Durante os dez anos em que Keith Wommack tocou em sua banda de rock “The Wommack Brothers Band”, ele nunca viajou sem levar sua Bíblia e os escritos de Mary Baker Eddy. Sua banda dividiu o palco com outros artistas famosos, tais como: Steve Ray Vaughan, Elvis Costello e Journey. Keith adorava música e ainda curte muito. Contudo, aos poucos ele começou a trocar horas dedicadas à prática de guitarra e composição de canções, por horas de leitura, estudo e ponderação sobre idéias espirituais. Ele começou a curar outras pessoas com o que estava aprendendo. Quando deixou a banda em 1982, entrou imediatamente para o ministério de cura da Ciência Cristã. “Descobri que canções podem aliviar ou elevar o pensamento por algum tempo”, diz Keith, “mas somente a compreensão espiritual pode verdadeiramente curar”.
Keith se casou dez anos mais tarde e se tornou o padrasto dos dois filhos de sua esposa, Jarrod e Jordan. Foi treinador da Pequena Liga de Beisebol, assistente do chefe de escoteiros e ensinou xadrez; durante 15 anos Keith participou ativamente da vida de seus dois filhos, até ingressarem na universidade. Keith está na Prática Pública da Ciência Cristã há 25 anos, se tornou Professor de Ciência Cristã há 14 e Conferencista da Ciência Cristã há sete anos. Ele e sua esposa, Joanne, vivem em Corpus Christi, no Texas, Estados Unidos.
Recentemente, Keith e Escritor Sénior do The Christian Science Journal, conversaram por e-mail. Publicamos nesta edição do Arauto a segunda parte da conversa.
JH: Tenho lido que aproximadamente uma entre seis pessoas sofrem de alguma dor crônica ou recorrente. A revista “Time” publicou uma reportagem desanimadora: “Estudos sugerem que em média metade da população com dor crônica ou recorrente, simplesmente não consegue encontrar uma solução adequada” (“The Right (and Wrong) Way to Treat Pain” [“A maneira certa (e errada) de tratar a dor”], por Cláudia Wallis, 20 de fevereiro de 2005). Esse fato é lamentável porque, como eu e você sabemos, a Ciência Cristã de fato oferece uma boa solução, livre de efeitos colaterais. Contudo, pouquíssimas pessoas se beneficiam dela neste momento, porque, falando de forma relativa, a Ciência Cristã ainda não é muito conhecida. Teoricamente, um dia isso mudará. Mas, o que você quer dizer quando diz: “a dor simplesmente desapareceu”? O que aconteceu? A forma como você avaliou a situação foi uma forma de oração. Mas, como a oração afeta o corpo?
KW: Como um sanador da Ciência Cristã, começo com a premissa metafísica de que o espírito-Cristo, ativo na consciência humana, silencia concepções equivocadas responsáveis pela dor. Da mesma forma, essa premissa modela nossa experiência de forma tangível e assim vivenciamos o alívio da dor.
Veja, Deus não nos criou imperfeitos ou inadequados e nos colocou para lutar em um campo de batalha como perdedores contra a dor. Deus nos equipou com autoridade espiritual para fazermos o que Ciência e Saúde exige: “Bane a crença na possibilidade de abrigares ainda que seja uma só dor intrusa que não possa ser expulsa pelo poder da Mente ...” (p. 391).
Essa frase nos dá uma boa indicação de como a oração afeta o corpo. A oração, que pode ser sob a forma de banir uma falsa crença sobre nós mesmos, afeta o corpo porque a natureza essencial da realidade é pensamento. Embora pareça o contrário, o universo consiste mais de uma estrutura mental ou consciência do que de uma máquina física. Dessemelhante de uma máquina, a estrutura do pensamento humano é capaz de mudar. Deus, a Mente divina, não muda. É nosso pensamento, nosso conceito humano sobre a realidade, que muda. A oração, com a inspiração e o poder de Deus a sustentá-la, muda o pensamento como nada mais pode fazê-lo.
