemos concluir dessa declaração que a solução para a crise de alimentos não virá, em última instância, do mero enfoque nas condições materiais, na tentativa de analisar todas as coisas que estejam erradas e então consertá-las. Temos de orar por um entendimento mútuo.
O amor fraternal de uns para com os outros, que Deus naturalmente incute em cada um de nós, inclui respeito, bondade e a disposição de perceber e reconhecer que todos são idéias de Deus, sob Seus cuidados.
A união de propósito abre nossos olhos para maneiras pelas quais possamos fazer o bem
Embora os esforços humanos sejam importantes, eles necessitam de algo mais profundo para sustentá-los. A verdadeira necessidade está em se volver ao Espírito divino e deixar que a inspiração fortaleça nossos pensamentos e açōes. O amor fraternal de uns para com os outros, que Deus naturalmente incute em cada um de nós, inclui respeito, bondade e a disposição de perceber e reconhecer que todos sāo idéias de Deus, sob Seus cuidados, mesmo que sejam de outra tribo ou de outro país.
Quando conseguimos transcender o senso de divisão e ver todas as partes unidas no Amor divino, movemos nossos corações rumo à cura e ajudamos àqueles em necessidade. A união de propósito abre nossos olhos para maneiras pelas quais possamos fazer o bem, inspira as orações e enche os corações de amor. Essas orações também apoiarão os esforços globais para suprir alimento que seja acessível a todos.
O Apóstolo Paulo escreveu aos Romanos: "Sabemos que todas as cousas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito" (Romanos 8:28). O amor que sentimos por Deus é a evidência de que Ele está em açāo, e desdobra Seu propósito divino para trazer bênçãos, que talvez se manifestem de formas diferentes, de acordo com o país e a situação. Reconhecer a presença de Deus nesse processo é o grande passo para a certeza de que o resultado trará paz e harmonia a todos os envolvidos.
