18:10-11 Então, Simão Pedro puxou da espada que trazia e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita; e o nome do servo era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: Mete a espada na bainha; não beberei, porventura, o cálice que o Pai me deu?
Jesus repreendeu a coragem humana e o ressentimento de Pedro, cuja impetuosidade e vaidade já haviam sido censuradas pelo Mestre. Ele já havia previsto que Pedro o negaria três vezes (ver João 18:17, 25, 27) como conseqüência de suas falhas de caráter não remidas.
Ao dizer a Pedro que metesse a espada na bainha, Jesus asseverou que as verdadeiras armas são as do Espírito: oração, mansidão, perdão, sabedoria, domínio próprio. Mary Baker Eddy confirma isso no Manual da Igreja Mãe: “Nem a animosidade nem o afeto puramente pessoal devem ditar os motivos e os atos dos membros de A Igreja Mãe. Na Ciência só o Amor divino governa o homem...” (p. 40).
18:12-14 Assim, a escolta, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus, manietaram-no e o conduziram primeiramente a Anás; pois era sogro de Caifás, sumo sacerdote naquele ano. Ora, Caifás era quem havia declarado aos judeus ser conveniente morrer um homem pelo povo.
Jesus é imobilizado e preso. Foi enviado à presença de Anás, que não desempenhava a função de sumo sacerdote havia mais de uma década antes de começar o ministério de Jesus, mas ainda era influente e sogro do sumo sacerdote daquele momento.
O fato de, no versículo 13, Caifás ser chamado de sumo sacerdote “naquele ano” mostra certa incoerência, visto que tal cargo não era designado anualmente.
18:15-16 Simão Pedro e outro discípulo seguiam a Jesus. Sendo este discípulo conhecido do sumo sacerdote, entrou para o pátio deste com Jesus. Pedro, porém, ficou de fora, junto à porta. Saindo, pois, o outro discípulo, que era conhecido do sumo sacerdote, falou com a encarregada da porta e levou a Pedro para dentro.
O outro discípulo, possivelmente João, filho de família influente, foi reconhecido na entrada da casa do sumo sacerdote e nela entrou sem dificuldade. Ele vê Pedro do lado de fora e concorda em levá-lo para dentro.
18:17-18: Então, a criada, encarregada da porta, perguntou a Pedro: Não és tu também um dos discípulos deste homem? Não sou, respondeu ele. Ora, os servos e os guardas estavam ali, tendo acendido um braseiro, por causa do frio, e aquentavam-se. Pedro estava no meio deles, aquentando-se também.
O mais orgulhoso dos discípulos e que enaltecia tanto sua lealdade a Jesus, estava assustado a ponto de negar o Mestre diante de uma criada. Esse incidente foi o começo do conflito de Pedro. Levado pelo medo e pelo próprio ímpeto, ele ainda nega Jesus duas vezes mais, até se dar conta de seus atos e se arrepender. O Evangelho de João não menciona que Pedro chorou depois de cair em si (ver Marcos 14:72).
18:19-21 Então, o sumo sacerdote interrogou a Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Declarou-lhe Jesus: Eu tenho falado francamente ao mundo; ensinei continuamente tanto nas sinagogas como no templo, onde todos os judeus se reúnem, e nada disse em oculto. Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que lhes falei; bem sabem eles o que eu disse.
Jesus manteve a calma na presença de Anás, mesmo diante do perigo. Em sua resposta aos questionamentos de Anás, ele mostrou seu amor aos discípulos, pois os preservou, e revelou que as artimanhas do saber humano caem perante a sabedoria da Mente.
18:22-23 Dizendo ele isto, um dos guardas que ali estavam deu uma bofetada em Jesus, dizendo: É assim que falas ao sumo sacerdote? Replicou-lhe Jesus: Se falei mal, dá testemunho do mal; mas, se falei bem, por que me feres?
O Mestre não perde o controle diante do ultraje do guarda, fruto do culto à personalidade do sumo sacerdote. A maneira calma como responde mostra que Jesus vivia o que ensinava, o perdão incondicional, mesmo face a repetidos insultos, injustiças e lesões.
18:24 Então, Anás o enviou, manietado, à presença de Caifás, o sumo sacerdote.
Jesus foi enviado a Caifás porque somente o sumo sacerdote tinha o poder de mandá-lo às autoridades romanas para julgamento.
18:25-27 Lá estava Simão Pedro, aquentando-se. Perguntaram-lhe, pois: És tu, porventura, um dos discípulos dele? Ele negou e disse: Não sou. Um dos servos do sumo sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha decepado a orelha, perguntou: Não te vi eu no jardim com ele? De novo, Pedro o negou, e, no mesmo instante, cantou o galo.
Ao permanecer “aquentando-se”, Pedro quase foi reconhecido. Ele negou Jesus pela segunda vez, mas ao negar o Mestre pela terceira vez, sua natureza mortal foi sacudida para que a espiritual e genuína aparecesse. Afinal, quando canta, o galo anuncia a chegada do dia. No glossário de Ciência e Saúde, a definição de dia diz: “A irradiação da Vida; luz; a idéia espiritual da Verdade e do Amor” (p. 584). Portanto, para mim, o versículo 27 representa o fim da noite, ou seja, a purificação da dúvida e do medo na consciência de Pedro. Esse fato confirma a previsão de Jesus, quando diz a Pedro: “Antes que duas vezes cante o galo, tu me negarás três vezes” (Marcos 14:72).
Bibliografia:
Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, Mary Baker Eddy, 1990, The Christian Science Publishing Society, Boston, MA, EUA; Bíblia Sagrada, João Ferreira de Almeida, 2001, 2a edição revista e atualizada, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP, Brasil; Bíblia de Estudo de Genebra, 1999, Sociedade Bíblica do Brasil, Barueri, SP, Brasil; La Primera lglesia de Cristo, Científico y Miscelánea, Mary Baker Eddy, 2007, The Christian Science Board of Directors [La Junta Directiva de la Ciencia Cristiana], Boston, MA, EUA; Dicionário Bíblico Universal, 1981, segunda edição por Rev. A.R.Buckland, M.A., Editora Vida, Brasil; Manual de A Primeira Igreja de Cristo, Cientista, Mary Baker Eddy, 1981, The Christian Science Board of Directors [O Conselho de Diretores da Ciência Cristã], Boston, Massachusetts, USA; The Interpreter's Bible, volume VIII, Abdingdon Press, Nashville, Tennessee, USA; Harper's Bible Commentary, Harper-Collins Publishers, New York, NY, USA.
