O autor de grande parte dos Salmos, Davi, teve uma existência atribulada durante sua juventude, sobretudo devido à perseguição do rei Saul, incitado pela inveja aos êxitos do jovem Davi.
Davi teve uma educação simples entre o rebanho da família, a qual lhe possibilitou vivenciar o cuidado protetor de Deus. Quando saiu para enfrentar Golias, seu maior escudo era a fé no poder divino.
No Salmo 139, Davi canta seu enlevo ao perceber a grandiosidade e proximidade de Deus: “Tu me cercas por trás e por diante e sobre mim pões a mão” (v. 5). Davi percebeu que o Espírito infinito estava com ele por todos os lados e o envolvia plenamente. Ele, com certeza, não se sentia como se estivesse em uma bolha de ar dentro do Espírito, mas sim tocado pela presença divina por todos os lados. Ele entendeu que não precisava nem ao menos estender o braço para estar próximo de Deus.
Provavelmente, faríamos eco à expressão de Davi se também percebêssemos quão perto de nós Deus está. Davi se sentiu pequeno para compreender a extensão dessa visão espiritual, quando escreveu: “Tal conhecimento é maravilhoso demais para mim”! (v. 6). Não há palavras que o possam explicar. Apenas o sentido espiritual capta essa idéia que nos vem por inspiração da Alma. Deus se revela ao homem, Sua idéia.
Davi percebeu também a abrangência da sua ligação com o Pai; aonde quer que fosse, encontraria a mesma presença, que apóia e sustenta: “Para onde me ausentarei do teu Espírito”? (v. 7). Davi constatava que não poderia se esconder de Deus ou de Sua presença. “Se subo aos céus, lá estás...” (v. 8).
Um Davi moderno, nos dias atuais, provavelmente diria: “Se tomo uma astronave e subo às galáxias, lá estás”. “Se tomo um submarino especial e vou à mais profunda parte do oceano, ainda lá Deus me rodeará”. “Se montasse meu acampamento na mais remota ilha ou na Antárctica, ainda lá poderia contar com a ajuda, amparo e sustento de Deus”.
Em nenhum lugar do universo podemos ficar ausentes do Espírito, nem ele ficar longe de nós. O Espírito não toma conhecimento da presença da matéria. Mary Baker Eddy escreveu em Ciência e Saúde que a “...matéria desaparece sob o microscópio do Espírito” (p. 264). Somos o reflexo do Espírito. Contudo, o Espírito não é limitado ao corpo físico, não está preso às formas físicas, nem à forma como se manifesta.
Tal qual Davi, por meio do sentido espiritual, cada pessoa pode buscar o conhecimento metafísico e sentir o enlevo de tal revelação: “Esse conhecimento é maravilhoso demais...”.
Há pouco tempo, meu irmão me lembrou de uma experiência que tive, quando freqüentava uma escola militar de formação de oficiais da reserva em Porto Alegre, onde então residia. Ele me contou a respeito de uma marcha de treinamento de 20 quilômetros, ocorrida em um dia em que não me sentia muito bem: “Não me lembro quantos quilos pesava a mochila e o fuzil que cada um de vocês tinha de carregar. Mas sei que você foi orando todo o percurso. Eu também estava orando por você”, disse-me meu irmão. Ele ainda comentou que à noite, após o meu retorno da marcha, eu lhe contei: “Olha mano, foi difícil; os quilômetros pareciam se multiplicar à medida que caminhávamos. Havia um caminhão para apanhar aqueles que não agüentassem, os retardatários e os que desistiam da prova. Eu, porém, não desisti. Sentia a presença de Deus à medida que persistia na oração. Não fui um dos primeiros a concluir a prova que terminava no quartel, mas também não fui um dos últimos”.
Em nenhum lugar do universo podemos ficar ausentes do Espírito, nem ele ficar longe de nós.
Meu irmão me disse que também se sentia feliz por eu ter conseguido cumprir o dever por meio de minha fé, perseverança e confiança em Deus. Para mim, esse é um exemplo de como podemos confiar no poder divino, em todos os momentos, e cumprir nossas tarefas.
A presença de Deus inclui e irradia todas as qualidades e atributos da criação divina. Como é bom saber que essa presença protegeu Davi e a mim, e que hoje e sempre ampara a todos os que mantêm a consciência focada em Deus!