“A palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.” (Hebreus 4:12)
Simplificando, podemos dizer que a oração muda o pensamento, que, por sua vez, cura e restaura o corpo. Nenhum problema é inatingível porque somente o pensamento precisa ser tocado. Quando oramos, o Cristo, o poder e a presença sanadoras de Deus, alcança todos os cantos do pensamento, por assim dizer, e o transforma, permitindo que a mente humana se renda e ceda à Mente divina. O meda, o estresse, a dor, as trevas da mente humana, não podem se esconder do esplendor e da saúde da Mente.
A Epístola aos Hebreus, na Bíblia, diz que: “a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração” (4:12). Gosto disso. A oração é a forma como a Palavra de Deus muda o pensamento. A oração nos permite compreender como Deus nos criou espiritualmente e nos mantém perfeitamente.
Estou aprendendo a ver a matéria, não como uma substância real da qual tenho de me livrar ou mudar, mas apenas como um estado sólido do pensamento mortal, que finalmente se desvanece quando percebo que a Vida e a Mente são divinas, ou seja, Deus. Quanto mais reconhecermos a natureza espiritual da substância e da consciência, menos pensaremos de maneira materialista. Nosso corpo, então, fica subordinado à nossa compreensão espiritual e, à medida que isso ocorre, começamos a vivenciar a regulagem natural e harmoniosa do corpo e de suas funções.
JH: O que você está realmente dizendo aponta para uma premissa básica da Ciência Cristã: a irrealidade da dor e da doença. Inúmeras pessoas têm dificuldade em aceitar essa premissa. O que você diria a um cético, sobre isso?
KW: Começaria indicando estas linhas no capítulo “A Prática da Ciência Cristã”, em Ciência e Saúde: “É tratamento mental errôneo fazer da doença uma realidade — considerá-la como algo que se vê e se sente — e depois tentar curá-la pela Mente. Não é menos errôneo acreditar na existência real de um tumor, de um câncer, ou de pulmões afetados, enquanto argumentas contra sua realidade, do que teu paciente sentir esses males segundo a crença física. A prática mental, que considera a moléstia uma realidade, fixa a doença ao paciente, e esta talvez apareça sob uma forma mais alarmante” (p. 395).
Sim, a descoberta de Mary Baker Eddy de que a doença é ontologicamente, e, portanto, demonstravelmente, irreal, é radical. Contudo, temos de ser absolutos e radicais, se quisermos ser eficazes. Não podemos anular a doença, enquanto acreditamos que ela existe. Não podemos expulsar a dor, enquanto aceitamos que é transmitida de um nervo para o cérebro.
JH: Toda doença, dor ou discórdia de qualquer tipo, é o resultado de uma percepção equivocada da realidade, certo?
KW: Exatamente. O erro é uma sugestão hipnótica. Um amigo meu assistiu à apresentação de um hipnotizador em um show na Itália. Um homem da platéia foi hipnotizado e o hipnotizador fez com que acreditasse que estava comendo bananas. As pessoas na platéia viam que ele estava comendo velas. Depois da sexta banana, o homem se divertia e parecia que ia comer outra banana. O público começou a ficar zangado, pois temia pela saúde do homem. Eles achavam que a cera não ia lhe fazer bem. Como a platéia se rebelasse, o hipnotizador despertou o homem do transe hipnótico e lhe disse: “Você pensou que estivesse comendo bananas”. Apontando para a platéia, disse: “Vocês viram que ele estava comendo velas”. Então, dirigindo-se a todos, explicou: “Ele não estava comendo nada”. Ora, o hipnotizador havia hipnotizado toda a platéia também!
Todo problema que talvez tenhamos de enfrentar é tão irreal quanto as bananas e as velas. Não importa se é um hipnotismo individual ou um hipnotismo coletivo que estejamos enfrentando, aprendi que podemos orar destemidamente e romper o fascínio. O medo, que governa cada caso, está no mesmo nível da crença de que a doença é real e necessária. Quanto menos a matéria e a doença parecerem reais para mim, menos o medo controlará os meus tratamentos pela oração. Portanto, mais certa a cura será.
JH: A saúde se equipara a um estado espiritual do pensamento ou da consciência.
KW: Sim! A prática da cura é lidar com o que está na consciência. Uma vez que a Mente é consciência, posso confiar em que a dor, a carência e o medo nunca podem estar nem na minha nem na consciência de ninguém. Portanto, a dor, a carência e o medo não podem estar no pensamento ou ser vivenciados.
JH: Vamos examinar esse ponto um pouco mais. Quando você aceita um caso, o que você faz? O que diz ao paciente?
KW: Há alguns meses, recebi um e-mail de um homem que descobrira a Ciência Cristã este ano na Internet. Ele havia comprado o livro Ciência e Saúde no site spirituality.com, estava lendo-o e desejava conversar com alguém sobre o livro. Ele era psicoterapeuta infantil e trabalhava com filhos de imigrantes ilegais.
Marcamos um encontro em uma livraria e foi muito gratificante. Ele compartilhou comigo sua jornada espiritual. Havia estudado muitas filosofias e religiões e estava entusiasmado por ter encontrado a Ciência Cristã. Conversamos sobre a natureza divina do homem e a praticidade da oração. Foi uma alegria ouvi-lo e compartilhar com ele o que tenho descoberto na Ciência Cristã.
Há algumas semanas, ele entrou novamente em contato comigo, porque estava com um problema físico. Contou-me que havia orado e declarado para si mesmo verdades espirituais, e que se sentia melhor, até o momento em que conversou com um amigo. Esse amigo havia sofrido dos mesmos sintomas e lhe disse que havia acabado de voltar do médico e que o diagnóstico havia sido o de pneumonia galopante. Assim que ouviu o diagnostico do amigo, começou a sentir-se muito mal.
Conversamos durante alguns minutos e eu lhe disse que oraria com ele. Afirmei silenciosamente a liberdade absoluta do homem como a auto-expressão de Deus. O homem de Deus está sempre livre do medo e do sofrimento. Fui então levado a mentalmente falar de forma direta com o mal. Declarei: “Você é nada e eu sei disso. Você não pode enganar a ninguém, nem fazer com que acreditem que a matéria faça parte da saúde ou que possa interferir nela. Vá embora. Você não tem nenhum controle sobre o pensamento deste homem ou de qualquer outra pessoa, em nenhum lugar. Deus governa o seu ser inteiro. Meu reconhecimento desse fato é uma lei de aniquilamento a tudo o que você tenta sugerir ou insinuar”.
Meu paciente me enviou um e-mail no dia seguinte, dizendo: “Estou feliz em dizer que não tenho mais nenhum sinal do problema respiratório. Na noite passada, realmente me concentrei no que você disse sobre haver um único diagnóstico, aquele que provém de Deus. Veio-me ao pensamento o relato das Escrituras de quando Jesus foi batizado e uma voz dos céus disse: “Este é o meu filho amado, em quem me comprazo” (Mateus 3:17). Também pesquisei os Salmos e me deparei com este trecho: “Quão grandes, Senhor, são as tuas obras”! (Salmo 92:5). Raciocinei que todas as obras de Deus são grandiosas, portanto, como poderia uma bactéria pneumocócica ser grandiosa?
Sabia que meu tratamento estava em linha com o que tanto eu como aquele homem sabíamos a respeito da natureza da realidade e das leis de Deus sobre a saúde e o bem-estar. O e-mail desse homem terminou com esta confirmação a respeito de tudo sobre o que nós dois havíamos orado: “Permaneci com aquele pensamento e comecei a repetir o diagnóstico real, ou seja, de que sou o filho amado de Deus. Também repeti a exposição científica do ser (ver Ciência e Saúde, p. 468) umas dez vezes, e expresso minha gratidão pela compreensão da Ciência divina. Dormi muito bem a noite passada e fiquei surpreso ao acordar e não me sentir 'doente'. Essa é, sem dúvida, uma demonstração surpreendente”!
